O Museu da Imigração do Estado de São Paulo e as memórias de violência

Autores

Palavras-chave:

Museu da Imigração, Direitos Humanos, Memória, Trauma, Discurso

Resumo

Compreendendo que os museus podem ser, também, lugares de mobilização e enfrentamento de memórias que nos remetem a histórias marcadas por graves violações de direitos humanos, propomos analisar a exposição de longa duração do Museu da Imigração do Estado de São Paulo a partir de tais questionamentos: Sendo o processo de migração no Brasil marcado historicamente por um sem número de violências, o discurso produzido e veiculado pelo Museu o coloca dentro ou fora da categoria de lugar de memória traumática? A instituição apresenta ao público um discurso sobre a história e memória da imigração em São Paulo a partir de eixos como o desenvolvimento da metrópole cosmopolita e a criação de uma identidade nacional pluricultural, já presentes na exposição permanente do extinto Memorial do Imigrante, mas como estão articuladas as memórias de violência e trauma nesta nova narrativa?

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Biografia do Autor

Evelyn Ariane Lauro , Universidade Federal do ABC

Graduada em História na Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP. Possui pós graduação Lato Senso em Direitos Humanos, Diversidade e Violência pela Universidade Federal do ABC (2019); graduação em Turismo pela Faculdade Editora Nacional (2007) e formação técnica em Museus pelo Centro Paula Souza (2009). Tem experiência profissional na área Cultural, sobretudo no segmento museológico, e na educação popular. Hoje atua como articuladora social no Museu da Língua Portuguesa e é ingressante do Mestrado em Estudos Culturais da Universidade de São Paulo (USP). 

Marilda Aparecida de Menezes, Universidade Federal do ABC : Santo André , SP , BR

Professora Colaboradora, Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e sociais, UFABC; Profa. colaboradora Doutorado em Ciências Sociais, UNICAMP; Professora Visitante Senior, UFABC, 2017 a 2019. Professora Visitante Nacional Senior (CAPES/PVNS), UFABC, 2012-2016. Pesquisadora do CNPq, nivel 1C. Professora aposentada da Universidade Federal de Campina Grande. Pesquisadora do Centro de Estudos Migratórios, Professora da Universidade Estadual da Paraíba e da Universidade Federal da Paraíba. PhD pela University of Manchester (1997), Pós-Doutorado na Yale University (2004-5) no Agrarian Studies Programme e no Depto. de Antropologia da UNICAMP (2011), Mestre em Sociologia Rural pela Universidade Federal da Paraíba (1985). Coordenadora da Proposta de Doutorado em Ciências Humanas e Sociais da UFABC. Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia, UFPB/UFCG, membro da Diretoria da Associação Brasileira de História Oral (ABHO), da Diretoria da Associação Internacional de História Oral (IOHA). Coordenação e participação em vários convênios e projetos de pesquisa com instituições da América Latina, Europa e África. Sou membro e fundadora da Rede Nacional de Estudos Rurais. Fui fundadora e primeira editora da Travessia ? Revista do Migrante (CEM); Editora-assistente da Raízes (PPGCS/UFCG). Atualmente, sou membro dos conselhos editoriais das Revistas - Agrarian South: Journal of Political Economy; Travessia, RURIS (UNICAMP), RAIZES (UFCG) e IDEAS (CPDA/UFRRJ). Experiência na área de Sociologia e Antropologia, com ênfase em Sociologia e Antropologia Rural e Urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: migrações internas e internacionais; família, gênero e gerações; memória e identidades; metodologia da história oral, migrações e redes sociais; trabalhadores em usinas de cana de açúcar; dominação e resistência; movimentos sociais agrários. 

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Publicado

2021-11-04

Como Citar

Lauro, E. A., & Menezes, M. A. (2021). O Museu da Imigração do Estado de São Paulo e as memórias de violência. Museologia & Interdisciplinaridade, 10(20), 267–283. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/museologia/article/view/36422