O PAPEL DAS REIVINDICAÇÕES HISTÓRICAS DE SOBERANIA SOBRE AS ÓRBITAS GEOESTACIONÁRIAS NA CONSTRUÇÃO DE UMA LEGISLAÇÃO MAIS EQUITATIVA DE ACESSO AO ESPAÇO

Autores

  • Eduardo Vasconcelos da Silva Junior Universidade Federal de Pernambuco

Palavras-chave:

Direito Espacial, órbitas geoestacionárias, soberania, neoinstitucionalismo, União Internacional de Telecomunicações

Resumo

A crescente busca pela exploração rentável do espaço tem contribuído para a ocupação das faixas geoestacionárias da órbita terrestre, sobretudo pelo sistema de telecomunicações. No entanto, essa exploração vem ocorrendo de maneira desigual entre os países com maior poder aquisitivo e aqueles de menor desenvolvimento tecnológico no âmbito aeroespacial. Esse desequilíbrio levou a uma reação dos países equatoriais no intuito de reivindicar soberania e direitos sobre a região geoestacionária, tendo em vista a crescente monopolização da região pelos poucos países que detinham tecnologia aeroespacial para tal. Nesse sentido, o artigo busca expor os motivos que levaram à pretensão jurídica de exercício de soberania por parte dos países equatoriais e quais as consequências legislativas dessa reivindicação, de modo a analisar a mudança histórica do comportamento institucional dentro do Direito Espacial. Para tanto, utiliza-se do referencial teórico do neoinstitucionalismo desenvolvido por Douglass North, Hall e Taylor a fim de investigar a reconfiguração da legislação de acesso às órbitas geoestacionárias a partir do comportamento das instituições informais e formais. Como resultado, denotase que, embora os mecanismos de reivindicação de soberania não tenham se consubstanciado integralmente devido à ausência de efetividade e capacidade jurisdicional, eles foram responsáveis por pressionar por uma regulamentação mais justa e igualitária, principalmente no âmbito da União Internacional de Telecomunicações, no intento de assegurar o direito de acesso e uso aos países que ainda não detêm o arsenal tecnológico e econômico para tal. Observa-se, ainda, a existência de três fases de comportamento neoinstitucional histórico da relação jurídica com as órbitas geoestacionárias, quais sejam, a ocupação centrípeta, a disrupção histórica e a equidade formal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Eduardo Vasconcelos da Silva Junior, Universidade Federal de Pernambuco

Bacharelando em Direito pela Faculdade de Direito do Recife (Universidade Federal de Pernambuco). Integrante do Grupo de Pesquisa AsaBranca Aerospace e cofundador do Grupo de Pesquisa em Direito Espacial Astrolegis, ambos vinculados à Universidade Federal de Pernambuco. Recife, Pernambuco.

Referências

AGAMA, F. O. Effects of the Bogota Declaration on the legal status of geostationary orbit in international space law. Nnamdi Azikiwe University Journal of International Law and Jurisprudence, v. 8, n. 1, p. 24-34, 2017.

ASAMBLEA CONSTITUYENTE. Constitución de la República del Ecuador. Disponível em: https://www.wipo.int/edocs/lexdocs/laws/es/ec/ec030es.pdf. Acesso em: 07 maio 2021.

BALSECA VACA, A. F.. Los derechos espaciales del Ecuador en el marco de los tratados de uso del espacio ultraterrestre. Trabalho de Conclusão de Curso - Pontificia Universidad Católica del Ecuador. 2015.

BITTENCOURT NETO, O. de O. Limite vertical à soberania dos Estados: fronteira entre espaço aéreo e ultraterrestre. 2018. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

CHENG, B. Studies on International Space Law. Oxford, Inglaterra: Clarendon PR, 1998.

DA SILVA, L. G. M. et al. O (Re)Desenho Institucional do Pacto Federativo Diante da Covid- 19: Arranjos Institucionais no Contexto da MP 926/2020. Direito Público, v. 17, n. 96, 2020.

HALL, P. A.; TAYLOR, R. C. R. As três versões do neo-institucionalismo. Lua Nova: revista de cultura e política, n. 58, p. 193-223, 2003.

INTERNATIONAL TELECOMMUNICATION UNION. Membership. Disponível em: https://www.itu.int/en/myitu/membership. Acesso em: 30 jul. 2021.

JAPAN AEROSPACE EXPLORATION AGENCY. Declaration of the First Meeting of Equatorial Countries. 1976. Disponível em: https://www.jaxa.jp/library/space_law/chapter_2/2-2-1-2_e.html. Acesso em: 03 maio 2021.

JELLINEK, G. Teoría General del Estado. México: FCE, 2000.

JERVES GARCÍA, D. Derechos del Ecuador en la órbita geoestacionaria y en la Antartida. Trabalho de Conclusão de Curso - Universidad del Azuay. 2011.

