Modas do mundo e moda mundial: sobre a partilha desigual de tarefas simbólicas entre Norte Global e Sul Global no mercado mundial de “moda ética”
DOI:
https://doi.org/10.26512/cmd.v2i1.7546Palavras-chave:
Mundialização da moda; Norte Global e Sul Global; novas hierarquias entre universal e particularResumo
A partir da atuação de marcas de “moda ética” que se oferecem no mercadomundial como “franco-brasileiras”, analisamos como as identidades de matriz geográfica são desterritorializadas para serem operadas no espaço mundial por atores não imediatamente vinculados aos territórios usados como fontessimbólicas de suas marcas, como o Brasil. Mostramos também que, por outro lado,a operação global da diversidade cultural imputada a povos e territórios discursados como “locais” não pode prescindir da apresentação de vínculos objetivos com os lugares de produção e com os produtores “locais” das mercadorias oferecidas no espaço mundial, vínculos que funcionam como uma espécie de lastro do caráter alegadamente ético e autêntico daquelas marcas de moda. Essa “injunção do local” característica da chamada “moda ética” traz consigo novas relações entre atores do “Global North” e do “Global South”, já que interesses mútuos são atendidos nas atuais “parcerias” estabelecidas no seio dessas marcas. Entretanto, essas relações não são isentas de hierarquias,pois, além da divisão internacional de trabalho continuar existindo, vemos surgir uma nova divisão mundial de tarefas simbólicas, de acordo com a qual ao “Sul” e a seus “atores fixos” caberia dotar o mercado mundial de moda de diversidade, enquanto que o “Norte” e seus respectivos “atores móveis” incumbir-se-iam da globalidade e,através dela, da organização, da classificação e da mundialização da diversidade de que se apropriam.
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