v. 15 n. 1 (2025): RES 1-2025
A quantidade é apenas um vetor da realidade, não seu todo. É problemático assentar-se numa lógica que repousa e dormita no número, na certeza da calculabilidade de tudo. Basta aparecer um fator não previsto, e lá se vão todas as certezas. A qualidade não é apenas um gosto subjetivo, mas o modo de ser e estar das coisas. É preciso despir a arrogância e admitir a força da fragilidade do “talvez”, típico das ciências humanas e dos não-saberes.
Na lógica do Qualis, uma publicação qualquer vale 1 como valeria 1 um ensaio como A origem das Espécies, O capital, A teoria da relatividade, Ser e tempo. Em função dessa lógica ilógica se distribuem verbas, cargos, bolsas. Isso não é sério. O Brasil não é sério. Essa lógica numeral não sabe sequer o que é qualidade, mas pretende ditar a excelência ou carência de linhas de pesquisas, de laboratórios, equipamentos, da quantidade de computadores que os órgãos de fomento fornecem para os pesquisadores.
ISSN 2238-362X

