Falantxs Transviadxs: Linguística Queer e performatividades monstruosas

Autores

  • Rodrigo Borba UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.26512/les.v21i2.35211

Palavras-chave:

Linguística queer, Falantes transviadxs, Indexicalidade, Corpo

Resumo

Este artigo apresenta o conceito de falantxs transviadxs, que oferece possibilidades analíticas para entendermos como pessoas em suas práticas locais negociam sentidos para quem são vis-à-vis normas que limitam o que podem/devem fazer e como podem/devem falar/escrever, circunscrevendo as fronteiras entre o normal/ideal e o abjeto/monstruoso. O artigo propõe uma perspectiva analítica queer guiada pelos conceitos de indexicalidade e corporificação. Revisito dados gerados em uma pesquisa etnográfica sobre prevenção de infecções sexualmente transmissíveis entre travestis com o intuito de entender como performances transviadas (i.e. aquelas que reviram e misturam múltiplos repertórios linguísticos e bagunçam regimes de ordenação do comportamento generificado) emergem e a que propósitos servem localmente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALMEIDA, A. N. (Re)fazendo a tradição, (des)construindo gênero: aproximações entre análise da conversa e linguística queer. In: BORBA, R. (org.). Discursos transviados: por uma linguística queer. São Paulo:Cortez, 2020. p. 243-280.

BARRETT, R. Seria a teoria queer importante para a teoria sociolinguística? In: BORBA, R. (org.). Discursos transviados: por uma linguística queer. São Paulo: Cortez, 2020. p. 47-65.

BARRETT, R. The emergence of the unmarked: Queer theory, language ideology, and formal linguistics. In: ZIMMAN, L.; DAVIS, J.; RACLAW, J. (ed.). Queer excursions: Retheorizing binaries in language, gender, and sexuality research. Oxford: Oxford University Press, 2014. p. 195-223

BENTO, B. Transviad@s: Gênero, sexualidade e direitos humanos. Salvador: EdUFBA, 2016.

BONFANTE, G. M.; BORBA, R. Distensões e contorções do corpo e do discurso no bareback. In: JESUS, D. M.; CARBONIERI, D.; MELO, G. (org.). Corpos transgressores: homenagem à Dandara dos Santos. São Paulo: Pontes, 2018.

BORBA, R. Linguística queer: algumas desorientações. In: BORBA, R. (org.), Discursos transviados: por uma linguística queer. São Paulo:Cortez, 2020. p. 9-45.

BORBA, R. Linguística queer: uma perspectiva pós-identitária para os estudos da linguagem. Revista Entrelinhas, n. 9, v. 1, p. 91-107, 2006[2015].

BORBA, R. Discurso e (trans)identidades: interação, intersubjetividade e acesso à prevenção de DST/Aids entre travestis. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v. 9, n. 2, p. 441-473, 2009.

BORBA, R. O (Des)Aprendizado de Si: Transexualidades, interação e cuidado em saúde. Rio de Janeiro:Editora Fiocruz, 2016.

BORBA, R. Gendered politics of enmity: language ideologies and social polarization in Brazil. Gender and Language, v. 14, n. 1, p. 423-448, 2019.

BORBA, R; LOPES, A. C. Escrituras de gênero e políticas da différance: imundície verbal e letramentos de intervenção no cotidiano escolar. Linguagem e Ensino, v. 21, p. 241-285, 2018.

BUCHOLTZ, M.; HALL, K. Embodied sociolinguistics. In: COUPLAND, N. (ed.). Sociolinguistics: Theoretical debates. Cambridge:Cambridge University Press, 2016. p. 173-197.

BUCHOLTZ, M.; HALL, K. Theorizing identity in language and sexuality research. Language in Society, v. 33, n. 4, p. 449-515, 2004.

BURRELL, N.; FITZPATRICK, M. A. The psychological really of material conflict. In: DUDLEY, D. (ed.). Intimates in conflict. Hillsdale:Erlbaum, 1989. p. 167-186.

BUTLER, J. Undoing gender. Nova York: Routledge, 2004.

BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e a subversão da identidade. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1990 [2003].

BUTLER, J. Corpos que ainda importam. In: COLLING, L. (org.). Dissidências sexuais e de gênero. Slavador:EdUFBA, p. 19-41, 2016.

CAMERON, D. The myth of Mars and Venus: Do men and women really speak different languages. Oxford:Oxford University Press, 2007.

CHAMBERLAIN, A. Women’s languages. American Anthropologist, v. 14, p. 579-581, 1912.

CHOMSKY, N. Aspects of the theory of syntax. Cambridge, MA:MIT Press, 1965.

DERRIDA, J. Gramatologia. São Paulo:Perspectiva, 1967 [2013].

