O Estabelecimento da Atenção Conjunta em um Bebê com Deficiência Visual Severa

Autores

  • Katia Miguel Colus FFCLRP - USP (Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo)

DOI:

https://doi.org/10.1590/0102.3772e3541

Palavras-chave:

Atenção conjunta, Bebê, Deficiência visual severa

Resumo

Atenção conjunta é uma capacidade relacional triádica, estabelecida na interação bebê-parceiro-objeto. É verificada pela direção do olhar ao olhar/ação do outro, sendo relatada como atenção visual conjunta. Pergunta-se como seria estabelecida em crianças cegas ou com deficiências visuais. Assim, investigou-se se e como ocorreriam construção, estabelecimento e manutenção da atenção conjunta em bebê com deficiência visual. Conduziu-se um estudo de caso de um bebê (inicialmente com sete meses), com videogravações, por quatro meses, na residência. A análise foi microgenética. Verificou-se que a atenção conjunta estabeleceu-se, foi construída e se manteve a partir de pistas não visuais, como táteis, olfativas, hápticas e sonoras. Adicionalmente, a emoção foi elemento favorecedor da atenção conjunta.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Katia Miguel Colus, FFCLRP - USP (Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo)

Graduada em Psicologia, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional, pelo Centro Universitário Barão de Mauá (Ribeirão Preto/SP). Especialista em Rorschach e Outros Métodos Projetivos, pela Sociedade Brasileira de Rorschach e Outros Métodos Projetivos (Ribeirão Preto/SP). Mestra em Psicologia do Desenvolvimento Humano, pelo Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. Membro do CINDEDI (Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento Humano e Educação Infantil). Vinculada ao Intercâmbio Internacional Brasil-Finlândia (2012) no projeto (In)Visible Toddlerhood: Global and Local Constructions of Toddlers Places in Institutions, com a Profa. Dra. Niina Rutanen, da Universidade de Tampere. Vinculada ao Projeto Fapesp (2010-2012): Linguagem, Comunicação e Significação em Processos Desenvolvimentais, nos dois primeiros anos de vida. Docente dos cursos presenciais em Pós Graduação lato sensu (especialização) do Centro Universitário Barão de Mauá(Ribeirão Preto/SP). Docente dos cursos presenciais em Graduação do Centro Universitário Moura Lacerda (Ribeirão Preto/SP). Docente e Supervisora de Estágio Observacional e Estágio em Psicologia Escolar e Educacional na Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Docente dos cursos a distância em Pós Graduação lato sensu (especialização) do Centro Universitário Barão de Mauá(Ribeirão Preto/SP) durante o ano de 2009. Atuou como psicóloga escolar contratada desde 1990 até 2008 em escolas particulares de Ribeirão Preto/SP, trabalhando desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.

Referências

Akhtar, N., & Gernsbacher, M. A. (2007). Joint attention and vocabulary development: A critical look. Language and Linguistic Compass, 1(3), 195-207. doi: 10.1111/j.1749-818x.2007.00014.x

Amorim, K. S., & Rossetti-Ferreira, M. C. (2008). Dialogismo e a investigação de processos desenvolvimentais humanos. Paidéia, 18(40), 235-250. doi: 10.1590/S0103-863X2008000200003.

Aquino, F. S. B., & Salomão, N. M. R. (2009). Contribuições da habilidade de atenção conjunta para a habilidade social infantil. Psicologia em Estudo, 14(2), 233-241. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722009000200003&lng=en&nrm=iso.

Batista, C. G. (2005). Formação de conceitos em crianças cegas: Questões teóricas e implicações educacionais. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 21(1), 7-15. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/ptp/v21n1/a03v21n1

Benigno, J. P., & Farrar, M. J. (2012). Determinants of joint attention in young siblings' play. Infant and Child Development, 21(2), 160-174.

Bicas, H. E. A., & Jorge, A. A. H. (2007). Oftalmologia: Fundamentos e aplicações. São Paulo: Tecmedd Editora.

