CHAMADA DE ARTIGOS : Dossiê “Raça, Gênero e Sexualidade: direitos & lutas sociais”

22.04.2021

1) Apresentação 

A InSURgência: revista de direitos e movimentos sociais (ISSN: 2447-6684), ligada ao Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais - IPDMS, tem por objetivo difundir produção teórica inédita concernente à  temática “direitos e movimentos sociais”.

Com o objetivo  de impulsionar a pesquisa desenvolvida com, por e para os movimentos sociais, mobilizando pesquisadores e pesquisadoras do Brasil e de outros países em diversas áreas do conhecimento, o Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais - IPDMS fundou a InSURgência: Revista de Direitos e Movimentos Sociais (ISSN: 2447-6684), um periódico internacional que promove produções teóricas e/ou empíricas inéditas comprometidas com o conhecimento crítico e libertador sobre o tema dos direitos e dos movimentos sociais, nos contextos brasileiro, latinoamericano e transnacional. 

Para a próxima edição da Revista InSURgência (v. 8, n. 2, jul/dez. 2021), o Grupo “Gênero, Raça e Sexualidade” da Renap em parceria com o IPDMS convidam a comunidade acadêmica, pesquisadoras e pesquisadores, e militantes de movimentos sociais a enviarem suas contribuições em formato de artigo científico, para o dossiê “Raça, Gênero e Sexualidade: Direitos & Lutas Sociais”, conforme orientações a abaixo.

 

2) Dossiê “Raça, Gênero e Sexualidade: Direitos & Lutas Sociais”

 O Brasil carrega em sua história marcas profundas de opressão, despersonalização e desumanização, desde a sua colonização, com a extração de suas riquezas naturais e subjugação de seus povos originários. Passados mais de três séculos de uma lógica escravagista, adentramos a segunda década do século XXI com o país na nona posição do ranking mundial de desigualdade e protagonizando um verdadeiro genocídio da população negra e indígena, que se intensifica durante a pandemia da Covid-19.

Mesmo reconhecendo os avanços sociais deste século, ainda vivemos sob sistemas de dominação - racismo, heterosexismo, capitalismo, capacitismo - que produzem determinados sujeitos e identidades privilegiadas em detrimento de outros, relegados à invisibilidade do ser e à privação de capacidade política, econômica e social. Essas formas de dominação não raramente são refletidas e reforçadas pelo direito, que contribui assim para a perpetuação de exclusão e injustiça de ordem cultural, social e política.

No corrente ano (2021), em meio à maior crise sanitária do século, a assimetria das relações sociais se interliga ao aprofundamento da crise financeira e das desigualdades que, consequentemente, acompanham um maior empobrecimento da população e aumento progressivo da extrema pobreza. No entanto, a crise tem alcance maior, pois causa um efeito cascata no que se refere às violações aos direitos fundamentais e, assim, descortina o ideal universal de igualdade.

Frente a esse cenário de uma sociedade produtora e reprodutora de desigualdades, está a luta de diversos grupos por meio dos movimentos sociais. Sejam eles movimentos feministas, negros, indígenas, LGBTQIA+, entre outros tantos, seus embates em prol dos direitos humanos tem reverberado e possibilitado a formação e transformação social. Desta forma, compreendendo que o direito pode ser também um campo de resistência, no qual a criação e interpretação da lei tem sido sempre uma atividade política atreladas às convicções de diversos atores sociais coletivos, é que buscamos reunir produções científicas envolvidas nas lutas de movimentos sociais pela afirmação/transformação de direitos.

Consciente do papel do conhecimento na transformação social, o corpo editorial da Revista Insurgência convida os/as participantes a explorarem a complexidade social e teórica envolta no grande tema “Raça, Gênero e Sexualidade: direitos & lutas sociais”. Objetivamos publicar artigos descritivos e/ou analíticos, teóricos e/ou empíricos, de relatos de experiências pessoais ou de experiências de lutas coletivas por direitos que reflitam sobre questões relacionadas aos seguintes eixos, que devem ser vistos não como limitadores, mas como caminhos para o melhor enquadramento do trabalho através da ótica do/a autor/a e de sua liberdade criativa:

