Lares, cellulares. Sobre arquitetura e domesticação

Autores

  • Fernando Freitas Fuão

DOI:

https://doi.org/10.18830/issn2238-362X.v14.n1.2024.04.

Palavras-chave:

Deuses Lares, Propriedade privada, domesticação, celulares, espectros.

Resumo

No oikos, no domus, no culto aos deuses ‘lares’, está enraizada a domesticação, também a ética da hospitalidade, a questão do familiar versus não familiar, temas esses que passam pelo problema milenar e cultural do lar, do culto aos mortos, e posteriormente
vão se trasladar ao culto dos monumentos. O artigo mostra ainda como a questão dos mortos foi e continua sendo determinante no processo de domesticação, principalmente na questão da cidade moderna do século XX com Le Corbusier. O artigo busca, ainda, evidenciar a persistência do fogo sagrado, agora não mais através dos deuses lares, dos antepassados; e que esse fogo reunia todos os familiares, e esses escutavam as leis pronunciadas pelos deuses geração após geração. Esse fogo foi substituído
na Idade Moderna pelas máquinas – antes no rádio, depois a televisão, hoje o computador e mais enfaticamente sua apoteose nos ‘celulares, os novos deuses celulares da supremacia das individualidades –, e agora nos domesticam de outra forma através
do consumo. Finalmente o artigo está baseado em autores como: Fustel de Coulanges, Jean-Claude Schmitt, Jacques Derrida, John Zerzan, Peter Sloterdijk, Hannah Arendt.

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Biografia do Autor

Fernando Freitas Fuão

Fernando Freitas Fuão é professor titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS. Professor do Programa de pesquisa e pós-graduação em arquitetura (PROPAR), e pesquisador do CNPq Líder do grupo de pesquisa (CNPq): Arquitetura, Derrida e aproximações.

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Publicado

01-08-2024

Como Citar

Freitas Fuão, F. (2024). Lares, cellulares. Sobre arquitetura e domesticação . Revista Estética E Semiótica, 14(1), 50–66. https://doi.org/10.18830/issn2238-362X.v14.n1.2024.04.

Edição

Seção

Artigos