Sou eu este patrimônio?
Reflexões críticas acerca da masculinidade hegemônica nos museus e patrimônios goianos
DOI:
https://doi.org/10.26512/museologia.v11i21.41424Palavras-chave:
Museus; Patrimônio Cultural; Masculinidade; Colonialidade; Sexualidade.Resumo
Esse artigo, tecido a quatro mãos, aciona o conceito de masculinidade hegemônica, imbricado com a colonialidade, para a análise do campo museal e patrimonial do estado de Goiás, com foco na capital goiana. A aplicação parte do diálogo entre uma mulher cis e um homem cis gay, sendo que a análise situada a partir da sexualidade deste último, a ótica homossexual, impulsionou a pesquisa. Os discursos museais e patrimoniais se impõem como memória oficial do Estado-Nação, uma memória normativa, atendendo um público específico, ordenado pela matriz heterossexual. Os sujeitos regidos pela norma desenvolvem entre si narrativas que justificam ordens sociais para o controle da história e da memória, entrelaçadas com gênero e sexualidade, causando, assim, náuseas e um mal-estar social aos corpos que se distanciam da norma construída.
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