Percepção e Enfrentamento do Psicossomático na Relação Médico-Paciente
Perceiving and Facing the Psychosomatic in the Physician-Patient Relationship
Mots-clés :
Medicina psicossomática, Medicina, Doença psicossomática, Educação médica, Psicologia médica, Relação médico-pacienteRésumé
Com o objetivo de compreender a vivência de médicos no atendimento a pacientes psicossomáticos, foi realizada uma pesquisa qualitativa e fenomenológica com quatro profssionais da medicina. A compreensão das entrevistas mostra que as condutas perfazem um percurso iniciado por um diagnóstico, seguido de uma mobilização pessoal que os conduz a tentativas de reorganizar a relação médico-paciente e a utilizar algumas terapêuticas, bem como demonstram seu despreparo na abordagem do tema. Esse percurso é compreendido de acordo com o modelo biomédico que rege as concepções e práticas apreendidas desde a graduação. No entanto, essa formação gera difculdades no manejo de aspectos psicológicos, e não apenas dos referidos como elementos psicogênicos do adoecimento, típicos das compreensões psicossomáticas. Evidencia-se uma aprendizagem médica em que se dá mais atenção à doença do que ao ser que adoece.
Palavras-chave: medicina psicossomática, medicina, doença psicossomática, educação médica, psicologia médica, relação médico-paciente
Téléchargements
Références
Aciole, G. (2006). A Lei do Ato Médico: Notas sobre suas
influências para a educação médica. Revista da Associação
Médica Brasileira, 30(1),47-54.
Aisenstein, M. (2008). Beyond the dualism of psyche and soma.
The Journal of the American Academy of Psychoanalysis and
Dynamic Psychiatry, 36(1), 106-123.
Alves, V. L., & Espinha, T. (2014). Compreensão do distúrbio
psicossomático a partir da vivência de médicos. Interação em
Psicologia, 18(1), 71-81.
Alves, V. L., Lima, D. D., Rivorêdo, C. R., & Turato, E. R. (2012).
Emoção e soma (des) conectadas em páginas de revista:
As categorias temáticas do discurso prescritivo sobre os
fenômenos da vida e da doença. Ciência e Saúde Coletiva,
(2), 537-543.
Amatuzzi, M. M. (2003). Pesquisa fenomenológica em psicologia.
In M. A. Bruns & A. Holanda (Orgs.), Psicologia e pesquisa
fenomenológica: Reflexões e perspectivas (pp. 17-25). São
Paulo: Alínea.
American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico
e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre:
Artmed
Aragaki, S. S., & Spink, M. J. (2009). O lugar da psicologia na
educação médica. Interface, 13(28), 85-98.
Baroni, D. P., Vargas, R. F., & Caponi, S. N. (2010). Diagnóstico
como nome próprio. Psicologia e Sociedade, 22(1), 70-77.
Bombana, J. B. (2006). Sintomas somáticos inexplicados
clinicamente: Um campo impreciso entre a psiquiatria e a
clínica médica. Journal Brasileiro de Psiquiatria, 55(4),
-312.
Camargo Jr., K. R. (2003). Sobre palheiros, agulhas, doutores e o
conhecimento médico: O estilo de pensamento dos clínicos.
Cadernos de Saúde Pública, 19(4), 1163-1174.
Caprara, A., & Franco, A. L. S. (1999). Relação paciente-médico:
Para uma humanização da prática médica. Cadernos de Saúde
Pública, 15(3), 647-654.
Caprara, A., & Rodrigues, J. (2004). A relação assimétrica médicopaciente:
Repensando o vínculo terapêutico. Ciência e Saúde
Coletiva, 9(1), 139-146.
Cassiano, L. S. C., & Ávila, L. (2007). Controvérsias sobre a
somatização. Revista de Psiquiatria Clínica, 34(6), 278-284.
Catani, J. (2014). Histeria, transtornos somatoformes e sintomas
somáticos: As múltiplas configurações do sofrimento psíquico
no interior dos sistemas classificatórios. Jornal de Psicanálise,
(86), 115-134.
Cerchiari, E. A. (2000). Psicossomática um estudo histórico e
epistemológico. Psicologia Ciência e Profissão, 20(4), 64-79.
Coelho Filho, J. (2007). Relação médico-paciente: a essência
perdida. Interface, 11(23), 631-633.
Connelly, L.M. (2010). What is phenomenology? Medsurg Nursing,
(2),96-100.
Costa, F. D., & Azevedo, R. C. (2010). Empatia, relação médicopaciente
e formação em medicina: Um olhar qualitativo.
