A Alocação Negociada de Água como Estratégia de Regulação Responsiva

Autores

  • Paulo Celso Maistro Spolidorio Agência Nacional de Águas

Palavras-chave:

alocação negociada de água, Política Nacional dos Recursos Hídricos, regulação responsiva, participação social

Resumo

Proposta ”“ O objetivo do presente artigo é discutir a alocação negociada de água como uma alternativa de regulação responsiva à clássica abordagem do comando e controle, seja por meio da formação de um networking a partir dos usuários diretamente envolvidos nas negociações acerca do uso dos recursos hídricos, seja por um processo de atuação mais proporcional e responsivo do Estado Regulador, de forma que a regulação da água se dê de forma mais democrática e participativa.

Metodologia/abordagem/design ”“ Utilizou-se a Teoria da Regulação Responsiva aplicada aos processos de alocação negociada de água dentro de uma nova perspectiva de regulação setorial. A partir de uma maior participação dos usuários diretamente interessados no uso do recurso e outros atores do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SINGREH, tais como o Comitê de Bacia Hidrográfica e os Conselhos Estaduais e Federal de Recursos Hídricos, procurou-se demonstrar, por meio da proposição de uma pirâmide regulatória específica,  como esta nova visão pode ser aplicada na gestão e controle do uso da água.

Resultados ”“ Os processos de alocação negociada da água podem trazer uma perspectiva diferenciada na regulação dos recursos hídricos, notadamente em regiões que sofrem com a escassez hídrica, nas quais existe grande disputa e conflito pelo uso da água, como no caso do semiárido nordestino. Os processos de alocação negociada inserem-se adequadamente numa lógica de regulação responsiva, na medida em que defende uma intervenção estatal mais branda, pois contam com outros processos regulatórios, tais como a autorregulação.

Originalidade/relevância do texto ”“ O presente artigo aborda, pela primeira vez, a regulação responsiva aplicada aos processos de gestão (e regulação) dos recursos hídricos no Brasil, como uma alternativa clássica ao intervencionismo estatal e ao comando e controle clássico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paulo Celso Maistro Spolidorio, Agência Nacional de Águas

Especialista em Recursos Hídricos na Agência Nacional de Águas ”“ ANA. Especialista em Gestão Pública pela Fundação Getúlio Vargas - FGV (2014). Graduado em Direito (2014), e Bioquímica pela Universidade de São Paulo ”“ USP (2004).

Referências

ABREU, I. M. DE. Alocação Negociada da Água no Ceará - Brasil: Proposta Metodológica para a tomada de decisão em cenário de escassez. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Ceará, 2015.
AALDERS, Marius; WILTHAGEN, Ton, Moving Beyond Command-and-Control: Reflexivity in the Regulation of Occupational Safety and Health and the Environment, Law & Policy, v. 19, n. 4, p. 415”“443, 1997.
AYRES, I.; BRAITHWAITE, J. Responsive Regulation - Transcending the Deregulation Debate. 1. ed. New York: Oxford University Press, 1992.
BRAITHWAITE, J. Responsive Regulation and Developing Economies. v. 34, n. 5, p. 884”“898, World Development, 2006.
GUIVANT, J.; JACOBI, P. Da hidrotécnica à hidro-política: novos rumos para a regulação e gestão dos riscos ambientais no Brasil. Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas, p. 1”“26, 2003.
JACOBI, P. Desafios na democratização da relação poder público-sociedade civil no Brasil. Tese de Livre Docência. Faculdade de Educação. Universidade de São Paulo. São Paulo, 1996.
JACOBI, P. R.; BARBI, F. Democracia e participação na gestão dos recursos hídricos no Brasil. Revista Katál, v. 10, n. 2, p. 237”“244, 2007.
LOPES, A. V.; FREITAS, M. A. DE S. A alocação de água como instrumento de gestão de recursos hídricos”¯: experiências brasileiras. REGA, v. 4, n. setembro, 2016, p. 5”“28, 2007.
LUCIVÂNIA, A. et al. Pesquisa avaliativa da alocação participativa das águas dos vales do Jaguaribe e Banabuiú. Anais do XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, 2006.
MOLINA, P. A gestão dos recursos hídricos no semi-árido nordestino: a experiência cearense. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 1, p. 67”“88, 1996.
OCDE. Governança dos Recursos Hídricos no Brasil. Paris: OCDE, 2015. http://dx.doi.org/10.1787/9789264238169-pt
PATERNOSTER, R.; SIMPSON, S. Sanction Threats and Appeals to Morality: Testing a Rational Choice Model of Corporate Crime. Law & Society Review, v. 30, n. 3, p. 549”“584, 1996.
SCARE, R. F. Escassez de água e mudança institucional: análise da regulação dos recursos hídricos no Brasil. Dissertação. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. Universidade de São Paulo, 169 p., 2003.
SELZNICK, P. The moral commonwealth: social theory and the promise of community. Berkeley and Los Angeles. University of California Press, 1994.
TYRAN, J.-R.; FELD, L. Why people obey the law: experimental evidence from the provision of public goods. CESifo Working Paper, n. 651, 2002.
UBIRAJARA P. A. S. Experiência da Alocação Negociada de Água nos Vales do Jaguaribe e Banabuiú. Anais do VIII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste. Gravatá, 2006.

Downloads

Publicado

2017-05-15

Como Citar

SPOLIDORIO, Paulo Celso Maistro. A Alocação Negociada de Água como Estratégia de Regulação Responsiva. Journal of Law and Regulation, [S. l.], v. 3, n. 1, p. 183–198, 2017. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rdsr/article/view/19202. Acesso em: 27 nov. 2024.