Possibilidades da educação para a emancipação no presente:
considerações a partir de Foucault e Adorno
DOI:
https://doi.org/10.26512/resafe.v0i5.4111Keywords:
Educação, Filosofia da Educação, Educação para a emancipação, Foucault, Adorno, Ontologia do presenteAbstract
presente artigo reflete sobre as possibilidades de uma educação para emancipação no presente a partir dos pensamentos de Michel Foucault e Theodor Adorno. Partindo do que esses filósofos compreenderam por educação para emancipação a partir dos conceitos de crítica e de Aufklärung presentes em suas filosofias, e das divergências existentes entre elas, objetivamos caracterizar uma atitude comum que as nutrem e à luz da qual parece ser possível pensar a atualidade de seus pensamentos sobre o assunto. Argumentamos pela tese de que a partir da atitude crítica e da suspeita em relação ao Aufklärung, comum aos seus pensamentos, é possível pensar em uma educação para a emancipação que consiste no reconhecimento e nos cuidados em relação à própria menoridade, na qual se encontra imerso não apenas o educador, como também o educando. Salientamos que, se Adorno pensa nessa possibilidade como uma forma de resistência política ao existente ”“ uma exigência ética para que Auschwitz não se repita ”“, Foucault a compreenderá como um modo de subjetivação capaz de criar modos de existência que implique mais do que em uma resistência, em uma forma de inovar a experiência social. Tendo em vista essas divergências, assim, entendemos que o pensamento de Foucault parece ser mais afirmativo do que o de Adorno para romper o círculo fechado do poder no qual está imersa a educação na “sociedade de controle”; porém, ponderamos que o pensamento do frankfurtiano é mais fecundo do que o do filósofo francês para levar ao limiar o ideal moderno de emancipação em que se assenta a educação atual e compreender a mágoa decorrente de nossa inserção como educadores no existente. Nesse sentido, ambos poderiam ser retomados para repensarmos criticamente o sentido de nossas ações como educadores, no presente, de modo que sejamos capazes não apenas de resistir ao existente, como também criar modos de existência que concorram para inovação da experiência social.
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