Pior do que ser assassino...
Abstract
O artigo propõe uma reflexão combinada dos dois autores sobre um texto já “clássico” no tocante à escrita da violência, a coletânea de contos Feliz ano novo, de Rubem Fonseca. Célebre
inclusive por motivos extratextuais ”“ foi censurada durante a ditadura ”“, a obra se aprofunda nos principais problemas de ordem representativa que surgem no ato de dar forma, de configurar algo que em si não se deixa apreender como a violência. O livro desenvolve, ao mesmo tempo, uma reflexão metanarrativa, focalizada particularmente no conto final, “Intestino grosso”, de relevante interesse exegético. Mobilizando um arsenal comum de ferramentas críticas (privilegiando sobretudo a vertente biopolítica), ainda que trilhando cominhos autônomos de reflexão, a combinação das duas leituras exibe a importância que a exceção ”“ representada e praticada ”“ ocupa na economia da obra. Além disso, expande a análise na direção da possibilidade de testemunhar o indizível da violência, assim como mostra o funcionamento do texto como uma espécie de diagrama da cena obscena da violência. As conclusões comuns apontam o horizonte de pesquisa que o ensaio prefigura, sempre rumo ao questionamento da escrita da violência.
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