A literatura como vestígio informacional e rastro testemunhal
DOI:
https://doi.org/10.26512/rici.v15.n3.2022.42995Palavras-chave:
Literatura, Arquivo, Documento, Vestígio informacional, Rastro testemunhalResumo
Partindo da premissa segundo a qual o texto literário pode ser tratado como um documento, o presente artigo objetiva analisar em que condições certas obras ficcionais e poéticas conseguem mobilizar e dar a ver, no cerne de sua escritura, um conjunto de vestígios informacionais e rastros testemunhais. Em face disso, trata-se de um estudo bibliográfico, documental e exploratório que, amparado pelos conceitos de rastro e vestígio, investiga como a literatura pode se constituir em “arquivo” que organiza, preserva e perpetua a memória histórica de uma época. Como resultado, demonstra-se que a escrita literária é capaz de agenciar em si inúmeros vestígios informacionais e rastros testemunhais com potencial para oferecer aos leitores uma imagem melhor delineada tanto sobre a história de vida de um escritor, quanto das contingências culturais e políticas que pautam as ações individuais e coletivas, bem como os acontecimentos de determinada realidade sócio-histórica.
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