v. 9 n. 2 (2021): Dossiê "Franz Brentano"
Franz Brentano (1838 -1917) foi um importante filósofo e psicólogo do final do século dezenove. O impacto do ensinamento de Brentano na filosofia de língua alemã foi tão grande que levou à fundação de uma escola - a Escola de Brentano - e a uma nova abordagem da filosofia científica que contrariou a tradição idealista e pós-Kantiana alemã. Edmund Husserl (1859-1938), Alexius Meinong (1853-1920), Christian von Ehrenfels (1859-1932), Kasimierz Twardowski (1866-1938), Carl Stumpf (1848-1936) e Anton Marty (1847-1914) foram todos alunos de Brentano, assim como Sigmund Freud (1856-1939). Brentano desempenhou igualmente um papel crucial na fundação da filosofia austríaca, ele teve uma enorme influência no trabalho do jovem Heidegger, assim como na origem da filosofia analítica. O conceito de “intencionalidade do pensamento”, situado entre o movimento fenomenológico e a tradição analítica, como redefinido por Brentano, foi - e continua sendo - um conceito chave da filosofia da mente dos séculos vinte e vinte um. Mas Brentano não apenas redefiniu a filosofia da mente; ele foi um pensador notável e inovador em vários campos da filosofia. Debates recentes em metaética, ontologia, metafísica, estudos da consciência e a história da filosofia analítica mostram um forte ressurgimento do interesse pelo pensamento de Brentano.
Suas teorias eram bem conhecidas e debatidas não apenas nos países de língua alemã da Europa Central e Oriental, mas também no mundo anglo-saxão, especialmente em Cambridge, onde James Ward, George F. Stout, Bertrand Russell e George E. Moore prestaram grande atenção ao trabalho de Brentano. Entretanto, Brentano foi muitas vezes ofuscado por seus alunos, como Husserl ou Meinong, e sua fama começou a desvanecer-se nos anos vinte e trinta. Ele foi parcialmente reavaliado durante as décadas de cinquenta e sessenta e, mais consistentemente, nas últimas décadas.
Durante muito tempo Brentano foi mencionado apenas como o filósofo que reintroduziu o conceito de intencionalidade no debate filosófico contemporâneo. É por isso que ele já foi citado como o “avô” do movimento fenomenológico e o precursor da filosofia analítica, mas suas visões e argumentos filosóficos raramente foram discutidos.