Giras e gingas periféricas: autoetnografia de um artista umbandista

Authors

  • Michel YakinI Iman UFSCAR - SOROCABA

DOI:

https://doi.org/10.26512/revistacalundu.v8i1.53924

Keywords:

Periferia, Arte, Cultura, Tradição de matriz africana, Saúde, Bem viver

Abstract

Esse artigo foi escrito a partir de uma autoetnografia, e faz parte de um mestrado concluído em 2023, no Programa de Pós Graduação em Educação da UFSCar, relacionando esse histórico com minha atuação no movimento cultural das periferias de São Paulo, a partir dos anos 2000. O objetivo é refletir como, nos anos recentes, a cena cultural periférica vem incorporando narrativas e ações sobre saúde, espiritualidade, autocuidado e o cuidado de si, assumindo como base as aprendizagens das tradições de matriz africana (Umbanda e Candomblé), a sabedoria de benzedeiras, as práticas de simpatia, rezas, o uso de ervas e plantas medicinais que constituem um fundamento histórico na busca por melhor qualidade de vida dessas comunidades, mas que, notadamente, está cada vez menos presente nesses territórios. Este processo acontece em uma dinâmica diferente das gerações anteriores, que iniciaram movimentos imprescindíveis de luta pela saúde, dentre outros direitos sociais, nas décadas de 1970/80 ou da geração que cresceu entre os anos de 1990 e 2000 sob forte influência do Rap e do movimento Hip Hop, denunciando as mazelas sociais, o racismo antinegro e anunciando seu caráter artístico, ativista e educador, que foi base para o surgimento das coletividades artísticas/culturais contemporâneas.

 

Downloads

Download data is not yet available.

References

ACOSTA, A. O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. Tradução de Tadeu Breda. São Paulo: Autonomia Literária/Elefante, 2016.

ALMEIDA-FILHO, Naomar de. O que é saúde? Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2011.

ARROYO, Miguel Gonzalez. Outros sujeitos, outras pedagogias. Petrópolis: Vozes, 2012.

BATISTA, Luís Eduardo; BARROS, Sônia. “Enfrentando o racismo nos serviços de saúde”. Cadernos de Saúde Pública, nº 33. Suplemento 1. Rio de Janeiro, 2017.

BOSSLE, F.; NETO, V. M. “No olho do furacão: uma autoetnografia em uma escola da rede municipal de ensino de Porto Alegre”. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 31, n. 1, p.131-146, 2009.

BOTELHO, Guilherme Machado. Quanto vale o show?: o fino Rap de Athalyba-Man. São Paulo: Ed. do Autor, 2022.

BRILHANTE, Aline V. M.; MOREIRA, Claudio. “Formas, fôrmas e fragmentos: uma exploração performática e autoetnográfica das lacunas, quebras e rachaduras na produção de conhecimento acadêmico”. Interface (Botucatu), v. 20, p. 1099-1113, 2016.

CAPULANAS Cia de Arte negra (org.). (Em) Goma dos pés a cabeça, os quintais que sou. Capulanas Cia de Arte negra. São Paulo, 2011.

CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

DAVIS, Angela. “O feminismo negro e as lutas por igualdade global”. In: Griôs da Diáspora Negra. Brasília. Griô Produções, 2017.

FAUSTINO, Carmen. Mulheres líquido: os encontros fluentes do sagrado com as memórias do corpo terra. São Paulo: Capulanas Cia de Arte Negra, 2014.

FONSECA, Mariana Bracks. Ginga de Angola: Memórias e representações da rainha guerreira na Diáspora. Tese (Doutorado). Programa de Pós Graduação em História Social - USP. São Paulo, 2018.

FOUCAULT, Michel. “A ética do cuidado de si como prática da liberdade”. In: Ditos & Escritos V - Ética, Sexualidade, Política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GOMES, AMT. “O terreiro de umbanda como espaço de cuidado: algumas reflexões”. Revista Baiana de Enfermagem. Edição 35, e45202, 2021.

