MEDO E DINÂMICAS CRIMINAIS: NARRATIVAS DE JOVENS EM PERIFERIAS DE FORTALEZA/CE
DOI:
https://doi.org/10.26512/ser_social.v27i57.56809Palavras-chave:
Juventudes, Crime, Medo, Violência, Psicologia SocialResumo
Objetiva-se cartografar expressões psicossociais do medo em relação às dinâmicas sociais do crime no cotidiano de jovens inseridos/as em territorialidades periféricas de Fortaleza, tomando por base as narrativas desses sujeitos sobre suas trajetórias e experiências. Tratou-se de uma pesquisa-inter(in)venção, a de oficinas com jovens de uma escola. Os resultados ressaltam 5 formas principais pelas quais o medo se expressa: medo de circular pelo território e de morrer; o medo da vitimização de amigos e familiares; o medo de ser confundido com um “envolvido”, no “fogo cruzado” entre facções e forças de segurança pública; o medo relacionado à LGBTQIA+fobia, tendo em vista as hierarquias de gênero reforçadas pelos modus operandi masculinista das dinâmicas criminais; e o medo de falar. Conclui-se que as transformações do crime, ao intensificarem medos diversos, produzem efeitos na saúde mental de juventudes moradoras de periferias, o que precisa de maior atenção acadêmica e governamental.
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