Torto arado ou torto encanto: o jarê contando história
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-40186605Palavras-chave:
religiosidade; jarê; coronelismo; trabalho escravoResumo
Torto arado, de Itamar Vieira Junior, é um romance que resgata vários episódios importantes que nortearam uma vertente da literatura brasileira, o regionalismo, com todas as suas nuances sobre o coronelismo no Brasil, mais especificamente no Nordeste. Retrata a continuação do trabalho escravo após a abolição, a subserviência dos mais velhos com referência aos desmandos dos senhores e a revolta das novas gerações. Demonstra as condições dos negros que, apesar de serem beneficiados com a isenção dos castigos corporais, não conseguiram modificar sua condição, continuaram trabalhando sem direito a nada. No entanto, o jarê, religiosidade típica da Chapada Diamantina, construída com base na mistura de credos africanos e indígenas permeados pelo cristianismo, é o fio condutor. “Santa Rita Pescadeira” é a divindade esquecida que sobressai na narrativa, conduzindo a vida das personagens, e no final ainda toma a palavra e termina de contar a história. Romance que na atualidade se volta para situações que parecem pertencer ao passado, mas ainda são vigentes nos rincões do país. Analisar essa narrativa tendo como força motriz a religiosidade é o objetivo deste trabalho. Para isso, os estudos de Ronaldo de Salles Senna (2011), Gabriel Banaggia (2013), Reginaldo Prandi, Vallado e Souza (2011), Roger Bastide (1989), Joana Elbein dos Santos (1986), Beatriz Góis Dantas (1988), Achille Mbembe (2014), Vilaça e Albuquerque (1978), entre outros, serão imprescindíveis.
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