O silenciamento dos danos causados pelo glifosato no Brasil

simbiose estatal-corporativa e colonialismo químico

Autori

  • Julia de David Chelotti Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
  • Marília de Nardin Budó Programa de pós-graduação em Direito da UFSC https://orcid.org/0000-0002-5732-0553

Parole chiave:

Agrotóxicos, Criminologia Verde, Dano Social, Glifosato, Colonialismo Químico

Abstract

O Brasil lidera o consumo mundial de agrotóxicos desde 2009, com o glifosato sendo o herbicida mais comercializado, principalmente em monoculturas para exportação. Este herbicida tem sido associado a graves problemas de saúde, incluindo câncer, malformações fetais, abortos e mutações genéticas. Em 2008, a ANVISA iniciou uma reavaliação toxicológica do glifosato, que concluiu em 2020 mantendo sua autorização no país. Esta pesquisa analisa os discursos e estratégias utilizados para manter o registro do glifosato através da linguagem científica, apesar das evidências de seus efeitos nocivos. O estudo, fundamentado na Criminologia Verde e focado no dano social, examina a disputa entre cientistas, agências econômicas e políticas, e organizações internacionais como a OMS. A análise centra-se na relação entre Estado e mercado, focando em dois documentos principais: a Nota Técnica 23/2018 da ANVISA e o Parecer Técnico da ABRASCO. A análise identifica três aspectos críticos: a definição do "peso das evidências" pela agência, contrastando pesquisas industriais e independentes; a subestimação dos critérios de amostragem para resíduos em alimentos e água; e a descontextualização da avaliação em relação ao uso real do agrotóxico no país. Os argumentos, revestidos de uma linguagem técnica, elaboram e justificam racionalmente a histórica diferenciação de padrões de proteção de corpos e territórios, favorecendo as corporações transnacionais sediadas no norte global, as elites agrárias brancas brasileiras, e vitimizando desproporcionalmente corpos femininos e racializados, além de não-humanos e territórios massacrados pela monocultura.

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Biografie autore

Julia de David Chelotti, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Mestra em direito pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. Graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 

Marília de Nardin Budó, Programa de pós-graduação em Direito da UFSC

Professora do Programa de pós-graduação em Direito da UFSC. Doutora em direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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Pubblicato

2024-12-18

Come citare

CHELOTTI, Julia de David; BUDÓ, Marília de Nardin. O silenciamento dos danos causados pelo glifosato no Brasil: simbiose estatal-corporativa e colonialismo químico. Revista Latino-Americana de Criminologia, [S. l.], v. 4, n. 2, p. 227–269, 2024. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/relac/article/view/56479. Acesso em: 19 dic. 2024.