Indagação sobre os Kamayurá, o alto Xingu e outros nomes e coisas

uma etnologia da sociedade xinguara

Autores/as

  • Rafael José de Menezes Bastos

Palabras clave:

Antropologia

Resumen

Segundo aproximei em 1984-85, o nome Kamayurá é de origem Aruak: kãmá, "morto" + yúla, "jirau". Ele muito possivelmente aponta para o sentido de "mortos no jirau" (sendo moqueados). Tal é efetivamente a exegese dos Aruak Yawalapití para o etnônimo, uma acusação ”” sob a etiqueta xinguana ”” da prática hedionda do canibalismo: "antigamente, os Kamayurá eram muito perigosos...", é o que diz uma narrativa de Natáku', chefe Yawalapití que para mim consolidou a terrível etimologia (Menezes Bastos 1992). Terrível de um lado apenas: para os Kamayurá xinguanizados, que a não podendo negar simplesmente a renegam, a remetem para o passado ou a tratam sob evasivas. Mas apenas de um lado, disse eu, pois há pelo menos um outro ”” e mesmo muitos mais ”” desta história ou indagação. â– 

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Publicado

2018-02-02

Cómo citar

Bastos, Rafael José de Menezes. 2018. «Indagação Sobre Os Kamayurá, O Alto Xingu E Outros Nomes E Coisas: Uma Etnologia Da Sociedade Xinguara». Anuário Antropológico 19 (1):227-69. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6592.