Cartas da prisão

olhares sobre a escrita dos presos e reflexões sobre a política criminal

Autores

  • João Victor Maciel de Almeida Aquino Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
  • Wellington Oliveira de Souza dos Anjos Costa Universidade de São Paulo (USP)
  • Mariana Coelho Prado CEI Acadêmico

Palavras-chave:

Cartas, Política Criminal, Acesso à justiça, Educação em Direitos

Resumo

O presente artigo tem como objeto de estudo as cartas das pessoas presas, documentos que simbolizam um dos meios de comunicação utilizado pelas pessoas presas e também contém a narrativa e memória da vida no cárcere. A partir desse objeto, o artigo pretende analisar como, através da leitura das cartas, e relacionando o seu conteúdo às necessidades emergentes dos encarcerados e às necessidades do próprio sistema, e da relação entre o Estado, em suas funções penais, e os indivíduos encarcerados, avaliando as possíveis contribuições ao Direito que venham a surgir a partir da prática analítica de tais missivas. A metodologia utilizada para o artigo foi a pesquisa empírica, que partiu da análise das cartas, cotejando o seu conteúdo de forma qualitativa e, a partir desse exercício, foram levantadas as principais correlações com aspectos do Direito, por meio da análise do discurso, tendo como premissa a capacidade de os elementos trazidos nestas cartas poderem contribuir na construção e fomento de políticas públicas na seara carcerária, consolidando a efetivação do acesso à justiça a partir do direito à petição e à comunicação da população presa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

João Victor Maciel de Almeida Aquino, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Advogado atuante na área de Direito do Trabalho e Direito Previdenciário. Mestrando em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (PPGD/UFMS). Graduado em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Atua nas áreas de Direitos Humanos e Direito do Trabalho, possuindo produção na área de Migração, Integração Regional, Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho. Membro do Grupo de Pesquisa "Direitos Humanos Sociais". Orientador no projeto Laboratório de Ciências Criminais do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM).

Wellington Oliveira de Souza dos Anjos Costa, Universidade de São Paulo (USP)

Pós-doutorando em Direito pela Universidade de São Paulo - campus Ribeirão Preto. Doutor em Direito pela Universidade de São Paulo - USP - linha de pesquisa em Direito do Estado. Mestre em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS - Área de Concentração em Direitos Humanos e Linha de pesquisa em Direitos Fundamentais, Democracia e Desenvolvimento Sustentável. Especialista em Gestão Pública na Administração Pública pela mesma Universidade, Especialista em Direito Processual Civil com ênfase em Responsabilidade Civil pela Escola de Direito de Campo Grande - EDCG e Especialista em Educação em Direitos Humanos também pela UFMS. Graduado em Direito pela mesma Universidade.

Mariana Coelho Prado, CEI Acadêmico

Pós graduanda em Direitos Humanos (CEI Acadêmico), Pós graduanda em Direito Antidiscriminatório (Meu Curso), bacharel em Direito pela FAAP-SP, estagiária na Defensoria Pública, pesquisadora no Núcleo de Pena e Execução Penal da Universidade de São Paulo (NPEPEP), no Grupo de Estudos Constitucionais da FGV, participante do Programa de Produção Acadêmica, educadora em cursinhos populares e ativista social em Direitos Humanos na TETO, no IYD Brasil, no Jovens Sem Fronteiras.

Referências

ALMEIDA, Bruno Rotta; CACICEDO, PATRICK. Do silêncio das vozes às vozes contra o silêncio: Por uma necessária crítica da pena e suas consequências em tempo de Coronavírus. No prelo.

BORGHI, Arthur Telles. A ANÁLISE DE DISCURSO COMO INSTRUMENTO DE CRIMINOLOGIA CRÍTICA. Pesquisa de Iniciação Científica Mídia e inversão punitiva: a criminalização da cifra dourada e os discursos midiáticos sobre corrupção. Departamento de Direito Penal, Medicina Forense e Criminologia da Faculdade de Direito da USP, sob orientação da Profª. elena Lobo da Costa. Dezembro de 2021. Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasília; 20ª edição.

BRAGA, Ana Gabriela Mendes. Reintegração social: discursos e práticas de prisão - um estudo comparado.Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. 2012. Disponível em:

https://teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2136/tde-07062013-140255/publico/VERSAO_SIMPLIFICADA_tese_Ana_Gabriela_Braga.pdf

Brasil se mantém como 3º país com maior população carcerária do mundo. 18.02.2020. Conectas Direitos Humanos. Disponível em:

https://www.conectas.org/noticias/brasil-se-mantem-como-3o-pais-com-a-maior-populacao-carceraria-do-mundo/

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADIs 4.357-QO/DF e 4.425-QO/DF. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=9016259>.

CALDEIRA, Teresa P.R. Cidades de muros. Crime, segregação e violência em São Paulo. 2ª ed. São Paulo: Edusp, Editora 34,2003.

