Cientistas como cidadãos e especialistas na detecção do desmatamento na Amazônia
Palabras clave:
monitoramento do desmatamento, Amazônia, Brasil, interface ciência-políticaResumen
Este artigo examina como cientistas lidam com as tensões que emergem de seu lugar enquanto provedores de conhecimento objetivo e como cidadãos preocupados com a forma como suas pesquisas influenciam a política e a tomada de decisão no Brasil. O artigo discute isso através de um relato etnográfico de práticas de cientistas que utilizam tecnologia de sensoriamento remoto, suas atividades de produção de conhecimento e as controvérsias sociopolíticas mais amplas que permeiam a detecção do desmatamento na floresta amazônica. Estratégias para mitigar a incerteza são aspectos centrais das práticas analisadas, trazendo controvérsias ‘externas’ para o ‘interior’ do laboratório, tornando essas fronteiras conceitualmente problemáticos. Em particular, a antecipação de interpretações alternativas da cobertura da floresta tropical é uma forma crucial pela qual os cientistas trazem o mundo para o laboratório, ajudando a esclarecer como os cientistas, geralmente vistos e analisados como ‘isolados’, estão, na prática, frequentemente em constante diálogo com as controvérsias políticas mais amplas relacionadas ao seu trabalho. Esses insights ajudam a questionar a ideia de que o monitoramento do desmatamento por meio de sensoriamento remoto é uma forma de pesquisa isolada, desenhando um quadro mais complexo do duplo papel dos cientistas como produtores de conhecimento e cidadãos preocupados.