FABRÃCIO, B. F. Mobility and discourse circulation in the contemporary: the turn of the referential screw. Revista da ANPOLL, Florianópolis, v. 40, n. 1, p. 129-140, 2016.

FABRÃCIO, B. F.; MOITA LOPES, L. P. “A guerra dos carneiros gays”: a (re)construção do fantasma da eugenia sexual no discurso midiático. Matraga, v. 15, p. 64-84, 2008.

HALL, K. Sexualidade intertextual: paródias de classe, identidade e desejo nas fronteiras de Deli. In: BORBA, R. (org.). Discursos transviados: por uma linguística queer. São Paulo:Cortez, 2020. p. 283-215.

HALL, K. Commentary I: “It’s a hijra!” Queer linguistics revisited. Discourse & Society, v. 24, n. 5, p. 634-642, 2013.

HALL, K. Exceptional speakers: contested and problematized gender identities. In. HOLMES, J.; MEYERHOFF, M. (ed.). The handbook of language and gender. Oxford: Blackwell, 2003. p. 353-380

HALPERIN, D. Saint Foucault: towards a gay hagiography. Nova York: Oxford University Press, 1995.

JESPERSEN, O. Language: its nature, development and origins. Londres:Allen and Unwin, 1922.

LAKOFF, R. Language and woman’s place. Nova York:Harper Colophon, 1975.

LEWIS, E. S. Do ‘léxico gay’ Ã Linguística Queer: desestabilizando a norma homossexual oculta nas teorias queer. Estudos Linguísticos, v. 47, n. 3, p. 675-690, 2018.

LIMA, C. H. Linguagens pajubeyras: re(ex)istência cultural e subversão da heteronormatividade. Salvador: Devires, 2017.

LIVIA, A.; HALL, K. (ed.). Queerly Phrased: Language, gender and sexuality. Oxford:Oxford University Press, 1997.

LOPES, A. C.; SILVA, D. “Todos nós semos de frontera”: ideologias linguísticas e a construção de uma pedagogia translíngue. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 18, n. 3, p. 695-713, 2018.

LOURO, G. L. Teoria queer: Uma perspectiva pós-identitária para a Educação. Estudos Feministas, v. 9, n. 2, p. 541-553, 2001.

MELO, I. Características e princípios da linguística queer: carões e lacrações nos estudos da linguagem. In: BORBA, R. (org.), Discursos transviados: por uma linguística queer. São Paulo:Cortez, 2020. p. 155-183.

MISKOLCI, R. Teoria queer: Um aprendizado pelas diferenças. Belo Horizonte:Autêntica, 2015.

MOITA LOPES, L. P. “Falta homem até pra homem”: A construção da masculinidade hegemônica no discurso midiático. In: HEBERLE, V.; OSTERMANN, A. C.; FIGUEIREDO, D. C. (org.). Linguagem e gênero no trabalho, na mídia e em outros contextos. Florianópolis: Editora da UFSC, p. 131-157, 2006.

MOTSCHENBACHER, H. Taking queer linguistics further: sociolinguistics and critical heteronormativity research. International Journal of the Sociology of Language, v. 212, p. 149-179, 2011.

OCHS, E. Indexing gender. In: DURANTI, A.; GOODWIN, C. (ed.). Rethinking context: Language as an interactive phenomenon. Cambridge: Cambridge University Press, 1993. p. 335-358.

PELKEY, J. The semiotics of X: chiasmus, cognition, and extreme body memory. Londres: Bloomsbury, 2017.

PELÚCIO, L. Possible appropriations and necessary provocations for a teoria cu. In: LEWIS, E. S.; BORBA, R.; FABRÃCIO, B. F.; PINTO, D. (ed.). Queering Paradigms IV: South-North dialogues on queer epistemologies, embodiments and activism. Oxford:Peter Lang, 2014. p. 31-52.

PINTO, J. P. Performatividade radical: ato de fala ou ato do corpo? Gênero, v. 3, n. 1, p. 101-110, 2012.

PRECIADO, P. B. Manisfesto contrassexual. São Paulo:N-1 edições, 2014.

SANTOS FILHO, I. I. Linguística queer. Recife:Pipa, 2020.

TANNEN, D. That’s not what I meant: how conversational style makes or breaks relationships. Nova York: Ballantine, 1986.

ZIMMAN, L.; DAVIS, J.; RACLAW, J. Queer excursions: retheorizing binaries in language, gender and sexuality research. Oxford:Oxford University Press, 2014.

Downloads

Publicado

2020-12-31

Como Citar

Borba, R. (2020). Falantxs Transviadxs: Linguística Queer e performatividades monstruosas. Cadernos De Linguagem E Sociedade, 21(2), 388–409. https://doi.org/10.26512/les.v21i2.35211

Edição

Seção

Dossiê: Perspectivas Queer nos Estudos da Linguagem