O despertar de coleções etnográficas

uma reflexão sobre o protagonismo de Jerônimo Xavante

Autores

Palavras-chave:

Memória, Coleções Etnográficas, Comunicação Museológica, Alteridade, Jerônimo Xavante

Resumo

A reflexão que propomos aqui abrange questões pontuais no estudo de coleções etnográficas. Procuramos estabelecer um diálogo entre diferentes áreas do conhecimento, aproximando discussões em torno das noções de alteridade, memória e esquecimento aos domínios dos estudos da Antropologia, História e Museologia. Ao refletirmos sobre os efeitos da comunicação museológica em torno de coleções etnográficas, nos atentamos para a participação e presença de indígenas durante este processo. Neste artigo, voltamos nossa atenção para o protagonismo de Jerônimo Xavante a partir de uma breve reflexão em torno dos livros Xavante (Auwe Uptabi: povo autêntico) e Jerônimo Xavante conta mitos e lendas. Procuramos observar nessas obras a forma como missionários e pesquisadores tenderam a registrar e mencionar a contribuição de Jerônimo sobre os conhecimentos e tradições de seu povo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mariela Soares de Souza Dias, sem afiliação

Titulação: Mestra em Divulgação Científica e Cultural pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Rodrigo Bastos Cunha, Pesquisador e docente do Programa de Pós-Graduação em Divulgação Científica e Cultural da Unicamp

Titulação: doutor em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Referências

BANIWA, Gersem. Antropologia colonial no caminho da antropologia indígena. Novos Olhares Sociais, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, v.2, n.1, p.22-40, 2019. Disponível em: http://www.3.ufrb.edu.br/ojs/index.php/novosolharessociais/article/view/462. Acesso em: 18 set. 2020.

CHAGAS, Mário. Memória e poder: dois movimentos. Cadernos de Sociomuseologia, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, v.19, n.19, p.35-66, 2002. Disponível em: http://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/367. Acesso em: 12 set. 2020.

CLIFFORD, James. A experiência etnográfica: antropologia e literatura no século XX. 2 ed., Rio de Janeiro, RJ: Editora da UFRJ, 2002.

CURY, Marília X. Educação em museus: panorama, dilemas e algumas ponderações. Ensino em Re-Vista, Uberlândia, MG, v. 20, n. 1, p. 13-28, 2013.

CURY, Marília X. Lições indígenas para a descolonização dos museus: processos comunicacionais em discussão. Cadernos CIMEAC, Uberaba, MG, v. 7, n. 1, p. 184-211, 2017.

FROMM, Annette. Ethnographic museums and intangible cultural heritage return to our roots. Journal of Marine and Island Cultures,[S.l.],v.5, n.2, p.89-94, 2016. Disponível em: http://jmic.online/issues/v5n2/1/. Acesso em: 14 set. 2020.

GIACCARIA, Bartolomeu; HEIDE, Adalberto. XAVANTE (Auwe Uptabi: povo autêntico). São Paulo, SP: Editorial Dom Bosco, 1972.

GIACCARIA, Bartolomeu; HEIDE, Adalberto. Jerônimo Xavante conta mitos e lendas. Campo Grande, MS: Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso; Faculdade “Dom Aquino” de Filosofia, Ciências e Letras, n. 1, 1975.

GIACCARIA, Bartolomeu; HEIDE, Adalberto. Jerônimo Xavante sonha: contos e sonhos. Campo Grande, MS: Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso; Faculdade “Dom Aquino” de Filosofia, Ciências e Letras, n. 2, 1975.

GINZBURG, Carlo. Micro-história e outros ensaios. Tradução de: Antonio Narino. Rio de Janeiro, RJ: Bertrand Brasil S.A.; Lisboa: DIFEL Ltda., 1989.

GRAÚNA, Graça. Contrapontos da literatura indígena contemporânea no Brasil. Belo Horizonte, MG: Mazza Edições, 2013.

GRUPIONI, Luís D. B. (org.). Índios no Brasil. São Paulo, SP: Secretaria Municipal de Cultura, 1992.

GRUPIONI, Luís D. B. Os museus etnográficos, os povos indígenas e a antropologia: reflexões sobre a trajetória de um campo de relações. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, SP, Supl. 7, p. 21-33, 2008.

HARAWAY. Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 5, p. 7-41, 1995.

JACOBUCCI, Daniela. Contribuições dos espaços não-formais de educação para a formação da cultura científica. Revista Em Extensão, Uberlândia, MG, v.7, n.1, p.55-66, 5 nov. 2008. Disponível em: www.seer.ufu.br/index.php/revextensao/article/view/20390. Acesso em: 18 set. 2020.