Bigelow, A. E. (2003). The development in joint attention in blind infants. Development and Psychopathology, 15(2), 259-275. doi: 10.1017/S0954579403000142.

Bosa, C. (2002). Atenção compartilhada e identificação precoce do autismo. Psicologia, Reflexão e Crítica, 15(1), 77-88. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/prc/v15n1/a10v15n1.

Bruner, J. (1983). Como as crianças aprendem a falar. Lisboa: Instituto Piaget.

Bruner, J. (1997). Atos de significação. Porto Alegre: Artes Médicas.

Bussab, V. S. R., Pedrosa, M. I. C., & Carvalho, A. M. A. (2007). Encontros com o outro: empatia e intersubjetividade no primeiro ano de vida. Psicologia USP, 18(2), 99-133. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642007000200007&lng=en&tlng=pt. 10.1590/S0103-65642007000200007

Callaghan, T., Moll, H., Rakoczy, H., Warneken, F., Liszkowski, U., Behne, T., & Tomasello, M. (2011). Early social cognition in three cultural contexts. Monographs of the Society for Research in Child Development, 76(2), 34-104.

Camaioni, L., Aureli, T., Bellagamba, F., & Fogel, A. (2003). A longitudinal study examination of the transition to symbolic communication in the second year of life. Infant and Child Development, 12(2), 1-26. doi: 10.1002/icd.333

Carvalho, A. M. A., Bergamasco, N. H. P., Lyra, M. C. D. P., Pedrosa, M. I., Rubiano, M. R. B., Rossetti Ferreira, M. C. R., Vasconcellos, V. M. R. (1996). Registro em vídeo na pesquisa em psicologia: reflexões a partir de relatos de experiência. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 12(3), 261-267.

Carvalho, A., & Hamburger, A. I., & Pedrosa, M. I. (1996). Interação, regulação e correlação no contexto do desenvolvimento humano: discussão conceitual e exemplos empíricos. Publicações IFUSP, 1196, 1- 34.

Cavalcante, M. C. B. (2003). O estatuto do manhês na aquisição da linguagem. DLCV Língua, Linguística e Literatura, 1(1), 147-156. Recuperado de http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/dclv/article/view/7447

Clark, R.A. (1978). The transition from action to gesture. In A. Lock (Ed.), Action, gesture and symbol: The emergence of language. London: Academic Press.

Corkum, V., & Moore, C. (1998). Origins of joint visual attention in infants. Developmental Psychology, 34(1), 28-38. doi: 10.1037/0012-1649.34.1.28.

Deak, G. O., & Flom, R. A., & Pick, A.D. (2000). Effects of gesture and target on 12-and 18-month-olds' joint visual attention to objects in front of or behind them. Developmental Psychology, 36(4), 511-523. doi:10.1037/0012-1649.36.4.511.

Gilbert, C. (2001). New issues in childhood blindness. Journal of Community Eye Health. 15(40), 2001, 53-56. Recuperado de http://www.v2020la.org/actionplan/documents/New%20issues%20in%20childhood%20blindness.pdf

Góes, M.C.R. (2000). A abordagem microgenética na matriz histórico-cultural: Uma perspectiva para o estudo da constituição da subjetividade. Cadernos Cedes, 20(50), 9-25. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v20n50/a02v2050

Goffman, E. (1980). Estigma. Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar Editores.

Iverson, J. M. (2010). Multimodality in infancy: Vocal-motor and speech-gesture coordinations in typical and atypical development. Enfance, 3, 257-274. doi :http://dx.doi.org/10.4074/S0013754510003046

Leiman, M. (2002). Toward Semiotic Dialogism: The role of sign mediation in the Dialogical Self. Theory & Psychology, 12(2), 221-235. doi: 10.1177/0959354302012002631

Leung, E. H., & Rheingold, H. L. (1981). Development of pointing as a social gesture. Developmental Psychology, 17(2), 215-220. doi: 10.1037/0012-1649.17.2.215

Ochaita, E., & Rosa, A. (1995). Percepção, ação e conhecimento nas crianças cegas. In C. Coll, J. Palácio, & A. Marchesi (Orgs.), Desenvolvimento psicológico e educação (vol.3, pp.183-197). Porto Alegre: Artes Médicas.

