Que fazer com o património e as coleções científicas coloniais depois do fim do império?

Autores

  • José Pedro Sousa-Dias Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Universidade de Lisboa (MUHNAC-ULISBOA) e Instituto de História Contemporânea, Grupo de Ciência: Estudos de história, filosofia e cultura científica (CEHFCI-UEVORA) http://orcid.org/0000-0003-1087-2171

DOI:

https://doi.org/10.26512/museologia.v6i11.17743

Palavras-chave:

Património colonial, Coleções científicas, Ciência colonial, Museus coloniais, Portugal

Resumo

Em 1975, quando teve lugar a independência das últimas grandes colónias, o governo português decidiu manter de pé a principal estrutura estatal de investigação colonial, com o objetivo de funcionar como um instrumento de cooperação e diplomacia, mudando a sua designação para Instituto de Investigação Científica Tropical. Desligado da sua missão primitiva e com uma estrutura muito pesada e onerosa para as suas novas atribuições, em 2015 este Instituto acabou por ser extinto e incorporado na Universidade de Lisboa. Neste processo, a Universidade integrou um apreciável património, incluindo coleções histórico-científicas e um Jardim Botânico Tropical, que passou a ser gerido conjuntamente com o Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC)/Museus da Universidade de Lisboa. O presente artigo apresenta as principais linhas de orientação para a preservação e valorização deste património no desenvolvimento um programa de atividades científicas, educativas, culturais e lúdicas, no âmbito da difusão da cultura sobre a história e memória da ciência e da técnica nos descobrimentos, na expansão e na colonização portuguesas.

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Biografia do Autor

José Pedro Sousa-Dias, Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Universidade de Lisboa (MUHNAC-ULISBOA) e Instituto de História Contemporânea, Grupo de Ciência: Estudos de história, filosofia e cultura científica (CEHFCI-UEVORA)

Professor Associado na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, onde é responsável pela disciplina de História da Farmácia e da Terapêutica. Licenciado (1981) e Doutorado (1991) em Farmácia pela Universidade de Lisboa, centrou o seu percurso como investigador na História das Ciências da Saúde. É membro integrado do grupo de investigação Ciência: Estudos em História e Filosofia da Cultura Científica (CEHFCi) do Instituto de História Contemporânea (IHC), tendo como atuais interesses de investigação, a história contemporânea das ciências biomédicas em Portugal, os aspetos científicos e sociais da história do medicamento (séculos XVII e XVIII) e a história da medicina e da farmácia na expansão e colonização portuguesa (séculos XVI a XVIII). Foi Pró-reitor da Universidade de Lisboa (05/2006-05/2009 e 09/2010-12/2011). Sub-diretor da Faculdade de Farmácia (11/2009-08/2010). De 2006 a 2011, presidiu à Comissão Executiva das Comemorações do Centenário da Universidade de Lisboa. Presidente do Conselho Diretivo dos Museus da Universidade de Lisboa (06/2012-02/2014) e seu Diretor desde Fevereiro de 2014.

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Publicado

2018-03-09

Como Citar

Sousa-Dias, J. P. (2018). Que fazer com o património e as coleções científicas coloniais depois do fim do império?. Museologia & Interdisciplinaridade, 6(11), 95–107. https://doi.org/10.26512/museologia.v6i11.17743

Edição

Seção

Dossiê - Legados Coloniais