A Herança do Dualismo Modernista Natureza-Sociedade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/rfmc.v9i3.43075

Palavras-chave:

Dualismo natureza/sociedade. Antropoceno. Covid-19. Negacionismo.

Resumo

O que fazer com a herança do dualismo natureza/sociedade entre os modernos? Este artigo contrapõe-se a certa inteligência crítica contemporânea que tem se bastado em negar essa herança como um todo. É preciso, antes, saber triá-la – seja para enfrentar ameaças da magnitude do Antropoceno ou da pandemia da Covid-19, seja para enfrentar os negacionismos científicos em curso. Defende-se aqui que uma antropologia dos modernos não é uma antropologia contra os modernos. Idem em relação à ciência e tecnologia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Stelio Marras, Universidade de São Paulo, USP

Professor de Antropologia do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP). Doutor em Antropologia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP), Coordenador do Laboratório Pós-Disciplinar de Estudos do IEB/LaBieb/USP (LAPOD).

Referências

BISPO DOS SANTOS, A. “Entrevista a Thiago Mota Cardoso”. In: Revista Coletiva. Dossiê 27. Emergência climática. 2020. Disponível em [https://www.coletiva.org/dossie-emergencia-climatica-n27-entrevista-com-antonio-bispo]: acesso em [12/12/2021].

CHAKRABARTY, D. “The Climate of History: Four Theses”. In Critical inquiry 35.2: pp. 197-222; 2009.

DELEUZE, G. e GUATTARI, F. O que é a Filosofia? São Paulo: Editora 34, 1992.

DESPRET, V. “Entrevista com Isabelle Stengers e Vinciane Despret. Entrevista concedida a Oiara Bonilla e Tatiana Roque”. In: Revista DR, Entrevista da Vez, edição 1, março de 2015. Disponível em [http://revistadr.com.br/posts/entrevista-com-isabelle-stengers-e-vinciane-despret-2]: acesso em [21/12/2021].

HARAWAY, D. “Manifesto ciborgue: Ciência, tecnologia e feminismo socialista no final do século XX”. In: TADEU, T. (org.). Antropologia do ciborgue: as vertigens do pós-humano. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

HARAWAY. D. “Antropoceno, Capitaloceno, Plantationoceno, Chthuluceno: fazendo parentes”. In: Revista ClimaCom – Vulnerabilidade, Campinas, ano 3, n. 5, 2016a. Disponível em [http://climacom.mudancasclimaticas.net.br/antropoceno-capitaloceno-plantationoceno-chthuluceno-fazendo-parentes/]: acesso em [12/12/2021].

HARAWAY, D. Staying With The Trouble: Making Kin in the Chthulucene. Durham e Londres: Duke University Press, 2016b.

LATOUR, B. Nous n'avons jamais été modernes: essai d'anthropologie symétrique, Paris: La Découverte & Syrons, 1997 [1991].

LATOUR, B. Politiques de la nature: comment faire entrer les sciences en démocratie. Paris: La Découverte, 1999.

LATOUR, B. Enquête sur les modes d'existence: une anthropologie des modernes. Paris: La Découverte, 2012.

LATOUR, B. “Múltiplos e animados modos de existência: entrevista com Bruno Latour”. In: MARRAS, S., PINHEIRO DIAS, J., SZTUTMAN, R. São Paulo, Revista de Antropologia, USP, 2014, v. 57 nº 1.

LATOUR, B. Cogitamus – seis cartas sobre as humanidades científicas. São Paulo: Editora 34, 2016.

LATOUR, B. Où atterrir? Comment s’orienter en politique. Paris: La Découverte, 2017.

LATOUR, B. Diante de Gaia: oito conferências sobre a natureza no Antropoceno. São Paulo. UBU Editora, 2020.

LÉVI-STRAUS, C. As estruturas elementares do parentesco. Petrópolis: Vozes, 1982 [1949].

LÉVI-STRAUS, C. O Pensamento Selvagem. Campinas: Papirus, 1997 [1962].

MANIGLIER, P. “Apprendre à faire société avec les non-humains comme avec les humains – un moment latourien”. In: AOC.media, 13/05/2021. Disponível em [https://aoc.media/analyse/2021/05/12/apprendre-a-penser-global-et-pas-universel-un-moment-latourien-4-4/]: acesso em [12/12/2021].

MARRAS, S. “Recintos de Laboratório, Evolução Darwiniana e Magia da Obliteração Reflexões em Antropologia da Ciência e da Modernidade”. In: Ilha – Revista de Antropologia, v. 15, p. 7-33, 2014.

MARRAS, S. “Co-respondências: imperativos da produção tecnocientífica contemporânea”. In: DOMINGUES, I. (Org.). Biotecnologias e regulações: desafios contemporâneos. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018.

MARRAS, S. “Outras ciências para outra política”. In: Revista 451, São Paulo, 2020a. Disponível em [https://www.quatrocincoum.com.br/br/resenhas/c/outras-ciencias--para-outra-politica]: acesso em [12/12/2021].

MARRAS, S. “O vozerio da pós-verdade e suas ameaças civilizacionais”. In: AMOROSO. M. et al. (Orgs.). Vozes vegetais: diversidade, resistências e histórias da floresta. São Paulo: UBU, 2020b.

MARRAS, S. “O mundo desde o fim: desafios expiatórios da modernidade”. In: COUTINHO, F., ALZAMORA, G., ZILLER, J. (Orgs.), Dossiê Bruno Latour. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2021, (Coleção Debates Contemporâneos).

MOL, A. "Ontological politics: a word and some questions". In: LAW, J., HASSARD, J. (Eds.). Actor network theory and after. Oxford England Malden, Massachusetts: Blackwell/Sociological Review, 1999, vol. 47, p. 75.

MOL, A. The Body Multiple: ontology in medical practice. Durham e Londres: Duke University Press, 2002.

SERRES, M. O contrato natural. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

STENGERS, I. A invenção das ciências modernas. São Paulo: Editora 34, 2002.

STENGERS, I. Une autre science est possible! Manifeste pour un ralentissement des sciences, Paris: Les Empêcheurs de penser en rond, La Découverte, 2013.

STENGERS, I. No tempo das catástrofes: resistir à barbárie que se aproxima. São Paulo, Cosac Naify, 2015.

STENGERS, I. “Uma ciência triste é aquela em que não se dança”. In: Revista de Antropologia. [s.l.], USP, v. 59, n. 2, 2016. Disponível em [https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/121937]: acesso em [12/12/2021].

STENGERS, I. Civiliser la modernité ? Whitehead et les ruminations du sens commun. Dijon: Les presses du réel, 2017.

TSING, A. Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no Antropoceno. Brasília, IEB Mil Folhas, 2019.

VIVEIROS DE CASTRO, E. “Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio”. In: Revista Mana, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, pp. 115-144, 1996.

WALLACE, R. Pandemia e agronegócio: doenças infecciosas, capitalismo e ciência. São Paulo: Elefante, 2020.

Downloads

Publicado

31-12-2021

Como Citar

MARRAS, Stelio. A Herança do Dualismo Modernista Natureza-Sociedade. Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, [S. l.], v. 9, n. 3, p. 293–315, 2021. DOI: 10.26512/rfmc.v9i3.43075. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/fmc/article/view/43075. Acesso em: 7 nov. 2024.