A chegada e chegadas do nosso sagrado à república
DOI:
https://doi.org/10.26512/museologia.v11i22.45280Palavras-chave:
Nosso Sagrado; Museu da República; racismo; liberdade religiosa; cultura afro-brasileira; religiosidade afro-brasileira.Resumo
O artigo narra o percurso do Nosso Sagrado, acervo de objetos das religiosidades afro-brasileiras, desde seu confisco pela polícia em casas de santo cariocas, nas primeiras décadas do Brasil republicano, até sua chegada ao Museu da República.
Os confiscos amparavam-se no Código Penal da época, em que os afro-religiosos eram tachados de aproveitadores e primitivos e seus rituais descritos como bárbaros e venais a partir de visões depreciativas das tradições de matrizes africanas.
Depois de retidos em domínio policial por até mais de um século, os objetos sagrados foram transferidos para o Museu da República em 21 de setembro de 2020, após uma longa espera e campanhas por reparação de justiça, direito à liberdade religiosa e afirmação da cidadania negra e por solicitação de lideranças de santo que protagonizaram a luta para a libertação desses objetos e que agora compartilham a gestão do acervo no museu.
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