Um exercício de fabulação crítica
mulheres negras na “Améfrica Transatlântica” e a transformação das vestes e adornos coloniais-imperiais-escravistas em posturas contra-hegemônicas
DOI:
https://doi.org/10.26512/museologia.v14i27.57530Palavras-chave:
Fabulação crítica; biografia; reparação museal; mentalidade escravista.Resumo
Este texto apresenta um exercício de fabulação crítica, ao ficcionar a biografia de uma baiana de acarajé entrelaçada a histórias e memórias de mulheres negras na Améfrica transatlântica. O texto destaca a ousadia, ou vanguarda, dessas mulheres do passado escravista em transformar vestes e adornos coloniais em posturas contra-hegemônicas ou anticoloniais. Tal audácia é posta como uma possível categoria de análise para enfrentar as mentalidades escravistas expressas em colonialidades museais e museológicas ainda presentes em narrativas expositivas de acervos de arte decorativa, principalmente em exposições de longa duração, ou seja, o texto oferece aos museus experiências de mulheres negras como contraponto e exemplo de possibilidades concretas de mudanças a partir da “fabulação crítica”.
Downloads
Referências
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo da história única. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
ALVES, Marieta. Dicionário de artistas e artífices na Bahia. Salvador: Centro Editorial e Didático da UFBA, 1976.
APEBA, Seção Judiciária, inventário. Classificação 07-3062-0-11.
ARTES Tradicionais de Portugal. Catálogo. Org. Maia Helena Mendes Pinto. Fotografia Cintra e Castro Caldas, Lda. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.
BRAND, Dionne. Um mapa para a porta do não retorno: notas sobre pertencimento. Trad. Jess Oliveira. Rio de Janeiro: A Bolha Editora.
CARNEIRO, Sueli. Dispositivo de racialidade: a construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Rio de Janeiro: Zahar, 2023.
CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Trad. de Anísio Garcez Homem. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2010. Primeira reimpressão, 2017.
CUNHA, André Victor Cavalcanti Seal da; LEMOS, Flávio Luan. O hotel Casa Grande e Senzala e a construção de uma memória colonial “pitoresca” pelas páginas do jornal Diário de Pernambuco (1972-1990). Revista Memória em Rede, Pelotas, v.15, n. 28, Jan./Jun. 2023. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/Memoria Acesso em: 6/6/2024.
DIMUS-BA. Wordpress. 11ª Semana de museus. 2017. Disponível em: https://dimusbahia.wordpress.com/2013/05/16/11a-semana-de-museus-confira-a-programacao-desta-sexta-17/ Acesso em: 6/6/2024.
DIOME, Fatou. Kétala. Trad. Rita Bueno Maia. Lisboa: Europress, coleção Raízes. 2008.
FACTUM. Ana Beatriz Simon. Joalheria escrava baiana: a construção histórica do design de joias do brasileiro. Tese de Doutorado FAUUSP. Orientação: Maria Cecilia L. dos Santos. 2009. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16134/tde-13012010-154213/pt-br.php Acesso em: 6/6/2024.
FARIAS, Juliana Barreto. O laptop e a signares: gênero, escravidão e liberdade (Senegal, século XIX). In REGINALDO, Lucilene; FERREIRA, Roquinaldo. África, margens e oceanos; perspectivas de História Social. Campinas: Ed. da Unicamp, 2021.
FERREIRA da SILVA, Denise. A Dívida Impagável. São Paulo: Casa do Povo, 2019. Disponível em: https://casadopovo.org.br/ Acesso em: 15/6/2024.
FREITAS, Joseania Miranda. El arte prehispánico como inspiración para descolonizar los museos de arte decorativo: informe sobre una experiencia docente. Revista Modos. Campinas. volume 7, n. 3, Set-dez 2023. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/mod/issue/view/2090 Acesso 17/6/2024.
FREITAS, Joseania Miranda. Escravidão: tema tabu para os museus de arte decorativa. Revista PerCursos, Florianópolis, v. 20, n. 44, p. 56 - 76, set./dez. 2019. Disponível em: http://www.revistas.udesc.br/index.php/percursos/article/view/1984724620442019056 Acesso em: 6/6/2024.
