Casa de ferreiro, espeto de pau: a alimentação cotidiana de cozinheiras profissionais
DOI :
https://doi.org/10.4000/126rlMots-clés :
cozinheiras, alimentação, estrategias alimentares, trabalho culinarioRésumé
O objetivo deste artigo foi compreender de que forma mulheres trabalhadoras de cozinhas de restaurantes no Brasil e na Espanha conciliam suas carreiras remuneradas com os afazeres domésticos, especialmente a produção de alimentos em casa. Os relatos biográficos foram obtidos por entrevistas individuais usando a técnica de construção de trajetórias profissionais. Os dados foram analisados à luz da reflexão sobre a conciliação da vida pessoal com a carreira, com enfoque na produção de alimentos em casa, revelando os seguintes temas: cansaço e falta de tempo; rede de apoio ou terceirização do trabalho doméstico; estratégias para alimentar-se; comer no trabalho; e alimentação ruim. Nessa dinâmica, o comer em família é transposto ao espaço do trabalho e as maneiras de comer no espaço privado adaptam-se às circunstâncias possíveis, muitas vezes negligenciando aspectos de saúde. O domínio das habilidades culinárias tem sido tratado recentemente na literatura como uma das formas para superar obstáculos sociais, físicos e econômicos para garantia da segurança alimentar e nutricional, porém políticas integradas de trabalho e benefícios sociais são fundamentais para uma abordagem mais ampla da questão.
Téléchargements
Références
Alcañiz-Moscardó, Mercedes. 2017. “Trayectorias laborales de las mujeres españolas: Discontinuidad, precariedad y desigualdad de género”. La ventana 5, nº 46: 244–85.
Antunes, Ricardo. 2001. “Trabalho e precarização numa ordem neoliberal”. In A Cidadania Negada: Políticas de exclusão na educação e no trabalho, organizado por Pablo Gentili, e Gaudêncio Frigotto, 37–50. 2ª ed. São Paulo: Cortez.
Ávila, Maria Betânia, e Verônica Ferreira, orgs. 2014. Trabalho remunerado e trabalho doméstico no cotidiano das mulheres. Recife: SOS Corpo; Instituto Patrícia Galvão.
Bienarcki, Patrick, e Dan Waldorf. 1981. “Snowball Sampling: Problems and techniques of chain referral sampling”. Sociological Methods & Research 10, nº 2: 141–63. https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/004912418101000205
https://doi.org/10.1177/004912418101000205
Borba, Clarissa Galvão Cavalcanti. 2015. “Dos ofícios da alimentação à moderna cozinha profissional: Reflexões sobre a ocupação de chef de cozinha”. Tese de doutorado, Universidade Federal de Pernambuco.
Brasil. 2006. Decreto-Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências. Diário Oficial da União.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Atenção Básica. 2014. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_ populacao_brasileira_2ed.pdf
Briguglio, Bianca. 2020. “Cozinha é lugar de mulher?: A divisão sexual do trabalho em cozinhas profissionais”. Tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas.
Brito, Jussara Cruz de. 2000. “Enfoque de gênero e relação saúde/trabalho no contexto de reestruturação produtiva e precarização do trabalho”. Cadernos de Saúde Pública 16, nº 1: 195–204.
https://doi.org/10.1590/S0102-311X2000000100020
Castro, Inês Rugani Ribeiro de, Thais Salema Nogueira de Souza, Luciana Azevedo Maldonado, Emília Santos Caniné, Sheila Rotenberg, e Silvia Angela Gugelmin. “A culinária na promoção da alimentação saudável: delineamento e experimentação de método educativo dirigido a adolescentes e a profissionais das redes de saúde e de educação”. Revista de Nutrição 20, nº 6: 571–88. https://doi.org/10.1590/S1415-52732007000600001
Contreras, Jesus. 2005. “Patrimônio e globalização: O caso das culturas alimentares”. In Antropologia e Nutrição: Um diálogo possível, organizado por Ana Maria Canesqui, e Rosa Wanda Diez Garcia, 129–46. Rio de Janeiro: Fiocruz.
Contreras, Jesus, e Mabel Gracia-Arnaiz. 2011. Alimentação, sociedade e cultura. Rio de Janeiro: Fiocruz.
Creswell, John W. 2014. Investigação qualitativa e projeto de pesquisa: Escolhendo entre cinco abordagens. 3. ed. Porto Alegre: Penso.
Federici, Silvia. 2019. O ponto zero da revolução: Trabalho doméstico, reprodução e luta feminista. São Paulo: Elefante.
Gracia-Arnaiz, Mabel. 2009. “¿Qué hay hoy para comer?: Alimentación cotidiana, Trabajo doméstico y relaciones de género”. Caderno Espaço Feminino 21, nº 1: 209–37.
Hirata, Helena. 2011. “Tendências recentes da precarização social e do trabalho: Brasil, França, Japão”. Caderno CRH 24, nº 1: 15–22.
Hirata, Helena, e Danièle Kergoat. 2007. “Novas configurações da divisão sexual do trabalho”. Cadernos de Pesquisa 37, nº 32: 595–609.
https://doi.org/10.1590/S0100-15742007000300005
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2018. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios: PNAD. Rio de Janeiro: IBGE.
