CHAMADA ABERTA - N. 66 - Literatura e teoria de autoria negra no Atlântico Sul

13-05-2024

Com intuito de dar visibilidade à produção da crítica contemporânea negra, esta chamada propõe um volume de ensaios e artigos orientados pela interseção entre literatura e teoria de autoria negra no Atlântico Sul.  Desde o início da escravização transatlântica até a diáspora negra do presente, a negritude tem sido uma forma de contestar e subverter o racismo estrutural. Junto com a ação coletiva, definidora de comunidades negras e as relações interraciais, sempre existiu a reflexão, o pensamento e a expressão de autores/autoras, artistas e intelectuais negros e negras. Convidamos, para compor esse dossiê, trabalhos de pesquisa que refletem sobre essas formas de expressão, especialmente literárias, mas também em outros meios artísticos da palavra, e sua conexão e potência para gerar uma política engajada com novas formas de pensar a raça, a negritude, o privilégio branco e a ação coletiva. Desejamos reunir reflexões sobre a imensa e rica produção atual da crítica brasileira em uma dimensão internacional. De que forma as teorias e arte de Abdias de Nascimento, Beatriz Nascimento, Lélia Gonzalez, Denise Ferreira da Silva e Conceição Evaristo, dentre outras/outros, podem dialogar criticamente com autores/autoras negros/negras de outras regiões diaspóricas? Qual é a recepção e influência desses e outras/outros teóricas/os afro-brasileiras/os dentro e fora do Brasil? Qual é o diálogo que no Brasil se produziu com os pensadores negros/negras diaspóricos desde W. E. B. DuBois até Fred Moten? Se o espaço do Atlântico Sul foi uma região de intercâmbio específico, de que forma a produção Luso-Africana, assim como de pensadores/as africanos/as, influencia ou diverge da crítica brasileira? De que forma as religiões de matriz africana, as noções de “ancestralidade” e relações entre o quilombismo e o indigenismo têm marcado a arte e literatura negra brasileira? Há movimentos políticos (Black Lives Matters e movimentos anti-carcerários) e artísticos (afro-futurismo) que tem ultrapassado fronteiras, gerando nova força política nas suas interseções globais? Qual é a potência de interseccionalidade de gênero, de sexualidade e de outras divergências do poder normativo, assim como políticas de aliança não-negra? Com particular interesse, então, com base nessas indagações, serão aceitos trabalhos que considerem: as consequências e potência de conceitos artísticos e políticos desenvolvidos pela crítica negra na dimensão histórica e atual: a “dupla consciência” de W. E. B. DuBois e a teoria de Frantz Fanon; o pan-africanismo e suas versões luso-africanas; o “quilombismo” de Abdias de Nascimento e de Beatriz de Nascimento, as relações com marxismo e a psicanálise de Lélia Gonzales a Neusa Santos Souza, levando em consideração as diferenças entre as perspectivas críticas e teóricas e as noções de comunidade que essas referências geram; a definição de descolonização como “a restauração total do valor expropriado do labor e terra negra e indígena” (Denise Ferreira da Silva); a escrevivência (Conceição Evaristo) como teoria da expressão negra; o afropessimismo (Wilderson) e a ancestralidade (Pinho) como base de política negra; as reparações históricas coletivas e individuais e o afrofuturismo como horizonte imaginário do futuro.

 

Prazo para submissão: 02 de agosto de 2024.

  • Ao menos um dos autores da contribuição deverá ter o título de doutor.
  • Revista Cerrados aceita textos em português, inglês, espanhol, italiano e francês.
  • A submissão precisa seguir os padrões de estilo e requisitos bibliográficos descritos em Diretrizes para Autores - submissões em desacordo serão rejeitadas.
  • Lançamento previsto para dezembro de 2024.

 

Organizadoras:

Adriana de Fátima Alexandrino Lima Barbosa (UnB)

Anna Heron More (UnB)