  1. a) Raça, gênero e sexualidade: violências e lutas sociais 

A exploração e a dominação dos corpos e territórios nos processos de colonização racista e cis-heteronormativa são estruturais dos modelos políticos e econômicos existentes na América Latina e no Brasil. Os efeitos sociais decorrentes destes processos permanecem presentes na atualidade e se reconfiguram constantemente. Somando-se a uma agenda neoliberal e à intensificação dos discursos de ódio (racistas, homofóbicos, etc), a conjutura atual demonstra um incremento de violências e, por conseguinte, na sua expressão letal, por meio de assassinatos por razão de gênero e/ou orientação sexual, o genocídio da população indígena e negra e o encarceramento da juventude brasileira. As violências e discriminações em razão de classe, raça, gênero e sexualidade se apresentam como padrão global de eliminação dos corpos considerados inferiores, anormais e matáveis, aprofundadas diante da atual crise sanitária e humanitária decorrentes do contexto pandêmico. Neste sentido, para ampliação e aprofundamento das reflexões e análises dos diversos e complexos contextos de violência em suas interseccionalidades, serão aceitos artigos que trabalhem os problemas dos feminicídios, lesbocídios e transfeminicídios; da violência doméstica, das violências LGBTQIA+fóbicas, das violências sexuais, violências contra povos indígenas, quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais, das violências institucionais (como violência policial, no sistema prisional, no socioeducativo, na saúde, etc), da violação aos direitos e à justiça reprodutiva, e exploração das mulheres no âmbito do trabalho doméstico e de cuidado. Além disso, também serão aceitos artigos que examinem atuação e respostas frente a esses problemas, seja do sistema de justiça, do legislativo e das políticas públicas, bem como as lutas sociais, sejam elas operadas por movimentos sociais, coletivos, academia, órgãos públicos e outros setores sociais.

  1. b) Ofensivas anti-gênero e estratégias de resistência

Nos últimos anos, a falsa problemática da “ideologia de gênero” ganhou a esfera pública, se constituindo como um guarda-chuva a partir do qual vem se legitimando um vasto repertório de ações de combate e de silenciamento à produção política, social e subjetiva das diferenças. Marchas contra o casamento igualitário no México, na Colômbia e em Cuba, a criação da Frente Latino-americana pelo Direito à Vida e à Família, a oposição das igrejas contra o Acordo de Paz entre o governo colombiano e as FARC, por reproduzir a “ideologia de gênero”, a retirada da expressão “gênero” dos planos municipais de educação e a criação do movimento Escola sem Partido no Brasil, são alguns exemplos de reações às tentativas de avanço das pautas de gênero e sexualidade. A este conjunto de práticas discursivas se deu o nome de ofensivas antigênero e à sua discussão dedicamos esse eixo do dossiê. Serão aceitos artigos que analisam as mobilizações e alianças transnacionais antigênero; que discutam suas manifestações locais; que problematizem as produções legislativas e demais manifestações institucionais antigênero; e que discutam estratégias de resistência e enfrentamentos às ofensivas antigênero, sejam elas operadas por movimentos sociais, coletivos, academia, órgãos públicos e outros setores sociais.

 

3) Condições para submissão

 Para enviar sua contribuição, basta se cadastrar no sítio eletrônico da InSURgencia (https://periodicos.unb.br/index.php/insurgencia/). A contribuição deve ser original e inédita, e não estar sob avaliação em outra revista; caso contrário, deve-se justificar em "Comentários ao editor". O arquivo da submissão deve estar em formato editável (Microsoft Word, OpenOffice ou RTF), sem qualquer tipo de identificação de autoria. 

Para o formato artigo científico, o texto deve conter, em 2 idiomas (português, espanhol, francês ou inglês): título, resumo e palavras-chave. Além disso, deve conter introdução, desenvolvimento, conclusão e referências bibliográficas escrito em único idioma de preferência do autor, entre português, espanhol, francês ou inglês. E, ainda, deve ter espaçamento 1,5; fonte Times New Roman, com tamanho 14 no título, 12 no resumo e texto principal e 10 nas citações destacadas e notas de rodapé; empregar sublinhado em vez de itálico (exceto em endereços URL); as figuras e tabelas devem ser inseridas no texto, não no final do documento na forma de anexos.

Além de artigos acadêmicos, o dossiê também receberá publicações para as seguintes seções da revista: Em defesa da pesquisa (seção de artigos livres); Temas geradores (seção de verbetes); Poéticas políticas (seção de textos e manifestações artísticas) e Caderno de retorno (seção de resenhas de textos)

Todas as submissões deverão seguir os padrões de estilo e requisitos bibliográficos descritos em “Submissão e Diretrizes para Autores e Autoras”, no link “Sobre” que consta na página do periódico. 

O prazo de submissão dos artigos ao dossiê: 11/06/2021.