GUIMARÃES, Thaynara Thaissa Dias. Caderno de receitas para espantar tristezas: osaber-fazer da comida tradicional do sertão seco e do sertão molhado norte de MinasGerais. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural daUniversidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul (RS), 2022.

hooks, bell. Tudo sobre o amor: novas perspectivas. Tradução: Stephanie Borges. São Paulo: Elefante, 2020.

JÚNIOR. Emílio Telesi. “Breve história das PICS na Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo - de 2001 a 2021”. Secretaria Municipal de Saúde - SP, 2021.

LORDE, Audre. A Burst of Light. Ithaca, Nova York: Firebrand Books, 1988.

LUGARINHO, Mário César. “A apoteose da Rainha Ginga: Gênero e Nação em Angola”. Cerrados – Revista do Programa de Pós-Graduação em Literatura, n. 41, p.88-96, 2016.

MBEMBE, A. “Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte”. Revista Artes & Ensaios. n.32. Dezembro. Rio de Janeiro, 2016.

MULANGI, Kota. “Espaço Potencial de Vida”. In: FAUSTINO, Carmen. Mulheres líquido: os encontros fluentes do sagrado com as memórias do corpo terra. São Paulo: Capulanas Cia de Arte Negra, 2014.

NEGRÃO, Lísias Nogueira. “Magia e religião na umbanda”. Revista USP. São Paulo (31) 76-89 setembro/ novembro, 1996

OLIVEIRA, Débora Priscila de Oliveira. O encontro com a história de vida de uma mulher benzedeira. Dissertação (mestrado). Universidade Federal de São Carlos, Campus Sorocaba-SP, 2018.

OLIVEIRA, Elda Rizzo. O que é benzimento. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985.

OLIVEIRA, Fátima. “Saúde da população negra: Brasil ano 2001”. Brasília: Organização Pan-Americana de Saúde, 2003

PLÁCIDO, Ricardo do Ó. Territórios Negros: Cartografias e Etnicidades na Experiência do Rap Paulistano (1970-1990). Dissertação (Mestrado em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades), Universidade de São Paulo, 2019.

PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás; ilustrações Pedro Rafael. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

RUFINO, Luiz. Pedagogia das Encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2019.

SADER. Eder. Quando novos personagens entram em cena: Experiências, falas e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo (1970-1980). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

SANTOS, Boaventura de Sousa. “Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia dos saberes”. Novos Estudos Cebrap, São Paulo, n. 79, nov. 2007.

SANTOS, Silvio Matheus Alves. “O método da autoetnografia na pesquisa sociológica: atores, perspectivas e desafios”. Revista Plural. São Paulo, v. 24.1, p. 214-241, 2017.

SCHÖRNADIE, Paulo Alfredo. “O Processo Educativo na Perspectiva Histórico-Cultural”. Revista Contexto e Educação, ano 29, num. 93, p.4-21, 2014.

SILVA, LMF; Scorsolini-Comin F. “Na sala de espera do terreiro: uma investigação com adeptos da umbanda com queixas de adoecimento”. Saúde soc. 2020; 29(1):e190378.

SPOSITO, Marilia Pontes. “A sociabilidade juvenil e a rua: novos conflitos e a ação coletiva na cidade”. Tempo Social; Rev. Sociologia USP, São Paulo, 161-178, 1993.

VERSIANI, Daniela Beccaccia. “Autoetnografia: uma alternativa conceitual. Letras deHoje. Porto Alegre, vol. 37, n. 04, p. 57-72, dezembro, 2002.

Published

2024-08-15

How to Cite

YakinI Iman, M. (2024). Giras e gingas periféricas: autoetnografia de um artista umbandista. Revista Calundu, 8(1), 28–49. https://doi.org/10.26512/revistacalundu.v8i1.53924

Issue

Section

Artigos acadêmicos