KEALOTSWE, I. Do the principles of the ITU realize the outer space treaty’s concept of equity?. Tese de Doutorado - University of Pretoria. 2014.

LA REPUBLICA DE COLOMBIA. Constitucion Politica de Colombia 1991. Disponível em: https://pdba.georgetown.edu/Constitutions/Colombia/colombia91.pdf. Acesso em: 07 maio 2021.

MONSERRAT FILHO, J. Introdução ao Direito Espacial, Sociedade Brasileira de Direito Aeroespacial. Rio de Janeiro, 1998.

MOTA, F. A. S.; HINCKEL, J. N. Estudo do desempenho dos diferentes sistemas propulsivos para a transferência de um satélite para uma órbita geoestacionária. Proceeding Series of the Brazilian Society of Computational and Applied Mathematics, v. 1, n. 1, 2013.

NÓBREGA, F. F. B. Entre o Brasil formal e o Brasil real: Ministério Público no Brasil, instituição para o fortalecimento do Estado de Direito?. 2007. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco.

NÓBREGA, F. F. B. Teoria Política e do Estado: Livro Texto. 1. Ed. Recife. UFPE, 2018.

NORTH, D. Institutions, Institutional Change and Economic performance. 22. ed. New York: Cambridge University Press, 2006.

ORTIZ, J. A. B. (2008). A survey of Colombia’s new outer space policy: Reforms in Colombian law. Acta Astronautica, n. 63, p. 560–563.

SANTANA, D. N.; LIENDO, L. J. Relações internacionais e Direito Espacial no século xxi: mudanças normativas e institucionais em fase de incubação. Instituto de Pesquisa de Relações internacionais, v. 3, n. 6, 2017.

SCHROEDER, W. J.; AVELLA, G. J. LA ORBITA GEOESTACIONARIA: UNA REIVINDICACION DESDE LA CONSTITUCION POL. Pensamiento Jurídico, n. 15, 2002.

SHAW, M. N. International Law. Cambridge, Inglaterra: Cambridge University Press, 2003.

UNION OF CONCERNED SCIENTISTS . UCS Satellite Database. Disponível em: https://www.ucsusa.org/resources/satellite-database#:~:text=Assembled%20by%20experts%20at%20the,currently%20in%20orbit%20around%20Earth. Acesso em: 01 maio 2022.

TARJANNE, P. The Cooperative Uses of Satellite Orbital Slots. Via Satellite, 1993.

TRATADO sobre Exploração e Uso do Espaço Cósmico. 17 de abril de 1969. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/D64362.html. Acesso em: 02 de maio de 2022.

UNITED NATIONS ORGANIZATION. Permanent sovereignty over natural resources of developing countries and expansion of domestic sources of accumulation for economic development. 1970. Disponível em: https://digitallibrary.un.org/record/201876?ln=en. Acesso em: 03 maio 2021.

UNITED NATIONS ORGANIZATION. UNITED NATIONS GENERAL ASSEMBLY RESOLUTION 3281 (XXIX): CHARTER OF ECONOMIC RIGHTS AND DUTIES OF STATES. 1974. Disponível em: https://investmentpolicy.unctad.org/international-investment-agreements/treaty-files/2778/download. Acesso em: 04 maio 2021.

UNITED NATIONS OFFICE FOR OUTER SPACE AFFAIRS. Report of the second United Nations Conference on the exploration and peaceful uses of outer space. Disponível em: https://www.unoosa.org/res/oosadoc/data/documents/1982/aconf/aconf_10110_0_

html/A_CONF101_10E.pdf. Acesso em: 02 jun. 2021.

U.S DEPARTMENT STATE (org.). Treaty on Principles Governing the Activities of States in the Exploration and Use of Outer Space, Including the Moon and Other Celestial Bodies. Disponível em: https://2009-2017.state.gov/t/isn/5181.htm. Acesso em: 06 maio

VELÁZQUEZ ELIZARRARÁS, J. C. El derecho del espacio ultraterrestre en tiempos decisivos: ¿estatalidad, monopolización o universalidad?. Anuario Mexicano de Derecho Internacional, v. XIII, p. 583 ‑638, 2013.

VON DER DUNK, F. (Ed.). Handbook of space law. Edward Elgar Publishing, Cheltenham, Northampton, 2015.

Downloads

Publicado

18-11-2024

Como Citar

VASCONCELOS DA SILVA JUNIOR, Eduardo. O PAPEL DAS REIVINDICAÇÕES HISTÓRICAS DE SOBERANIA SOBRE AS ÓRBITAS GEOESTACIONÁRIAS NA CONSTRUÇÃO DE UMA LEGISLAÇÃO MAIS EQUITATIVA DE ACESSO AO ESPAÇO. Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasília, [S. l.], v. 21, n. 1, p. 111–137, 2024. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/redunb/article/view/45078. Acesso em: 21 dez. 2024.