Revisitação a Gouet (1976): a concordância em DPs contendo nomes de marcas comerciais

Résumé

O presente trabalho resgata, a partir de Gouet (1976), reflexões que percorreram as seis últimas décadas, em caráter de vanguarda, e que perduram, com relevância atual, por reconhecerem a necessidade de se considerarem elementos nulos para identificação de padrões formais e sintáticos de concordância. Especificamente, Gouet (1976) aborda dados do francês (Un Bourgogne blanc, s’il vous plait!) em que o artigo se flexiona em gênero diverso do nome que o segue. Para o autor, o gênero do artigo no masculino se deve ao gênero, também no masculino, do nome do produto (vin), não expresso, em detrimento do gênero feminino do nome próprio da marca (Bourgogne), expresso. O referido padrão de concordância com nome nulo se mostra consistente com dados do português do Brasil (PB) correspondentes aos do francês, contendo nomes de marcas comerciais (Um Bourgogne branco, por favor!), que serão explorados neste trabalho. O referido padrão também se coaduna com aquele revelado por pesquisas recentes (Pereira, 2017, 2018, 2020, 2023a-b, 2024ac) sobre concordância com silent nouns (Kayne, 2005, 2019, 2021), em uma série de outras estruturas do PB. O diálogo com essas pesquisas permite a elaboração de uma proposta de análise sintática dos dados então apresentados. Dessa forma, as reflexões de Gouet (1976) são, a partir deste trabalho, resgatadas, revisitadas e assim presentificadas, devido à sua contribuição para os estudos de concordância nominal, especialmente no que se refere ao papel dos nomes nulos.