Retórica antigênero e ordem pública: a cruzada das crianças
DOI:
https://doi.org/10.26512/les.v21i2.35158Palavras-chave:
Retórica antigênero, Censura, Espaço público, Ordem públicaResumo
O ar de família dos movimentos antigênero resulta da sua tentativa de transformar as exclusões constitutivas do campo genérico e sexual em princípios reguladores da ordem pública. Para ilustrar essa relação, a discussão que segue interpreta a retórica censora da Secretaria de Ordem Pública de Rio de Janeiro como uma tentativa de disciplinamento do espaço da coabitação na qual se confunde a censura corporal e a estritamente discursiva. Esta interseção será tomada, ademais, como ponto de partida para assinalar a indistinção entre o policiamento moral e securitário do espaço urbano inscritas na genealogia europeia da noção de ordem pública.
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