A chegada e chegadas do nosso sagrado à república

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/museologia.v11i22.45280

Palavras-chave:

Nosso Sagrado; Museu da República; racismo; liberdade religiosa; cultura afro-brasileira; religiosidade afro-brasileira.

Resumo

O artigo narra o percurso do Nosso Sagrado, acervo de objetos das religiosidades afro-brasileiras, desde seu confisco pela polícia em casas de santo cariocas, nas primeiras décadas do Brasil republicano, até sua chegada ao Museu da República.

Os confiscos amparavam-se no Código Penal da época, em que os afro-religiosos eram tachados de aproveitadores e primitivos e seus rituais descritos como bárbaros e venais a partir de visões depreciativas das tradições de matrizes africanas.

Depois de retidos em domínio policial por até mais de um século, os objetos sagrados foram transferidos para o Museu da República em 21 de setembro de 2020, após uma longa espera e campanhas por reparação de justiça, direito à liberdade religiosa e afirmação da cidadania negra e por solicitação de lideranças de santo que protagonizaram a luta para a libertação desses objetos e que agora compartilham a gestão do acervo no museu.

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Biografia do Autor

Francisco César Manhães Monteiro

Graduado pelo Instituto de Filosofia e Letras da UERJ e completou seu mestrado pela mesma instituição. É doutor em Literaturas Neolatinas pela UFRJ. Foi professor de Teoria da Tradução da primeira turma do bacharelado de Letras - Libras da UFRJ. Colabora com o doutorado em cultura Afro-colombiana da Universidad del Valle del Cauca – Colômbia (Univalle), e representa o Brasil no Comitê Científico que organiza o Simpósio Internacional Jorge Isaacs em Cali, Colômbia. É palestrante e articulista sobre literatura negra, linguagem e tradução para instituições acadêmicas e de mídia do Brasil, Colômbia, Cabo Verde, Federação Russa e México, tendo organizado em 2020, as Jornadas Negras da UniOeste, evento virtual. No momento, é editor das edições sobre África e Tradução da revista Trama. Lecionou nas universidades: Veiga de Almeida, Souza Marques, Castelo Branco, Estácio de Sá, Universidade da Cidade e UFRJ. Como tradutor literário, tem se dedicado à tradução das literaturas afro-latinas. Publicou, em 2016, o livro de poemas Punhal inútil e tem outro livro a ser publicado este ano.

Maria Helena Versiani

Historiadora. Mestre em História Social (UFRJ). Doutora em História, Política e Bens Culturais (CPDOC/FGV), com Pós-Doutoramento em História (UFF). Integra o Setor de Pesquisa do Museu da República e coordena, na instituição, a documentação histórica do Acervo Nosso Sagrado. Uma das participantes do processo curatorial participativo das exposições: Laroiê: Caminhos abertos para o Nosso Sagrado (Museu da República/2021) e Nosso Sagrado: a construção de uma herança fraterna (Google Arts & Culture/2021). Professora convidada no Mestrado Profissional em Ensino de História da UFF. Pesquisadora do Observatório de Estudos sobre o Rio de Janeiro (UFRJ/CNPq) e do Instituto de Estudos sobre o Rio de Janeiro. Desenvolve estudos nas áreas de História Cultural, História do Brasil República e História do Rio de Janeiro, especialmente no campo das relações entre história, memória e patrimônio cultural.

Mario de Souza Chagas

Poeta. Museólogo. Licenciado em Ciências Biológicas. Mestre em Memória Social. Doutor em Ciências Sociais. Um dos responsáveis pela Política Nacional de Museus, um dos criadores do Sistema Brasileiro de Museus, do Cadastro Nacional de Museus, do Programa Pontos de Memória, do Programa Nacional de Educação Museal e do Instituto Brasileiro de Museus. Fundador da Revista Brasileira de Museus e Museologia - MUSAS e criador do Programa Editorial do Ibram. Atualmente é diretor do Museu da República/Ibram, presidente do Minom e professor colaborador do Programa em Pós-graduação em Museologia da Ufba, professor visitante do Departamento de Museologia da ULHT, em Lisboa. Tem experiência nacional e internacional no campo da museologia e da museografia, com ênfase na museologia social, nos museus sociais e comunitários, na educação museal e nas práticas sociais de memória, política cultural e patrimônio.

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Publicado

2022-11-20

Como Citar

Manhães Monteiro, F. C. ., Versiani, M. H., & de Souza Chagas, M. . (2022). A chegada e chegadas do nosso sagrado à república. Museologia & Interdisciplinaridade, 11(22), 14–32. https://doi.org/10.26512/museologia.v11i22.45280

Edição

Seção

Dossiê Museu e Patrimônio das Culturas Afrodiaspóricas