KRENAK, Ailton. O eterno retorno do encontro (1999). In: COHN, S. (org.). Coleção Encontros – Ailton Krenak. Rio de Janeiro, RJ: Azougue, 2015.

LAPA, José R. A. Missão do Sangradouro. São Paulo, SP: Coleção Saraiva, 1963.

MENESES, Ulpiano. Os Museus e as ambiguidades da memória: a memória traumática. Conferência 10o Encontro Paulista de Museus – Memorial da América Latina, São Paulo, 16 jul. 2018.

MENESES, Ulpiano B. T. Do teatro da memória ao laboratório da História: a exposição museológica e o conhecimento histórico. Anais do Museu Paulista, São Paulo, SP, v. 2, p. 9-42, 1994.

MONTEIRO. John. Tupis, Tapuias e Historiadores: estudos da história indígena e do indigenismo. 2001. 233f. Tese (Livre Docência) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2001.

MONTEIRO, Paula (org.). Deus na aldeia: missionários, índios e mediação cultural. São Paulo, SP: Globo, 2006.

MUNDURUKU, Daniel. O caráter educativo do movimento indígena brasileiro (1970- 1990). São Paulo, SP: Paulinas, 2012.

NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Tradução de: Yara Aun Khoury. Projeto História, São Paulo, SP, v. 10, p. 7-28, 1993. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/revph/article/view/12101/8763. Acesso em: 28 jan. 2020.

PEIRANO, Mariza G. S. A alteridade em contexto: a antropologia como ciência social no Brasil. Série Antropologia, Brasília, DF: Universidade de Brasília, v.255, p. 2-35, 1999.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.3-15, 1989.

POTIGUARA, Eliane. Identidade e voz indígenas. Revista Filosofia Capital, Rio de Janeiro, v.2, n.5, p.73-85, 2007.

REIN, Anette. One object – many stories: the museum is no “neutral” place. Museum Aktuell, [S.l.], 165, p. 9-18, 2010.

REVEL, Jacques (org.). Jogos de escalas da microanálise. Tradução de: Dora Rocha. Rio de Janeiro, RJ: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1998.

RIBEIRO, Berta; VELTHEM, Lucia. Coleções etnográficas: documentos materiais para a história indígena e da etnologia. In: CUNHA, M. C. (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo, SP: FAPESP; Cia. das Letras/SMC, 1998.

RIBEIRO, Berta. Etnomusicologia da exposição à coleção. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, SP, v. 4, p. 189-201, 1994.

ROCA, Andrea. Acerca dos processos de indigenização dos museus: uma análise comparativa. MANA, v.21, n.1, p.123-156, 2015.

ROCHA, Everardo. O que é etnocentrismo. 28a ed. São Paulo, SP: Brasiliense, 2014.

RUSSI, Adriana; ABREU, Regina. “Museologia colaborativa”: diferentes processos nas relações entre antropólogos, coleções etnográficas e povos indígenas. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, RS, v. 25, n. 53, p. 17-46, 2019. Disponível em http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832019000100002. Acesso em: 14 jan. 2020.

SCHADEN, Egon. Apresentação. In: GIACCARIA, Bartolomeu; HEIDE, Adalberto. Jerônimo Xavante conta mitos e lendas. Campo Grande, MS: Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso; Faculdade “Dom Aquino” de Filosofia, Ciências e Letras, n. 1, 1975.

SILVA, Aramis L. Mapa de viagem de uma coleção etnográfica – A aldeia bororo nos museus salesianos e o museu salesiano na aldeia bororo. 2011. 360f. Tese (Doutorado) – Departamento de Antropologia Social, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2011.

SILVA, Luilton S. L. P. Os Xavante e sua história pelo olhar dos salesianos Bartolomeo Giaccaria e Adalberto Heide. 2017. 119f. Dissertação (Mestrado) – Departamento de História, Geografia e Ciências Sociais, Goiânia, GO, 2017.

THIÉL, Janice C. Pele silenciosa, pele sonora: a construção da identidade indígena brasileira e norte-americana na literatura. 2006. 376f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, 2006.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. O nativo relativo. MANA, Rio de Janeiro, RJ, v.8, n. 1, p. 113-148, 2002.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio. MANA, v.2, n.2, p.115-144, 1996.

Downloads

Publicado

2021-05-31

Como Citar

Soares de Souza Dias, M., & Bastos Cunha, R. (2021). O despertar de coleções etnográficas: uma reflexão sobre o protagonismo de Jerônimo Xavante. Museologia & Interdisciplinaridade, 10(19), 241–258. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/museologia/article/view/34548