Pedrosa, M. I. , & Carvalho, A. M. A. (2005). Análise qualitativa de episódios de interação: Uma reflexão sobre procedimentos e formas de uso. Psicologia: Reflexão & Crítica, 18(3), 431-442. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/prc/v18n3/a18v18n3.pdf

Perra, O., & Gattis, M. (2012). Attention engagement in early infancy. Infant Behavior & Development, 35(4), 635-644.

Sinha, C., & Rodriguez, C. (2008). Language and the signifying object: From convention to imagination. In C. Sinha, J. Zlatev, E. Itkonen, & T.P. Racine (Orgs.), The Shared Mind: Perspectives on intersubjectivity (pp. 357-378). Amsterdam: John Benjamins.

Sousa, A. D., Bosa, C. A., & Hugo, C. N. (2005). As relações entre deficiência visual congênita, condutas do espectro do autismo e estilo materno de interação. Estudos em Psicologia, 22(4), 355-364. ISSN 0103-166X. doi: 10.1590/S0103-166X2005000400003.

Spink, M. J. (1999). Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano: Aproximações teóricas e metodológicas. São Paulo: Cortez Editora.

Stern, D. (1992). Diary of a Baby. New York: Basic Books.

Taylor, C. L. (2010). Early motor development is part of the resource mix for language acquisition - a commentary on Iverson’s ‘developing language in a developing body: the relationship between motor development and language development’. Journal of Child Language, 37, 281-285. doi: 10.1017/S0305000909990468 281

Thoman, E. B. (1979). Changing views on the being and becoming of infants. In E. B. Thoman (Ed.), Origins of the infant’s social responsiveness (pp. 445-459). New York: John Wiley Sons.

Tomasello, M. (2003). Origens culturais da aquisição do conhecimento humano. São Paulo: Martins Fontes.

Tomasello, M., Carpenter, M., & Liszkowski, U. (2007). A new look at infant pointing. Child Development, 78(3), 705-722. doi: 10.1111/j.1467-8624.2007.01025.x

Trevarthen, C., & Aitken, K. J. (2001). Infant intersubjectivity: Research, theory and clinical applications. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 42(1), 3-48. doi: 10.1111/1469-7610.00701

Vallotton, C. (2011). Babies open our minds to their minds: How listening to infant signs complements and extends our knowledge of infants and their development. Infant Mental Health Journal, 32(1), 115-133. Doi: 10.1002/imhj.20286

Vallotton, C. D., & Ayoub, C. C. (2010). Symbols build communication and thought: The role of gestures and words in the development of engagement skills and social-emotional concepts during toddlerhood. Social Development, 19(3), 601-626. doi: 10.1111/j.1467-9507.2009.00549.x

Vanderwert, R. E., & Nelson, C. A. (2014). The use of near infrared spectroscopy in the study of typical and atypical development. Neuroimage, 85, 264-271.

Von Simson, O. R. M. (2009). Memória, cultura e sociedade do esquecimento [Apresentação realizada na Semana da Psicologia da (FFCLRP)]. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil.

Vygotsky, L. S. (1991). Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes .

Yin, R. K. (2005). Estudo de Caso. Planejamento e Métodos. Porto Alegre: Bookman.f

Downloads

Publicado

2019-02-20

Como Citar

Colus, K. M. (2019). O Estabelecimento da Atenção Conjunta em um Bebê com Deficiência Visual Severa. Psicologia: Teoria E Pesquisa, 35. https://doi.org/10.1590/0102.3772e3541

Edição

Seção

Estudos Empíricos