CALIL, M. L. G. A política criminal como política pública: a (re) construção da dogmática penal a partir da “ciência conjunta do direito penal”. Revista do Instituto de Direito Constitucional e Cidadania, [S. l.], v. 3, n. 2, p. 93-110, 2020. Disponível em: https://revistadoidcc.com.br/index.php/revista/article/view/39. Acesso em: 31 jul. 2022.

CAPPELLETTI, Mauro. Acesso à justiça. Porto Alegre, Fabris, 1988.

CNJ. Índice de acesso à justiça. Brasília, 2021.

CORREA, Suzana. Presídios de SP têm alta no envio e recebimento de cartas durante quarentena. O Globo. 2020. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/epoca/sociedade/presidios-de-sp-tem-alta-no-envio-recebimento-de-cartas-durante-quarentena-24586197> Acesso em 18.01.2022.

DPE/SP. GLOSSÁRIO SISTEMA CARCERÁRIO E INSPEÇÕES PRISIONAIS. NPEPEP USP. Núcleo de Pesquisa e Extensão sobre a Pena e Execução Penal da USP. 2021.

DPE/SP. Portal institucional da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Disponível em: https://www.defensoria.sp.def.br/dpesp/Default.aspx?idPagina=3016.Acesso em 15.12.2021.

ELIAS, Gabriel Santos; BORGES, Samuel Silva. Entre o populismo e o elitismo penal: os desafios de fazer política criminal. Boletim IBCCRIM [S.L.], ano 27, nº 319, p. 13-15, 2019. Disponível em: https://www.academia.edu/39438346/Entre_o_Populismo_e_o_Elitismo_Penal_Os_Desafios_de_Fazer_Pol%C3%ADtica_Criminal_2019_Boletim_IBCCrim. Acesso em: 31 jul. 2022.

EVARISTO, Conceição. Olhos d´agua. Rio de Janeiro: Pallas: Fundação Biblioteca Nacional, 2015. p.99-109.

FERREIRA, Carolina Costa. O Estudo De Impacto Legislativo Como Estratégia De Enfrentamento A Discursos Punitivos Na Execução Penal. Universidade de Brasília Faculdade de Direito. Programa de Pós-Graduação em Direito. Doutorado. Tese de Doutorado. 2016.

FLAUZINA, Ana; PIRES, Thula. Cartas do Cárcere: horizontes de resistência política. Revista Direito e Práxis, Rio de Janeiro, vol. 10, n.03, 2019, p. 2117-2136.

GONZÁLEZ GUARDA, C. La política criminal aplicada (PCA): La deriva de la política criminal hacia la política pública. Nuevo Foro Penal, [S. l.], v. 13, n. 88, p. 185–216, 2017. Disponível em: https://publicaciones.eafit.edu.co/index.php/nuevo-foro-penal/article/view/4755. Acesso em: 31 jul. 2022.

GUSTIN, DIAS e NICÁCIO. (Re)Pensando a pesquisa jurídica. Teoria e prática. 5ª ed, 2020, p.90 e ss. Belo Horizonte: Del Rey.

HAUSER, Ester Eliana. Política Criminal. Disponível em: https://bibliodigital.unijui.edu.br:8443/xmlui/bitstream/handle/123456789/2752/Pol%C3%ADtica%20Criminal.pdf?sequence=1. Acesso em: 31 jul. 2022.

ICPS. International Centre for Prision Studies, Highest to Lowest. Londres. University of London. Londres. University of London.. Disponível em: Disponível em: https://www.prisionstudies.org/highest-to-lowest. Acesso em: 19 jan. 2022.

DEPEN. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Disponível em: https://www.gov.br/depen/pt-br/servicos/sisdepen. Acesso em: 25 dez. 2022.

LIMA, Kleverson Teodoro de. Cartas, História e Linguagem. Revista de Teoria da História Ano 1, Número 3, junho/ 2010 Universidade Federal de Goiás ISSN: 2175-5892.

ORLANDI, E. P.. Análise do Discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2005.

RAMOS, Hellen Cristina do Lago; CAPUANO, Tamara de Padua. O acesso à justiça e a Defensoria Pública sob a perspectiva do mínimo existencial. Cadernos da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. São Paulo, n.4, p. 26-42, jul 2017.

SILVA, Vera Lucia da; SILVEIRA, Juliana da. À margem: escrita de exceção em cartas controladas pelo estado. Maringá, v. 35, n.1, p.171-178. Apr-June, 2013.

Downloads

Publicado

28.12.2022

Como Citar

MACIEL DE ALMEIDA AQUINO, João Victor; OLIVEIRA DE SOUZA DOS ANJOS COSTA, Wellington; COELHO PRADO, Mariana. Cartas da prisão: olhares sobre a escrita dos presos e reflexões sobre a política criminal. Revista Latino-Americana de Criminologia, [S. l.], v. 2, n. 02, p. 210–242, 2022. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/relac/article/view/44473. Acesso em: 3 maio. 2024.