Que tipo de conhecimento vale mais?

a redução do ensino de sociologia a condição de ‘estudos e práticas’ na Lei nº 13.415/2017

Authors

  • Vergas Vitoria Silva Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará (UFPA)

Keywords:

ensino de sociologia; Lei n.º 13.415/2017; teorias críticas do currículo.

Abstract

The article discusses the relationship between society and curriculum policies considering critical and sociological theories of the curriculum. The objective is to think about the subordinate place of sociology teaching in the context of Law 13,415/2017. Starting from the perspective according to which the teaching of sociology is constituted as a social, political, and ideological issue, this study aims to provide answers to the following question: what is behind the expedient that reduced the presence of sociology to the condition of “studies and practices”? In methodological terms, the study is based on a qualitative approach that employs the technique of document analysis of the content present in Law nº 13,415/2017. The results we reached suggest that the text of the Secondary Education Reform reflects the interests and perspectives of the dominant classes and is therefore not rooted in the context of the subaltern social strata, which could explain the resistance of the latter in relation to sociology. The secondary role attributed to the sociological discipline within the scope of the Secondary Education Reform reveals the regulatory and political nature of educational policies, as well as their alignment with the interests of capital. The replacement of the mandatory nature of sociology as a curricular subject with a legal provision that reduced it to “studies and practices” demonstrates that Law No. 13,415/2017 follows a selective tradition shaped by the perspective of certain groups in relation to what constitutes legitimate knowledge.

Downloads

Download data is not yet available.

References

AKKARI, A.; MESQUIDA, P. A pedagogia crítica e emancipatória/libertadora de inspiração freireana. Roteiro, [S. l.], v. 45, p. 1–22, 2020.

ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de Estado. Rio de Janeiro: Graal, 1983.

APPLE, Michael. A política do conhecimento oficial: faz sentido a ideia de um currículo nacional. In. MOREIRA, Antonio Flavio; TADEU, Tomaz. Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 2013b.

APPLE, Michael. Repensando ideologia e currículo. In. MOREIRA, Antonio Flavio; TADEU, Tomaz. Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 2013a.

ARAUJO, Ronaldo. Ensino médio brasileiro: dualidade, diferenciação escolar e reprodução das desigualdades sociais. Uberlândia: Navegando Publicações, 2019.

BAUMAN, Zygmunt. Aprendendo a pensar com a sociologia. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 2010.

BODART, Cristiano das Neves; OLIVEIRA, Rafaela Reis Azevedo de. a sociologia no novo currículo do ensino médio de Minas Gerais. Cadernos da Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais, [S. l.], v. 6, n. 1, p. 123–149, 2022. Disponível em: https://cabecs.com.br/index.php/cabecs/article/view/388. Acesso em: 19 jul. 2023.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.

BOURDIEU, Pierre. Questões de sociologia. Lisboa: Fim de Século, 2003.

BRASIL, Lei nº 13.145, de 16 de fevereiro de 2017. Altera a Leis nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm. Acesso em 21 jul. 2023.

BRASIL. Medida Provisória nº 746, de 22 de setembro de 2016. Institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e a Lei nº 11.494 de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, e dá outras providências. Brasília, 2016. Disponível em: Acesso em: 24 jul. 2023.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 21 jul. 2023.

CARVALHO FILHO, Juarez Lopes de. O ensino de sociologia como problema epistemológico e sociológico. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 39, n. 1, p. 59-80, jan./mar. 2014.

CHERVEL, Andre. História das disciplinas escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa. Teoria e Educação. n. 2, p. 177-229, 1990.

CIGALES, M. O ensino de sociologia e a escola democrática: desafios e possibilidades. Pós - Revista Brasiliense de Pós-Graduação em Ciências Sociais, [S. l.], v. 17, n. 2, p. 73–85, 2022.

COSTA, Marilda.; SILVA, Leonardo. Educação e democracia: Base Nacional Comum Curricular e novo ensino médio sob a ótica de entidades acadêmicas da área educacional. Revista Brasileira de Educação, v. 24, 2019.

DUBET, François. ¿Para qué sirve realmente un sociólogo? Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 2015.

DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

ELIAS, Norbert. Introdução à sociologia. Lisboa: Edições 70, 2008.

FORQUIN, Jean-Claude. As abordagens sociológicas do currículo: orientações teóricas e perspectivas de pesquisa. Educação e Realidade. v. 21, n. 1, 1996. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/71652. Acesso em: 20 jul. 2023.

