O ressentimento como inibição da ação, reação e ação na filosofia de Nietzsche

Autores

  • Antonio Edmilson Paschoal Universidade Federal do Paraná - UFPR

DOI:

https://doi.org/10.26512/rfmc.v4i1.12531

Palavras-chave:

Ativo-reativo, Vontade de poder, Ressentimento, Nietzsche, Dühring, Dostoiévski

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar as noções de ação, reação e inibição da ação na filosofia de Nietzsche tendo em vista a correlação delas com o conceito de ressentimento. Essa análise será feita tomando como texto básico a Genealogia da moral e considerando algumas leituras do filósofo vinculadas ao tema. A primeira delas é Dühring, em cujos escritos encontra-se a ideia de ressentimento como um “sentimento reativo” que, mecanicamente, daria origem a uma reação, à ação de vingança que ele chama de justiça. A segunda é Dostoiévski, cuja abordagem do tema amplia essa compreensão do ressentimento, incluindo nela a ideia de uma inibição da ação, de uma reação não efetivada em atos e que, por isso mesmo, volta-se para o interior do homem obstruindo sua vida presente. Conforme veremos, é esse fator psicológico que permitirá a Nietzsche usar o conceito sem prender-se à ideia elementar de uma simples reação mecânica.

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Biografia do Autor

Antonio Edmilson Paschoal, Universidade Federal do Paraná - UFPR

Graduado em Filosofia pela PUC-PR, mestre em Filosofia pela PUC-SP e doutor em Filosofia pela UNICAMP, com pesquisa desenvolvida na Freie Universität-Berlin. Realizei dois estágios de pós-doutorado, um na Universität Leipzig e outro na Ernst Moritz Arndt Universität Greifswald. Concentro minhas atividades em duas áreas de atuação. A primeira compreende a filosofia prática posterior a Kant, com projetos sobre a "Má consciência e o ressentimento" e "Tempo histórico e subjetividade", nos quais realizo estudos sobre aspectos da filosofia de Nietzsche em interface com o pensamento de Kant, Dostoiévski, Schopenhauer e Foucault. A segunda compreende o ensino de filosofia, em especial no ensino médio. Nessa área já prestei várias assessorias ao MEC, SEED-PR e ANPOF, destacando-se a participação nos debates e redação das "Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino de Filosofia no Ensino Médio" e na organização do PROF-FILO, um Programa de Pós-Graduação em Filosofia - mestrado Profissional - em rede nacional. Minhas pesquisas nessa área vinculam-se ao projeto "História da filosofia e autonomia de pensamento". Como resultados, meu trabalho inclui algumas traduções e publicações autorais, dentre as quais temos os livros ?A genealogia de Nietzsche?, ?Nietzsche e a auto-superação da moral? e "Nietzsche e o ressentimento". Fui docente do Departamento de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná de 1987 a 2014 e atualmente é professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Paraná, atuando no Curso de Filosofia, no Programa de Pós-Graduação em Filosofia e no núcleo local do PROF-FILO. Também coordeno o PROF-FILO nacional, sou membro do grupo de sustentação do GT-Nietzsche da ANPOF e um dos editores da Revista Estudos Nietzsche, do GT Nietzsche.

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Publicado

24-11-2016

Como Citar

PASCHOAL, Antonio Edmilson. O ressentimento como inibição da ação, reação e ação na filosofia de Nietzsche. Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, [S. l.], v. 4, n. 1, p. 34–43, 2016. DOI: 10.26512/rfmc.v4i1.12531. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/fmc/article/view/12531. Acesso em: 22 dez. 2024.