(Des)memória e catástrofe:
considerações sobre a literatura pós-golpe de 1964
DOI:
https://doi.org/10.1590/S2316-40182014000100010Resumo
O texto pretende repensar, na esteira de uma tradição crítica consolidada, o papel da literatura na representação e na denúncia dos atos de repressão realizados pelo regime militar brasileiro a partir de 1964 e, com maior contundência e força, a partir de 1968, depois da promulgação do AI-5. Nesse âmbito, a função das histórias ”“ contadas por diversos autores e por alguns dos sobreviventes da repressão ”“ parece ser, sobretudo, aquela de desenvolver um papel de suplência da História, no sentido de mostrar, de modo eficaz e através da ficção, o nefando que caracterizou em particular a tortura e o assassinato dos opositores. O estatuto da literatura ”“ a sua capacidade de dizer aquilo que é interdito à historiografia, a possibilidade de recriar o real através da imaginação ”“ permitiu, de fato, a muitos escritores testemunhar o horror e a violência que marcaram o regime instaurado no Brasil cinquenta anos atrás, chegando a nos dar a representação “física” da dor e do sangue derramado por um Poder agindo em estado de exceção.
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Referências
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