Qualidade e intensidade do afeto como determinantes da memória cotidiana

Autores

  • César Ades Departamento de Psicologia Experimental Universidade de São Paulo
  • Andrea Botelho Departamento de Psicologia Experimental Universidade de São Paulo
  • Cristiane Seixas Duarte Departamento de Psicologia Experimental Universidade de São Paulo
  • Marcelo Munhoz Teixeira Departamento de Psicologia Experimental Universidade de São Paulo
  • Maria Eugênia Arruk Departamento de Psicologia Experimental Universidade de São Paulo
  • Patrícia Cardoso de Melo Departamento de Psicologia Experimental Universidade de São Paulo
  • Patricia Gazire Departamento de Psicologia Experimental Universidade de São Paulo

Resumo

RESUMO - Investigou-se, através de uma variante do método do diário, o efeito da qualidade do afeto (agradável/desagradável) e de sua intensidade sobre a rememoração de eventos do dia-a-dia. Os participantes registravam 15 eventos de sua vida recente e, depois de um período curto (sete dias) ou longo (15 dias), eram submetidos a um teste de evocação. Além disso, tinham de julgar cada evento numa série de dimensões, incluindo a dimensão agradável/desagradável e dizer o quanto achavam que dele se lembravam. Tanto no intervalo curto como no longo, a avaliação da lembrança e das repetições espontâneas (rehearsal) assim como o acerto no teste de evocação dependiam da intensidade do afeto, mas não se deixavam influenciar em absoluto pelo caráter agradável ou desagradável do evento lembrado. A crença dos participantes de que eventos de maior impacto emocional ou de maior relevância pessoal são mais memoráveis traz uma confirmação suplementar para a hipótese de que o sentimento intenso, seja ele positivo ou negativo, é um fator básico na modulação da memória autobiográfica.

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Publicado

2012-08-15

Como Citar

Ades, C., Botelho, A., Seixas Duarte, C., Munhoz Teixeira, M., Eugênia Arruk, M., Cardoso de Melo, P., & Gazire, P. (2012). Qualidade e intensidade do afeto como determinantes da memória cotidiana. Psicologia: Teoria E Pesquisa, 6(2), 111–123. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/revistaptp/article/view/17088