A ARTE DE OBSERVAR SEM SER OBSERVADO

Autores

  • Aline Stefânia Zim

DOI:

https://doi.org/10.18830/http://dx.doi.org/10.18830/issn.2238362X.n2.2018.4

Palavras-chave:

Automatização. Supressão da linguagem. Estranhamento. Distopias.

Resumo

As tensões e contradições entre a realidade e a ficção são aspectos explorados por Orwell (1984) e Weir (The Truman Show) para revelar progressivamente a verdadeira natureza de suas obras: em 1984, uma distopia fictícia que estiliza a automatização e a manipulação pela arte-propaganda na vida real; em Truman, uma alegoria da vida contemporânea, a própria sociedade do espetáculo, forjada nos estúdios de fabricação de memórias. Ao contrário da ficção, infelizmente, as estruturas de poder no mundo real pouco se revelam, já que a sua condição de permanência é o ocultamento. A arte como recurso utilitário do Estado tem papel fundamental na automatização da linguagem: esse é o seu fim. Os regimes totalitários ganharam público porque souberam manipular os arquétipos pelos meios de comunicação, pois a ditadura só é mantida pela adequação entre ideologia e realidade. Os recursos de controle dos sistemas de produção e de reprodução de mídias são mecanismos da arte-propaganda que censuram a linguagem artística em direção à automatização da visão de mundo. A poética, num contexto de otimização de recursos, é desnecessária; a produção artística, por sua vez, é reduzida a termos permitidos e não permitidos. Sofisticando-se os métodos, institui-se o juízo de gosto sobre o que é considerado como arte maior e arte menor, ou como bom e ruim. Nesse sentido, o ensaio sugere um diálogo entre as distopias ficcionais, lidas como alegorias da vida contemporâneo, e a automatização da visão de mundo.

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Publicado

01-01-2019

Como Citar

Zim, A. S. (2019). A ARTE DE OBSERVAR SEM SER OBSERVADO. Revista Estética E Semiótica, 8(2), 53–62. https://doi.org/10.18830/http://dx.doi.org/10.18830/issn.2238362X.n2.2018.4