Medicina do Desejo: A Bioética diante dos desejos em Medicina
DOI:
https://doi.org/10.26512/rbb.v14iedsup.26678Palavras-chave:
Autonomia pessoal. Bioética. Desejo. Medicina.Resumo
A Medicina contemporânea tem se deslocado dos objetivos curativos e preventivos da Medicina tradicional para uma Medicina que busca dar conta dos mais variados desejos. Baseada em sua natureza experimental e técnico-operatória, o avanço de determinadas práticas médicas favorecem um distanciamento de referências estáveis construídas pela coletividade. A justificativa para a disseminação dessas técnicas tem se pautado pela definição atual de saúde preconizada pela Organização Mundial da Saúde (1946), como um estado de bem-estar completo, físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença. Assim, toda e qualquer técnica que vise melhorar a autoestima do indivíduo e provocar sua sensação de bem-estar é válida e justificável. A divulgação indiscriminada das possibilidades técnicas dessa Medicina tem sido utilizada como elemento de sedução, projetando ao conjunto da sociedade a ilusão de que podem realizar todos os desejos. Partindo do termo Medicina do Desejo de Gilbert Hottois e do estudo da Medicina que procura dar conta de desejos de Mathias Kettner, este estudo, norteado pela bioética hermenêutica crítica de Ricoeur, tem como objetivo compreender e discutir o desejo em demandas clínicas médicas sob uma perspectiva bioética.
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Referências
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