Agroecologia Camponesa: muito além da produção de alimentos saudáveis - um projeto de vida no assentamento contestado, Lapa/PR.

Autores

  • Nathan Pereira Dourado Programa de Pós-graduação em Geografia - Universidade Federal da Bahia (UFBA)

DOI:

https://doi.org/10.33240/rba.v16i1.23319

Palavras-chave:

Bem Viver. Pós-desenvolvimento. MST. Campesinato

Resumo

Correntemente o conceito de desenvolvimento está associado a uma noção positiva, como um processo inexorável para passar de uma dada situação para outra melhor. Por isso, está presente nos discursos e práticas políticas, exercendo um forte poder mobilizador. No entanto, notamos que o desenvolvimento apresenta uma série de contradições em um sistema mundo capitalista moderno-colonial. Na maioria dos casos o discurso desenvolvimentista inspira falsas promessas e a sua prática manifesta diversas controvérsias, limitando os processos de transformação social efetivos. A ideologia do desenvolvimento junto ao avanço destrutivo do capital, em curso no espaço rural brasileiro, já não consegue acomodar as suas intensas contradições. Buscamos com este trabalho, apresentar as contradições em torno deste conceito e dar destaque a uma das múltiplas linhas de argumentação no debate contemporâneo sobre o fenômeno do desenvolvimento, empreendida pela corrente teórica do pós-desenvolvimento; assim, visamos ampliar o quadro de debates atuais e reforçar a coerência teórica e prática das iniciativas de resistências e de alternativas contra hegemônicas. Nesse sentido, buscamos também identificar convergências entre os conceitos de Agroecologia e Bem Viver, como uma possível resposta aos anseios e críticas elaborados pela corrente do pós-desenvolvimento. O estudo empírico apresentado neste trabalho refere-se ao Assentamento Contestado no município da Lapa – PR. Partimos da hipótese que o assentamento constitui-se numa negação ao caráter destrutivo do padrão de desenvolvimento hegemônico, e exprime uma crítica empírica aos limites do capital manifestando racionalidades alternativas - podendo ser visto como um lugar de manifestação do Bem Viver e um possível embrião de renovadas relações sociais pós-desenvolvimentistas. O objetivo da pesquisa é analisar as contribuições da Agroecologia na edificação do Bem Viver – como alternativa ao desenvolvimento. A pesquisa possui natureza qualitativa e combina pesquisa bibliográfica e documental com observação em campo e entrevistas semiestruturadas. Os resultados permitem considerar o assentamento Contestado como um experimento real em que camponeses e camponesas se organizam para produzir e viver a agroecologia, passando a manifestar novas formas de relação entre si, com a natureza e com o trabalho. Os elementos constitutivos de um Bem Viver agroecológico, apontados como tendência no assentamento Contestado, foram: racionalidade ambiental, emancipação humana, convivencialidade, soberania alimentar e promoção da saúde.

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Biografia do Autor

Nathan Pereira Dourado, Programa de Pós-graduação em Geografia - Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Geografia (Análise do Espaço Geográfico) da Universidade Federal da Bahia (POSGEO/UFBA). Possui graduação em Gestão Ambiental pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e Geografia pela Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG). Especialista em Educação Ambiental com ênfase em Espaços Educadores Sustentáveis pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Mestre em Agroecossistemas na área de concentração: Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Têm experiência como educador ambiental em projetos de horta escolar e permacultura. Foi bolsista PIBID (2012-2013) e PROEXT/MEC (2014-2015). Atuou como técnico de pesquisa e mapeamento no IBGE (2015-2016) e como professor na rede pública de Florianópolis (2018-2019), com ênfase em educação de jovens e adultos. Consultor no projeto Slow Food na defesa da sociobiodiversidade e cultura alimentar baiana (SDR/CAR/Slow Food). Membro do grupo de pesquisa GeografAR - Geografia dos Assentamentos Rurais (UFBA/CNPq) e Pesquisador Associado do Centro Latino-Americano de Estudos em Cultura (CLAEC). Desenvolve pesquisas nas áreas de Geografia Humana e Agrária, atuando principalmente nos seguintes temas: agroecologia, agricultura familiar, campesinato, reforma agrária popular, desenvolvimento, território-territorialidade, ecologia política, pensamento decolonial e bem viver.

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Publicado

2021-04-01

Edição

Seção

Resumos de Dissertações e Teses