Sociologia, Racialização e a Educação Básica:

considerações acerca da construção de materiais didáticos

Resumo

O presente artigo trata da construção da Sociologia, destacando sua perspectiva teórica hegemônica predominantemente “europeia” em um contexto transnacional. Abordamos o desenvolvimento da disciplina no cenário brasileiro, tanto em termos de sua formação curricular quanto de seu conteúdo em materiais didáticos. O texto destaca o resgate de figuras como W. E. B. Du Bois, nos Estados Unidos, e intelectuais brasileiros, como Virgínia Bicudo e Abdias Nascimento, questionando a hegemonia dos chamados “clássicos da Sociologia”. Além disso, reflete sobre como a Sociologia, ao se estabelecer no Brasil, contribuiu para discursos racializados nas relações sociais. O artigo também aponta as contradições na presença da Sociologia no campo educacional, destacando sua base nos conhecimentos produzidos na Europa e nos Estados Unidos e excluindo perspectivas e conhecimentos de outros grupos, bem como questiona a quem a disciplina pretendia dialogar. O artigo defende a revisitação e a inclusão das teses e dos projetos de autores negros e de outros grupos historicamente excluídos, nos materiais didáticos e nas produções acadêmicas. Acredita-se que isso não apenas enriqueceria as discussões sobre discursos racializados, mas possibilitaria uma desracialização das relações sociais, com vistas na promoção de uma compreensão mais abrangente e inclusiva da Sociologia.