Confusões e desrespeito

uma (re)interpretação possível das falas dos moradores de favelas

Autores

  • Marcus Cardoso

Palavras-chave:

insulto moral, consideração, favelas, violência, polícia

Resumo

Neste artigo, debruço-me sobre dados etnográficos obtidos em diversas favelas cariocas para discutir a dimensão de insulto moral que determinadas práticas conduzidas por traficantes e policiais adquirem para os moradores dessas áreas. Suas narrativas permitem ir além na reflexão sobre como certas categorias recorrentemente empregadas pelos moradores de favelas dão acesso à teia de significados que revelam visões de mundo centrais para compreender o que está em jogo quando essas pessoas falam das suas experiências. Tomar as categorias locais e os contextos nos quais elas surgem como objeto de análise permite-nos vislumbrar determinados episódios e comportamentos que são apontados como problemáticos, pois são experimentados pelos moradores como gestos de desconsideração, uma ofensa à dignidade de determinado “tipo de pessoa” que vive nas favelas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALVITO, Marco. 2001. As cores de Acari: uma favela carioca. Rio de Janeiro: Editora FGV.
CARDOSO, Marcus. 2010. Como morre um projeto de policiamento comunitário: o caso do Cantagalo e do Pavão-Pavãozinho. Tese de Doutorado, Universidade de Brasília.
______. 2013. “A dimensão simbólica dos conflitos: moradores de favela e polícia”. Anuário Antropológico, 1:167-190.
______. 2014. “Demandas por direitos e a polícia na encruzilhada”. Revista Brasileira de Segurança Pública, 8(1):154-169.
CARDOSO DE OLIVEIRA, L. R. 2002. Direito legal e insulto moral: dilemas de cidadania no Brasil, Quebec e EUA. Rio de Janeiro: Relume-Dumará.
______. 2008. “Existe violência sem agressão moral?”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 23:135-146.
______. 2011. “A dimensão simbólica dos direitos e a análise dos conflitos”. Revista de Antropologia ”“ USP, 53:451-473.
______. 2013. “Equality, Dignity and Fairness: Brazilian Citizenship in Comparative Perspective”. Critique of Anthropology, 33(2):131-145.
GEERTZ, Clifford. 2002. “O saber local: fatos e leis em uma perspectiva comparativa”. In: ______. O saber local. Petrópolis: Vozes. pp. 249-356.
GLUCKMAN, Max. 2006. Politics, Law and Ritual in Tribal Society. Oxford: Transaction.
HOLSTON, James. 2008. Insurgent Citizenship: Disjunctions of Democracy and Modernity in Brazil. Princeton: Princeton University Press.
HONNETH, Axel. 2003. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Ed. 34.
MACHADO, Lia Z. 2010. “Antropologia e feminismo diante da violência”. In: ______. (org.). Feminismo em movimento. São Paulo: Ed. Francis. pp. 87-134.
MACHADO DA SILVA, L. A. 2008. Vida sob cerco: violência e rotinas nas favelas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
MACHADO DA SILVA, L.A. & LEITE, M. 2008. “Violência, crime e polícia: o que os favelados dizem quando falam desses temas?” In: L. A. MACHADO DA SILVA. Vida sob cerco: violência e rotinas nas favelas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. pp. 47-76.
MALINOWSKI, B.1978. Os argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo: Abril.
SIMIÃO, Daniel. 2005. As donas da palavra: gênero, justiça e a invenção da violência doméstica em Timor-Leste. Tese de Doutorado, Universidade de Brasília.
STRATHERN, Marilyn. 1999. “No limite de uma certa linguagem”. Mana, 5(2):157-175.
______. 2006. O gênero da dádiva: problemas com as mulheres e problemas com a sociedade na Melanésia. Campinas: Editora da Unicamp.
TAYLOR, Charles. 1994. “The Politics of Recognition”. In: A. Gutmann (Org.). Multiculturalism and the Politics of Recognition. New Jersey: Princeton University Press.
WOORTMANN, Ellen. 1994. Árvore da memória. Anuário Antropológico, 92:113-131.
ZALUAR, Alba. 1985. A máquina e a revolta. São Paulo: Brasiliense.

Downloads

Publicado

2018-02-16

Como Citar

Cardoso, Marcus. 2018. “Confusões E Desrespeito: Uma (re)interpretação possível Das Falas Dos Moradores De Favelas”. Anuário Antropológico 39 (2):261-82. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6830.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.