A construção do outro nas edições e traduções da obra de Carolina Maria de Jesus
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-40185622Palavras-chave:
tradução, teoria pós-colonial, raça, história, Carolina Maria de JesusResumo
Este artigo investiga como as diferentes traduções e edições da obra da escritora afro-brasileira Carolina Maria de Jesus foram usadas para compor uma imagem específica do Brasil da década de 1960 para audiências estrangeiras. Nesse sentido, debate o poder da representação bem como de suas manipulações no processo de publicação sobre o qual certos autores têm capacidade de decisão limitada. Para tanto, comparo as estratégias de edição e tradução utilizadas em Quarto de despejo (1960) e na tradução feita por David St. Clair intitulada Child of the dark (1962) Ã s estratégias usadas em Meu estranho diário (1996) e The unedited diaries of Carolina Maria de Jesus (1998), traduzido por Nacy P.S. Naro e Cristina Mehrtens. Intersecções de gênero, raça e classe são vistas nesta análise como elementos-chave na projeção internacional de Carolina Maria de Jesus. Discuto tradução como um instrumento autorizando certas representações e endossando o alcance político de artefatos culturais.
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