Kergoat, Danièle. 2021. O trabalho, um conceito central para os estudos de gênero? In Trabalho, logo existo: Perspectivas feministas, organizado por Margaret Maruani, 287–94. Rio de Janeiro: Editora FGV.
Kergoat, Danièle. 2009. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. In Dicionário Crítico do Feminismo, organizado por Helena Hirata et al. São Paulo: Editora da Unesp.
Lane, Melissa M., Elizabeth Gamage, Shutong Du, Deborah N Ashtree, Amelia J McGuinness, Sarah Gauci, Phillip Baker, Mark Lawrence, Casey M Rebholz, Bernard Srour et al. 2024. “Ultra-processed food exposure and adverse health outcomes: Umbrella review of epidemiological meta-analyses”. BMJ, nº 384: e077310. https://doi.org/10.1136/bmj-2023-077310
Laufer, Jacqueline. 2002. “L’approche différenciée selon les sexes: Comparaison internationale”. Management International 7, nº 1: XI–XV.
Machado Maria das Dores Campos, e Myriam Lins de Barros. 2009. “Gênero, geração e classe: Uma discussão sobre as mulheres das camadas médias e populares do Rio de Janeiro”. Revista de Estudos Feministas 17, nº 2: 369–93. https://doi.org/10.1590/ S0104-026X2009000200005
Machado, Taís de Sant’Anna. 2022. Um pé na cozinha: Uma análise sócio-histórica do trabalho de cozinheiras negras no Brasil. São Paulo: Fósforo.
Martin Caraher, Monique Raats, Fiona Lavelle, Lynsey Hollywood, Dawn McDowell, Michelle Spence, Amanda McCloat, Elaine Mooney, Moira Dea. 2017. “Domestic cooking and food skills: A review”. Critical Reviews in Food Science and Nutrition 57, nº 11: 2412–31.
Ministerio de Igualdad. Instituto de las Mujeres. 2024. Mujeres en Cifras – Conciliación – Usos del tiempo. Gobierno de España. https://www.inmujeres.gob.es/MujerCifras/ Conciliacion/UsosdelTiempo.htm
Muñoz, Juan José Pujadas. 1992. El método biográfico: El uso de las historias de vida em ciencias sociales (Cuadernos Metodológicos, nº 5). Madrid: Centro de Investigaciones Sociológicas.
Nestle, Marion. 2019. Uma verdade indigesta: Como a indústria alimentícia manipula a ciência do que comemos. São Paulo: Elefante.
Nogueira, Mariana Brito Horta, Virginia Alves Carrara, e Simone Cardoso Lisboa Pereira. 2022. “Política de Segurança Alimentar e Nutricional no enfrentamento da fome produzida pelos impérios alimentares”. Revista Katálysis 25, nº 3: 507–16. https://doi.org/10.1590/1982-0259.2022.e86278
Oliveira, Mariana Fernandes Brito de, e Inês Rugani Ribeiro de Castro. “Cooking autonomy: a multilevel conceptual model on healthy home cooking”. Cadernos de Saúde Pública 38, nº 4: EN178221. https://www.scielo.br/j/csp/a/yGCRBBcKMsh39nHc8yMQtrJ/?lang=en
Ortner, Sherry. 2007. “Uma atualização da teoria da prática”. In Conferências e diálogos: Saberes e práticas antropológicas, organizado por Miriam Pillar Grossi, Cornelia Eckert, e Peter Henry Fry, 19–44. Blumenau: Nova Letra.
Pateman, Carole. 2018. El Desorden de las Mujeres: Democracia, feminismo y teoría política. Buenos Aires: Prometeo Libros.
Portilho, Fátima, Marcelo Castañeda, e Inês Rugani Ribeiro de Castro. 2011. “A alimentação no contexto contemporâneo: Consumo, ação política e sustentabilidade”. Ciência e Saúde Coletiva 16, nº 1: 99–106. https://doi.org/10.1590/S1413-81232011000100014
Tavares, Ariana de Oliveira, Aldo Pacheco Ferreira, e Maria de Fátima Ramos Moreira. 2018. “Impactos da Precarização do Trabalho na Segurança Alimentar e Nutricional: Contribuições para o debate sobre saúde e alimentação de trabalhadores terceirizados em Unidades de Alimentação e Nutrição”. Segurança Alimentar e Nutricional 25, nº 2: 12–28. https://doi.org/10.20396/san.v25i2.8652385
Saffioti, Heleieth. 1997. “Violência de gênero: Lugar da práxis na construção da subjetividadade”. Revista Lutas Sociais, nº 2: 59–79. https://www4.pucsp.br/neils/downloads/v2_artigo_saffioti.pdf
Salem, Tania. 2006. “Tensões entre gêneros na classe popular: Uma discussão com o paradigma holista”. Mana 12, nº 2: 417–47.
https://doi.org/10.1590/S0104-93132006000200007
Segal, Marcia Texler, e Vasilikie Demos, eds. 2016. Gender and food: From production to consumption and after. Leeds: Emerald Group Publishing.
Téléchargements
Publié-e
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés Daniela Alves Minuzzo, Fabiana Bom Kraemer 2024
Cette œuvre est sous licence Creative Commons Attribution 4.0 International.
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode.en
Creative Commons - Atribución- 4.0 Internacional - CC BY 4.0
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode.en