Musealizar a queda

Autores

  • Felipe Ribeiro UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.26512/museologia.v9i18.34557

Palavras-chave:

Escultura. Ativismo. Estudos decoloniais. História da arte.

Resumo

Este artigo investiga como as recentes derrubadas de estátuas de escravagistas e colonizadores pelo movimento Black Lives Matter, resvala na arte e em seus pilares institucionais. Sugiro que o ativismo político, que surge do performativo da derrubada desses monumentos, tem um caráter afirmativo que, uma vez suficientemente escutado e reverberado, se torna uma virada estética na função das estátuas. Inserida nos movimentos experimentais e de vanguarda, a escultura se afasta do figurativo, rumo ao minimalismo, à escultura social, entre outras atuações, às quais Lucy Lippard e John Chandler denominaram de a desmaterialização da obra de arte. Sem nem por isso apaziguar o levante antirracista, sugiro que sua ação seja percebida também em sua potência artística, para que estremeça também as bases históricas da arte e percebamos que o que está em jogo é uma operação estética que, de forma alguma, se basta na representação identitária.  Ao longo dessa proposição, me utilizo de textos e conceitos de Denise Ferreira da Silva, Achilles Mbembe, James Baldwin, entre outros. Realizo paralelamente um ensaio fotográfico de artistas brasileiros, cuja obra nos ajude a problematizar os protagonismos coloniais, racialização e o agenciamento da branquitude.

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Referências

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Publicado

2020-11-03

Como Citar

Ribeiro, F. (2020). Musealizar a queda. Museologia & Interdisciplinaridade, 9(18), 143–157. https://doi.org/10.26512/museologia.v9i18.34557

Edição

Seção

Dossiê Musealização da Performatividade em Coleções Públicas e Privadas