BRANCOS, CABRAS, ÍNDIOS E PRETOS

ESTUDO DAS DENOMINAÇÕES ÉTNICAS NO SÉCULO XIX

Auteurs-es

  • Ticiane Rodrigues Nunes UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
  • Nadja Maria Pinheiro Universidade Estadual do Ceará ”“ UECE
  • Expedito Eloísio Ximenes Universidade Estadual do Ceará ”“ UECE

DOI :

https://doi.org/10.26512/les.v18i2.5793

Mots-clés :

Denominações étnicas, Sociedade, Justiça colonial, Auto de querela

Résumé

O presente artigo analisa léxico-semanticamente os termos étnicos conferidos aos sujeitos que habitavam a antiga capitania do Ceará no século XIX. As narrativas dos autos de querela revelam as relações sociais e culturais vivenciadas na época. Com base nessas denominações, analisamos, ainda, como os grupos étnicos referenciados tinham acesso à justiça colonial. O corpus é constituído por 18 autos de querela e denúncia compilados no livro 39, que compõe o acervo do Arquivo Público do Estado do Ceará e que foi editado por Ximenes (2006). Para as análises, selecionamos as denominações que designam as etnias referentes aos envolvidos nos crimes relatados. Como base teórica utilizamos os escritos de Ximenes (2009; 2013), Bluteau (1712), Barbosa (2005), Fausto (2013) e outros. Diante das análises, encontramos 12 denominações que caracterizam 106 atores sociais, dentre as quais a que mais se destaca é a etnia branca, seguida da parda, e as demais aparecem em menor número, evidenciando a hegemonia dos brancos no contexto de escrita dos documentos e o reconhecimento da miscigenação pela recorrência de pardos denominados.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Bibliographies de l'auteur-e

Ticiane Rodrigues Nunes, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

Graduada em Letras Português/Francês (UECE),

Especialista em Ensino de Língua Portuguesa (UECE),

Mestre em Linguística Aplicada (UECE),

Doutoranda em Linguística Aplicada (UECE).

Expedito Eloísio Ximenes, Universidade Estadual do Ceará ”“ UECE

Possui graduação em Letras pela Universidade Estadual do Ceará (1997), especialização em Filologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2009),mestrado em Linguística pela Universidade Federal do Ceará (2004), doutorado em Linguística pela Universidade Federal do Ceará (2009), com três meses de pesquisa em estágio sandwiche na Universidade de Lisboa e Pós-doutorado em Filologia de Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (2017). Atualmente é professor adjunto nível I da Universidade Estadual do Ceará, atuando no programa de Pós-graduação em Linguística Aplicada-POSLA e no Mestrado Interdisciplinar em História e Letras-MIHL da mesma universidade. Suas áreas de pesquisa e estudos abrangem os seguintes temas: filologia, crítica textual, edição de textos, léxico e sintaxe. É coordenador do grupo de pesquisa Práticas de edição de Textos do estado do Ceará- PRAETECE.

Références

AULETE, Francisco Júlio Caldas. Dicionário contemporâneo da língua portuguesa. 5.ed. Rio de Janeiro: Delta, 1986.

BARBOSA, Afrânio. Demografia histórica e história da língua portuguesa no Brasil-colônia: reflexões sobre o fim dos setecentos. Linguística, Santiago, v.17, p.75-94, 2005.

BLUTEAU, D. Rafael. Dicionário de Língua Portuguesa. Lisboa: [s.n.], 1789.

BRESCIANI, Stela. Forjar a identidade brasileira nos anos 1920-1940. In: HARDMAN, Francisco Foot (Org.). Morte e Progresso: Cultura brasileira como apagamento de rastros. São Paulo: UNESP, 1998.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2013.

FREITAS, Alice Cunha de. As identidades do Brasil: buscando as identificações ou afirmando as diferenças. In: RAJANGOPALAN, Kanavillil; FERREIRA, Dina Maria Martins. Políticas em Linguagem: perspectivas identitárias. São Paulo: Mackenzie, 2006.

GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão. In: BRASIL. Educação Anti-racista: caminhos abertos pela Lei federal nº 10.639/03. Brasília: MEC/Secretaria de educação continuada e alfabetização e diversidade, 2005. p.39-62.

MUNANGA, Kabengele. Identidade, cidadania e democracia: algumas reflexões sobre os discursos anti-racistas no Brasil. In: SPINK, Mary Jane Paris (Org.). A cidadania em construção: uma reflexão transdisciplinar. São Paulo: Cortez, 1994. p.177-187.

MUNIZ, Kassandra da Silva. Linguagem e Identificação: performatividade, negros(as) e ações afirmativas no Brasil. Sínteses, Campinas, SP, v.14, p.262-295, 2009.

PRADO JR., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

RAMINELLI, Ronald. Impedimentos da cor: mulatos no Brasil e em Portugal c. 1640-1750. Varia história, v.28, n.48, p.699-723, 2012. Disponível em: . Acesso em: 19 jun. 2016.

SANTOS, Jocélio Teles dos. De pardos disfarçados a brancos pouco claros: classificações racionais no Brasil dos séculos XVIII. Afro-Ásia. n.32, 2005. p. 115-137. Disponível em: . Acesso em: 15 jun. 2016.

SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Nova História da Expansão Portuguesa: o Império Luso-Brasileiro (1750-1822). Lisboa: Estampa, 1986.

VIEIRA JR., A. Otaviano. Entre paredes e bacamartes: história da família no sertão (1780-1850). Fortaleza: Demócrito Rocha, 2004.

XAVIER, Maico Oliveira. “Cabôcullos são os brancos”: dinâmicas das relações socioculturais dos índios do termo da Vila de Viçosa Real (século XIX). Fortaleza: SECULT/CE, 2012.

XIMENES, Expedito Eloísio. Autos de Querela e denúncia: edição de documentos judiciais do século XIX no Ceará para estudos filológicos. Fortaleza: LCR, 2006.

_______. Estudo filológico e linguístico das unidades fraseológicas jurídico-criminal da Capitania do Ceará nos séculos XVIII e XIX. Tese (Doutorado em Linguística) ”“ Programa de Pós-graduação em Linguística, Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades. Programa de Pós-Graduação em Linguística, Fortaleza, 2009.

_______. Fraseologias Jurídicas: estudo filológico e linguístico do período colonial. Curitiba: Appris, 2013.

Téléchargements

Publié-e

2017-10-06

Comment citer

Nunes, T. R., Pinheiro, N. M., & Ximenes, E. E. (2017). BRANCOS, CABRAS, ÍNDIOS E PRETOS: ESTUDO DAS DENOMINAÇÕES ÉTNICAS NO SÉCULO XIX. Cadernos De Linguagem E Sociedade, 18(2), 102–119. https://doi.org/10.26512/les.v18i2.5793