FORQUIN, Jean-Claude. Escola e cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar. Trad. Guacira Lopes Louro. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

FURTADO, Renan.; DA SILVA, Vergas; BRITO, Aline. Ensino remoto e interdisciplinaridade: notas para (re)pensar o processo de escolarização no ensino médio. Olhares & Trilhas, [S. l.], v. 23, n. 2, p. 709–727, 2021.

GIDDENS, Anthony. Em defesa da sociologia. São Paulo: Editora UNESP, 2001.

GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. Os Intelectuais. O Princípio Educativo. V.2. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2000.

HYPOLITO, Á. M. Políticas curriculares, Estado e regulação. Educação & Sociedade, v. 31, p. 1337-1354, 2010.

LAHIRE, Bernard. Crenças coletivas e desigualdades culturais. Educ. Soc., Campinas, vol. 24, n. 84, p. 983-995, set. 2003.

LAHIRE, Bernard. Viver e interpretar o mundo social: para que serve o ensino de Sociologia. Revista Ciências Sociais UFC, v. 45, n. 1, p. 45-61, 2014.

LIMA, Jacob Carlos; CORTES, Soraya Maria Vargas. A sociologia no Brasil e a interdisciplinaridade nas ciências sociais. Civitas, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 416-435, set.-dez. 2013.

LÜDKE, M.; CRUZ, G. B. DA. Contribuições ao debate sobre a pesquisa do professor da educação básica. Formação Docente – Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação de Professores, v. 2, n. 3, p. 86-107, 18 dez. 2010.

MEUCCI, Simone. Encaixes, desencaixes e bloqueios: sociologia e educação no brasil da década de 1950. Lua Nova, São Paulo, 110: 77-98, 2020.

MEUCCI, Simone. Sociologia na educação básica no Brasil: um balanço da experiência remota e recente. Ciências Sociais Unisinos, São Leopoldo, Vol. 51, N. 3, p. 251-260, setembro/dezembro 2015.

MORAES, Amaury Cesar. Ensino de sociologia: periodização e campanha pela obrigatoriedade. Cad. Cedes, Campinas, vol. 31, n. 85, p. 359-382, set.-dez. 2011.

MORAES, Amaury Cesar. Licenciatura em ciências sociais e ensino de sociologia: entre o balanço e o relato. Tempo Social, v. 15, n. 1, pp. 5-20, 2003.

MOREIRA, Antonio; TADEU, Tomaz. Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 2013.

OLIVEIRA, Fernando Bonadia de. Entre liberais e tecnicistas: a didática nas reformas do ensino. Educação em Revista, v. 36, 2020.

SACRISTÁN, José Gimeno. O que significa o currículo? In. Saberes e incertezas sobre o currículo. Porto Alegre: Penso, 2013.

SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2008.

SCHLESENER, A. Educação repressiva e educação emancipadora: notas acerca da personalidade autoritária e seus desdobramentos na educação. Revista Katálysis, 24, 417-426, 2021.

SHIROMA, E. O; EVANGELISTA, O. Formação humana ou produção de resultados? trabalho docente na encruzilhada. Revista Contemporânea de Educação, vol. 10, n. 20, julho/dezembro, 2015.

SILVA, Mônica et al. Faz sentido uma Base Nacional Comum Curricular? Revista X, [S.l.], v. 15, n. 5, p. 09-17, nov. 2020.

SILVA, Vergas Vitória Andrade da; FURTADO, Renan Santos. A reforma em curso no ensino médio brasileiro e a naturalização das desigualdades escolares e sociais. e-Curriculum, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 158-179, jan. 2020.

TADEU, Tomaz. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016.

YOUNG, Michael. Du “curriculum en tant que construction sociale” à la “spécialisation intégrative”: quelques réflexions sur la sociologie du curriculum au Royaume-Uni (1971-1999). Revue Française de Pédagogie, n° 135, avril-mai-juin, 2001.

YOUNG, Michael. Teoria do currículo: o que é e por que é importante. Cadernos de Pesquisa. v.44, n.151, p.190-202. jan./mar. 2014.

Published

2023-12-28 — Updated on 2024-01-25

Versions

How to Cite

SILVA, Vergas Vitoria. Que tipo de conhecimento vale mais? : a redução do ensino de sociologia a condição de ‘estudos e práticas’ na Lei nº 13.415/2017 . Pós - Revista Brasiliense de Pós-Graduação em Ciências Sociais, [S. l.], v. 18, n. 2, p. 32–49, 2024. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistapos/article/view/50787. Acesso em: 11 may. 2024.