Edições anteriores
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Temporal - prática e pensamento contemporâneos: A Arte, as artes
v. 2 n. 4 (2018)Djanira (1914-1979) foi uma artista brasileira cuja produção se dava num discurso aparentemente deslocado dos paradigmas considerados centrais no século XX. Mas, mesmo sob o lugar comum do naïf, suas obras não se eximem de circulações nas quais estão presentes grandes nomes institucionalmente legitimados, desde Henri Matisse a Alfredo Volpi. Ademais, com o passar das décadas, a artista chamou a atenção por parte de escritores da crítica e da academia, entre os quais podemos citar Mário Pedrosa. Há fronteiras frágeis, porém suficientemente persistentes, que direcionam os sistemas de artes que hoje conhecemos, desde de galerias até universidades. Em suas tensões e incoerências, tais critérios institucionais não deixam de ser profícuo objeto de discussão acerca dos espaços artísticos e seus impactos.
Com o intuito de pensar artes, entre elas o paradigma ocidental da Arte, a revista Temporal: prática e pensamento contemporâneos convidou a comunidade a submeter trabalhos para este nosso número, intitulado A Arte, as artes.
Capa: linoleogravura de Lennon Noleto, fotografada por Caroline Ribeiro
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Temporal - prática e pensamento contemporâneos: Justiça
v. 2 n. 3 (2018)Dossiê Justiça
Walter Benjamin, em um texto de 1921, cujo teor de complexidade já se enuncia na difícil tradução de seu título Zur Kritik der Gewalt, Para uma crítica da violência ou Crítica da violência ”“ crítica do poder, pensa como se institui a ordem do direito:
"A justiça é o principio de toda instauração divina dos fins, o poder é o princípio de toda instauração mítica do direito". (Para uma crítica da violência, In: Escritos sobre mito e filosofia, 2011).
A Justiça, ordem divina dos fins, não se estabelece por um código de Direito, ordem violenta e mítica dos meios. Direito, poder e violência estão, portanto, imbricados. E a relação entre Justiça e Direito é problemática. Claro que a leitura é polêmica ”“ e aberta a contraposições ”“, mas não deixa de ser atual pensar qual a potência/poder ”“ Gewalt ”“ do Direito e da Justiça nos dias atuais. Este número propõe investigar esse poder em suas múltiplas facetas.
Fotografia da capa: Marco Antonio Rodrigues, 2016.
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Temporal - prática e pensamento contemporâneos: Didascália ”“ escrita pelas margens
v. 1 n. 2 (2017)“dizer as rubricas em voz alta”
Dossiê Comunidade acadêmica, o que é, como se faz
Em sua resposta ao debate sobre o positivismo nas ciências sociais, Adorno assim classifica a noção de comunidade científica tal como proposta por seus interlocutores:
“Popper esclarece a objetividade científica que sustenta: ‘Esta pode ser explicada somente mediante categorias sociais tais como: competição (tanto dos cientistas isolados, como das diversas escolas); tradição (a tradição crítica); instituição social (como por exemplo publicações em diferentes periódicos concorrentes e por meio de diferentes editoras concorrentes; discussões em congresso); poder do Estado (a tolerância política das discussões livres)’ [Popper, A Lógica das ciências sociais]. Estas categorias são notoriamente problemáticas. Assim, a categoria de competição encerra todo o mecanismo da concorrência, inclusive aquele funesto, denunciado por Marx, conforme o qual o sucesso no mercado tem primazia frente à qualidade das coisas, mesmo tratando-se de formações espirituais. A tradição em que Popper se apoia tornou-se indubitavelmente , no interior das universidade, em freio das forças produtivas [...].” (ADORNO, Positivismo na sociologia alemã)
Frente à s proposições de Popper e à s críticas de Adorno, este dossiê visa pensar a legitimidade científica em várias áreas do conhecimento humano, das ciências à s artes. E visa pensar por dentro das suas práticas legitimadoras, qual seja, a instituição dos periódicos acadêmicos, em uma crítica imanente ao próprio sistema.
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Temporal - prática e pensamento contemporâneos: Sobre a noção de Tolerância
v. 1 n. 1 (2017)Dossiê Sobre a noção de Tolerância
Aproveitando a efeméride dos 500 anos da Reforma Protestante, o dossiê propõe articular o tema em instâncias várias, tanto históricas quanto ligadas à atualidade. Os artigos, ensaios e demais produções abarcados por essa seção devem pensar como a quebra de um ethos comunitário, mais ou menos pactuado em torno da religião e de valores a ela correlatos, obrigou as sociedades ocidentais ”“ e aquelas que foram por estas colonizadas ”“ a reorganizar suas estratégias de convivência não mais em torno da comunhão ética, mas em torno de indivíduos, cujos imaginários e opiniões fragmentam-se ao infinito. As estratégias mínimas de proximidade e as partilhas tensas podem ser ensaios possíveis para uma nova noção de democracia e de pacto social ou cultural?