Interlocuções das associações de pacientes com doenças raras, indústria farmacêutica e Estado, sob a reflexão da bioética de intervenção
DOI:
https://doi.org/10.26512/rbb.v14iedsup.26532Palavras-chave:
Bioética, associações de pacientes,Doenças raras. Estado. Indústria farmacêutica.Resumo
As pessoas com Doenças Raras (DR) diariamente enfrentam vários desafios relativos ao cuidado em saúde: enfretamento dos sintomas, dificuldades com diagnóstico e exames, falta de assistência multiprofissional e dificuldades no acesso aos medicamentos que necessitam. A baixa prevalência é aventada como pretexto para o desinteresse e o desconhecimento por parte de governos, do setor saúde, da indústria farmacêutica e da sociedade em geral. Mas estudos têm apontado o impacto social e sanitário destas doenças, que em conjunto, afetam cerca de 6% da população. O objetivo do presente estudo é discutir, fundamentado em preceitos bioéticos, quais são os conflitos que podem perpassar a interação entre associações de pacientes, indústria farmacêutica, academia e o Estado. Realizou-se pesquisa descritiva e exploratória cujos dados serão tratados e discutidos a partir dos marcos conceituais de abordagens latino-americanas da Bioética, que possibilitem avaliar o engajamento destes diferentes interlocutores no debate público sobre DR. Considerando que as poucas políticas de saúde são construídas com base nas práticas fundamentadas em evidências e com proposição utilitarista, e que há dinâmicas neoliberais na relação mercado-Estado que interferem fortemente na questão de acesso a tratamento, percebe-se que há fatores epistemológicos e políticos que dificultam a garantia de cuidados em saúde para pacientes com DR. Nesse cenário, as associações de pacientes constituem um aparelho social de apoio importante, garantindo advocacia em saúde e divulgação da realidade vivenciada pelos pacientes e suas famílias, envidando esforços para amenizar a realidade de exclusão que invade suas vidas.
Downloads
Referências
BARBOSA R.L.; PORTUGAL S. O Associativismo faz bem à saúde? O caso das doenças raras. Cien Saude Colet 2018, 23(2): 417-430.
PORTO D, GARRAFA V. Bioética de Intervenção: considerações sobre a economia de mercado. Bioética (CFM), 2005, 13 (1): 111-123.
PORTUGAL S. Para um começo de reflexão sobre o cuidado das doenças raras. In: Faria R. Dia mundial das doenças raras. Câmara dos Deputados, Brasília; 2013.
SARTORI JUNIOR D et al. Judicialização do acesso ao tratamento de doenças genéticas raras: a doença de Fabry no Rio Grande do Sul. Ciência & Saúde Coletiva, 2012; 17(10):2717-2728.
TEALDI JC (dir). Diccionario latinoamericano de bioética. Bogotá:Universidad Nacional de Colombia; 2008:182-252.