AS ARTES DE GOVERNO E A TECNOLOGIAS DE SI: DESAFIOS À FUNÇÃO-EDUCADOR

Autores

  • Jonas Rangel de Almeida
  • Pedro Ângelo Pagni

DOI:

https://doi.org/10.26512/resafe.v1i32/33.35113

Palavras-chave:

Artes de governo, Tecnologias de si, Função-educador, Educação, Liberdade

Resumo

O objetivo é discutir os desafios das artes de governo e das tecnologias de si à função-educador. A possível acusação de impotência diante das relações microfísicas de poder levou Foucault à elaboração da noção de governo dos homens e a traçar uma história das práticas de subjetivação do Ocidente. Na escola moderna é possível observar a imbricação dessas artes de governo e das técnicas de si desde o início de sua emergência, no século XVIII, de um lado, como mecanismo de disciplinarização dos corpos para torná-los dóceis e úteis ao trabalho fabril, e de outro lado, como tecnologia de produção de sujeitos que governam a si mesmo, dirimindo assim, as possibilidades de revoltas e sublevações à ordem instituída. Considera-se, pois que o dilema do educador só pode se resolver quando por ocasião das liberações houver também investimento ético nas práticas de si.

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Biografia do Autor

Jonas Rangel de Almeida

Doutorando em Educação pelo PPGE, Unesp-Marília.

Pedro Ângelo Pagni

Professor Livre-Docente do Departamento de Administração Escolar da Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília, Unesp-Marília.

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Publicado

2020-11-11

Como Citar

Almeida, J. R. de ., & Pagni, P. Ângelo . (2020). AS ARTES DE GOVERNO E A TECNOLOGIAS DE SI: DESAFIOS À FUNÇÃO-EDUCADOR. Revista Sul-Americana De Filosofia E Educação (RESAFE), 1(32/33), 78–95. https://doi.org/10.26512/resafe.v1i32/33.35113