Futuro Ancestral

Metalinguagem e intertextualidade na construção do discurso contra-hegemônico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/les.v26i1.58030

Palavras-chave:

tecnologias de resistência, colaboração, linguística aplicada, sul global

Resumo

Em um contexto de crises socioambientais, urge repensarmos as relações entre nós e o planeta. Aílton Krenak (2022) propõe o conceito Futuro Ancestral, valorizando saberes, linguagens e tradições de povos originários, em oposição à lógica hegemônica científico-capitalista. Este artigo objetiva analisar criticamente o conceito e sua rede de significações, com base nas categorias de intertextualidade temática e explícita (Dias, 2017; Koch et al., 2008) e estratégias discursivas de metalinguagem (Leite, 2006), enfatizando a necessidade de questionar, resistir e desconstruir discursos hegemônicos. Por fim, ressaltamos a resistência afro-indígena, buscando incorporar metalinguagem e suas significações na atuação da Linguística Aplicada do Sul Global.

 

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Biografia do Autor

Igor Diniz Pereira, Universidade Estadual de Londrina

Professor Negro de filosofia e língua inglesa da rede pública e privada do Estado do Paraná. Graduado em Filosofia e Letras inglês (UEL 2016 e 2025). Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (PPGEL - UEL). Seus interesses de pesquisa envolvem linguagem, terra, epistemologias afroindígenas, e estudos do Sul global.

João Vítor Gomes de Oliveira, Universidade Estadual de Londrina

Indígena de duplo pertencimento das etnias Kaingang e Guarani. Professor de Língua Inglesa, graduado em Letras-Inglês pela Universidade Estadual de Londrina (UEL - 2025). Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (PPGEL - UEL). Seus interesses de pesquisa envolvem a língua Kaingang no norte do Paraná, processos de recuperação linguística, especialmente em contextos de línguas indígenas.

 

Bruna Oliveira Braz, Universidade Estadual de Londrina

Professora de Inglês e Bióloga, graduada em Ciências Biológicas e Letras-Inglês, ambos pela Universidade Estadual de Londrina (UEL - 2016 e 2025, respectivamente). Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (PPGEL - UEL). Seus interesses de pesquisa envolvem a pedagogia pós-método, práticas reflexivas, contracolonialidade e justiça social, especialmente no ensino de línguas.

Vera Lúcia Cristóvão, Universidade Estadual de Londrina

Professora sênior do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Londrina (UEL), bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, líder do grupo de pesquisa “Linguagem e Educação” (UEL/CNPq). Possui mestrado e doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem da PUC-SP. Tem estágio de Pós-Doutorado (2007-2008) no LAEL da PUC-SP, em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (2012) e em Educação pela Universidade de Aveiro, Portugal (2022). Teve bolsa CAPES/FULBRIGHT como professora pesquisadora na Universidade da Califórnia e foi pesquisadora visitante na Universidade de Carleton, Ottawa, Canada. É vice-presidente da Associação Latino-Americana de Estudos da Escrita em Educação Superior e Contextos Profissionais (ALES), membro do Grupo de Trabalho Gêneros Textuais/Discursivos da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL) e coordenadora geral da rede Laboratório Integrado de Letramentos Acadêmico-Científicos (LILA), no Paraná.

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Publicado

2025-07-01

Como Citar

Pereira, I. D., Oliveira, J. V. G. de, Braz, B. O., & Cristóvão, V. L. (2025). Futuro Ancestral: Metalinguagem e intertextualidade na construção do discurso contra-hegemônico. Cadernos De Linguagem E Sociedade, 26(1), 273–290. https://doi.org/10.26512/les.v26i1.58030