FREITAS, Joseania Miranda; OLIVEIRA, Lysie dos Reis. Memórias de um tamborete de baiana: as muitas vozes de um objeto de museu. Revista Brasileira de Pesquisa (Autobiográfica) S.I, v. 5, n. 14, 2020. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/rbpab/article/view/8106 Acesso em: 6/6/2024.
GALLICA. Biblioteca Nacional da França. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b23001280/f1.item# Acesso 15/6/2024.
GODOY. Solange de Sampaio. Círculo das contas; jóias de crioulas baianas. Salvador: Fundação Museu Carlos Costa pinto, 2006.
GOMES, Laurentino. Escravidão. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019.
GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural da amefricanidade. Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro. N. 92-93. 1988. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/6409966/mod_resource/content/2/2.%20Lelia%20Gonzalez_A%20categoria%20pol%C3%ADtico-cultural%20de%20amefricanidade.pdf Acesso em: 6/6/2024.
HARTMAN, Saidiya. Perder a mãe. Trad. José Luiz Pereira da Costa. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2021a.
HARTMAN, Saidiya. Vênus em dois atos. Trad. Fernanda Silva e Souza e Marcelo R. S. ribeiro. In BARZAGHI, Clara; PATERNIANI, Stella Z.; ARIAS, André. Pensamento negro radical: antologia de ensaios. São Paulo: Crocodilo; N-1 edições. 2021b.
HOOKS, bell. Olhares negros: raça e representação. Trad. Stephanie Borges. São Paulo: Elefante, 2019.
IGREJA pede perdão a índios e negros. Folha de São Paulo, 20/5/1995. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/5/20/brasil/19.html Acesso em 10/7/2024.
IPHAN. Ofício das baianas de acarajé. Livro dos saberes. Brasília – D.F., 2004. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/BaianasdeAcarajeRegistro.pdf . Acesso em 10/7/2024.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Trad. Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
LIMA, Vivaldo Costa. Etnocenologia e a etnoculinária do acarajé. Etnocenologia: textos selecionados. São Paulo: Annablume, Salvador: PPGAC/UFBA, 1998.
MAB - Arts and culture. Google/streetview/museu-de-arte-da-bahia. Disponível em: https://artsandculture.google.com/streetview/museu-de-arte-da-bahia/AQE8jF-sK2J9iw?sv_lng=-38.5259473461116&sv_lat=-12.993470176879855&sv_h=294.0211779930452&sv_p=-0.9632082273032552&sv_pid=AHtDw-3fU6jfj7fvo49PAQ&sv_z=0.680571903736968 Acesso em 10/6/2024.
MAB - Fichas de documentação do tamborete, assinadas por VALLADARES, José. (1948).
MAB - O Museu de Arte da Bahia. Catálogo. São Paulo: Banco Safra. Catálogo. 1997.
MARTINS. Leda Maria. Afrografias da memória: o reinado do Rosário do Jatobá. 2ª ed. Belo Horizonte: Mazza Edições; São Paulo: Editora Perspectiva, 2021.
MATTOSO, Kátia M. de Queiroz. Bahia, século XIX: uma província no Império. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.
MENEZES, José Luiz Mota. A presença dos negros e pardos na arte pernambucana. In: ARAÚJO, Emanuel (Org.). A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo: Tenenge, 1998. p. 83-85.
MIGNOLO, Walter D. Aiesthesis decolonial; artículo de reflexión. Calle 14: Revista de Investigación en el campo del arte. Bogotá, v. 4, n. 4, p. 10-25, 2010. Disponível em: https://revistas.udistrital.edu.co/index.php/c14/article/view/1224/1634 Acesso: 16/6/2024.
MIRANDA, Victorino C. C. de. A louça histórica no Brasil. In ATAYDE, Sylvia Meneses de. Louça histórica: Museu de Arte da Bahia. Salvador: MAB, 2000.
MORRISON, Toni. A fonte da autoestima: ensaios, discursos e reflexões. Trad. de Odorico Leal. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
NASCIMENTO, Beatriz. O negro por ele mesmo. RATTS, Alex. (Org.). São Paulo: Ubu, 2022.
OLIVEIRA, Maria Inês Côrtes de. O liberto: o seu mundo e os outros. Salvador, 1790-1890. São Paulo: Corrupio; Brasília, DF: CNPQ, 1988.