Revista Brasileira de Educação Médica, 34(2), 261-269.
De Marco, M. (2003). A face humana da medicina. São Paulo:
Casa do Psicólogo.
De Gucht, V., & Fischler, B. (2002). Somatization: A critical review
of conceptual and methodological issues. Psychosomatics,
(1), 1-9.
De Gucht, V., & Maes, S. (2006). Explaining medically
unexplained symptoms: Toward a multidimensional, theorybased
approach to somatization. Journal of Psychosomatic
Research, 60(4), 349”“ 352.
Fernandes, J. C. (1993). A quem interessa a relação médico paciente?
Cadernos de Saúde Pública, 9(1), 21-27.
Figueira, M. L., & Ouakinin, S. (2008). From psychosomatic to
psychological medicine: What’s the future? Current Opinion
in Psychiatry, 21(4), 412 - 416.
Grosseman, S., & Stoll, C. (2008). O ensino-aprendizagem da
relação médico-paciente: Estudo de caso com estudantes do
último semestre do curso de medicina. Revista Brasileira de
Educação Médica, 32(3), 301-308.
Heidbreder, E. (1981). Psicologias do século XX (5ª ed., L. S.
Blandy, Trad.). São Paulo: Mestre Jou. (Trabalho original
publicado em 1933)
Hoyos, M. L., Ochoa, D. A., & Londoño, C. R. (2008) Revisión
crítica del concepto “psicosomático” a la luz del dualismo
mente-cuerpo. Pensamiento Psicológico, 4(10),137- 147
Lima, R. C. G. S., & Verdi, M. I. M. (2015). Discursos de médicos
de família brasileiros e italianos sobre autonomia na perspectiva
bioética. Saúde e Sociedade, 24(3), 1021-1032.
Lipowski, Z. J. (1986). Psychosomatic medicine: Past and present:
Current state. Canadian Journal of Psychiatry, 31(1), 2-7.
Lyketsos, C. G., Huyse, F. J., Gitlin, D. F., & Levenson, J. L. (2006).
Psychosomatic medicine: A new psychiatric subspecialty in the
U.S. focused on the interface between psychiatry and medicine.
European Journal of Psychiatry, 20(3), 165-171.
Mello Filho, J. (2002). Concepção psicossomática: Visão atual.
São Paulo: Casa do Psicólogo.
Moustakas, C. (1994). Phenomenological research methods.
Thousands Oaks, CA: Sage.
Organização Mundial da Saúde. (1993). Classificação de transtornos
mentais e de comportamento da CID-10: Descrições, clínicas
e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas
Ortega, F., & Zorzanelli, R. (2010). Corpo em evidência. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira.
Peres, R., Caropreso, F., & Simanke, R. (2015). A noção
de representação em psicanálise: Da metapsicologia Ã
psicossomática. Psicologia Clínica, 27(1), 161-174.
Perestrello, D. (1982). A medicina da pessoa. Rio de Janeiro:
Atheneu.
Rodrigues, J. T. (2003). A medicação como única resposta: Uma
miragem do contemporâneo. Psicologia em Estudo, 8(1),
-22.
Rosemberg, B., & Minayo, M. C. (2001). A experiência complexa
e os olhares reducionistas. Ciência e Saúde Coletiva, 6(1),
-123.
Tófoli, L. F., Andrade, L. H., & Fortes, S. (2011). Somatização
na América Latina: Uma revisão sobre a classificação de
transtornos somatoformes, síndromes funcionais e sintomas
sem explicação médica: Classificação de transtornos
somatoformes, síndromes funcionais e sintomas sem explicação
médica. Revista Brasileira de Psiquiatria, 33(Supl I), 59-69.
Trombini, G., & Baldoni, F. (2004). Distúrbios psicossomáticos:
Como restabelecer o equilíbrio entre mente e corpo. São Paulo:
Edições Loyola.
Turato, E. R. (2008). Tratado da metodologia da pesquisa clínico
qualitativa. Petrópolis: Vozes.
Ugarte, O. N., & Acioly, M. A. (2014). O princípio da autonomia
no Brasil: Discutir é preciso... Revista do Colégio Brasileiro
de Cirurgiões, 41(5), 274-277.
Volich, R. M. (2005). Psicossomática: De Hipócrates à psicanálise.
São Paulo: Casa do Psicólogo.
Zorzanelli, R. (2011). Sobre os diagnósticos das doenças sem
explicação médica. Psicologia em Estudo, 16(1),25-31.
