Exibir aquilo que deveria estar oculto
dilemas de uma exposição mbya guarani
DOI:
https://doi.org/10.26512/museologia.v10i19.34753Palavras-chave:
Museus, Curadoria compartilhada, Mbya Guarani, Exposições etnográficas, Estéticas indígenasResumo
Em julho de 2018 foi inaugurada no Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR (MAE) a exposição Nhande Mbya Reko – Nosso jeito de ser guarani, fruto da colaboração entre o MAE e cinco comunidades guarani do litoral do Paraná. No curso do processo curatorial foi escolhido como eixo narrativo a distinção entre os objetos elaborados para a venda, voltados para o exterior, e os objetos que não devem ser vendidos, preservados no interior. Mostrar, como estratégia para o reconhecimento político, e ocultar, como mecanismo de resistência, se tornam elementos de uma tensão que emerge num contexto em que a política cultural estabelece uma conexão estreita entre autenticidade, legitimidade, visibilidade e eficácia política. No texto se exploram os procedimentos dessa experiência de curadoria compartilhada e a autonarrativa mbya guarani que resulta dela.
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