PORTUGAL, Roberta Rosa; SOUZA, Antônio Wilson Silva de. O tabuleiro de Acarajé como espaço de enfrentamento ideológico entre as práticas afro-brasileiras e evangélicas. In: XII Seminário do Programa de Pós-graduação em Desenho, Cultura e Interatividade e VI Colóquio Internacional de Desenho, 2017, Feira de Santana. Anais do Seminário do Programa de Pós-Graduação em Desenho Cultura e Interatividade, 2017, p. 1-12. Disponível em: https://periodicos.uefs.br/index.php/AnaisPPGDCI/article/view/5183 Acesso em 12/6/2024.
QUERINO, Manuel. A Bahia de outrora: vultos e fatos populares. 4ª ed. Salvador: Livraria Progresso Editora, 1954.
QUIJANO. Aníbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la colonialidad/descolonialidad del poder. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2005. Disponível em: https://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/se/20140507042402/eje3-8.pdf Acesso 15/6/2024.
RATTS, Alex. Eu sou atlântica; sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Instituto Kuanza; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006. Disponível em: https://www.academia.edu/35348079/Eu_sou_atl%C3%A2ntica_sobre_a_trajet%C3%B3ria_de_vida_de_Beatriz_Nascimento Acesso em 12/6/2024.
REIS, Lysie. A liberdade que veio do ofício; práticas sociais e cultura dos artífices da Bahia do século XIX. Salvador: EDUFBA, 2012a.
REIS, Lysie. Aikos quer saber: qual o lugar do acarajé? No tabuleiro da baiana? Na prateleira dos supermercados? No livro dos saberes? 2012b. Disponível em: http://www.arq-chronos.com/2012/02/aikos-quer-saber-qual-o-lugar-do.html Acesso em: 23/6/2024.
ROSA, Mercedes. A prata da casa; um estudo sobre a ourivesaria no Museu Carlos Costa Pinto. Salvador: Conselho Federal de Cultura, 1980.
SALL, Aminata. Sénégal : à Saint-Louis, l'héritage des "Signares" préservé. Disponível em: https://fr.africanews.com/2021/11/12/senegal-a-saint-louis-l-heritage-des-signares-preserve/ Acesso em 15/6/2024.
SANTOS, Jéssica Cristina Teles dos. Dos palitos ao fio dental: memórias exiladas e processos de extroversão na biografia de um paliteiro do museu Carlos Costa Pinto, em Salvador, Bahia. Dissertação Mestrado em Museologia, UFBA. Orientador: Profº Drº Clovis Carvalho Britto. 2023. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37224 Acesso 2/6/2024.
SHARPE, Christina. No vestígio: negridade e existência. São Paulo: Ubu Editora, 2023.
SILVA, Maria Conceição Barbosa da Costa e. O montepio dos artistas: elo dos trabalhadores em Salvador. Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia, Fundação Cultural, 1988.
SILVA, Renato Araújo. Joias Crioulas: comunicação visual afro-brasileira. In: ARAUJO, Emanuel (Org.). Arte, Adorno, Design e Tecnologia no Tempo da Escravidão. São Paulo: Museu Afro Brasil, 2013
SILVA, Simone Trindade Vicente da. Joias crioulas; coleção Museu Carlos Costa Pinto. São Paulo: Instituto Victor Brecheret, 2012.
THIONG'O, Ngũgĩ wa. Descolonizar la mente: la política lingüística de la literatura africana. Trad. Marta Sofía López. España: Contemporanea, 2015.
TRINDADE, Jaelson Britran. A arte colonial: corporação e escravidão. In: ARAÚJO, Emanoel (Org.). A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo: Tenenge, 1988.
VERGÈS. Françoise. Decolonizar o museu; programa de desordem absoluta. Trad. de Mariana Echalar. São Paulo: UBU, 2023.
XIMENES, Cristiana Ferreira Lyrio. Joaquim Pereira Marinho: perfil de um contrabandista de escravos na Bahia, 1828-1887. Dissertação Mestrado em História, UFBA. Orientação: Maria Inês Cortes de Oliveira. Salvador, 1999. Disponível em: https://ppgh.ufba.br/sites/ppgh.ufba.br/files/1_joaquim_pereira_marinho_perfil_de_um_contrabandista_de_escravos_na_bahia_1828-1887.pdf Acesso 10/6/2024.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Museologia & Interdisciplinaridade

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
