A retórica da preservação: de como os discursos podem ser mobilizados para destruir a natureza

Autores

  • Lorena Araújo de Oliveira Borges UFAL/Nelim
  • Elza Kioko N. N. do Couto UFG/NELIM/CNPq

Palavras-chave:

Retórica da preservação. Lógica da colonialidade/modernidade. Ecolinguística e Estudos Decoloniais.

Resumo

O presente trabalho tem o objetivo de investigar como os discursos ocidentais hegemonizados de preservação da Natureza reiteram concepções que continuam fundamentando a opressão e a destruição da mesma. Para tanto, analisamos três textos publicados pela revista The Economist, em agosto de 2019, que abordam as queimadas e o desmatamento na Amazônia. À luz das propostas teóricas e metodológicas da Ecolinguística para o estudo do discurso (COUTO et al., 2015; STIBBE, 2015; BORGES, 2020; COUTO; FERNANDES, 2020) e dos estudos decoloniais (MIGNOLO, 2003; 2017), buscamos compreender quais são os recursos semióticos mobilizados para escamotear a lógica da colonialidade/modernidade (MIGNOLO, 2017) que estrutura as nossas relações cotidianas. Na análise discursiva foi possível mapear diferentes recursos, como a modalização, o apagamento, dentre outros, que contribuem para o estabelecimento daquilo que chamamos de retórica da preservação, uma configuração discursiva que, ao apresentar o cuidado e a preservação da Natureza como uma necessidade imponderável para a sobrevivência daqueles que são considerados humanos, perpetua a opressão e a destruição da Natureza e das múltiplas sensibilidades de mundo (MIGNOLO, 2017) que a habitam.

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Biografia do Autor

Lorena Araújo de Oliveira Borges, UFAL/Nelim

Professora Adjunta na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Doutora em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade de Brasília (2015-2018). Mestre em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal de Goiás (2013-2015). Graduada em Letras (2011-2014), com habilitação em Língua Portuguesa, e em Comunicação Social (2002-2005), com habitação em Jornalismo, ambos pela Universidade Federal de Goiás. Entre 2017 e 2019, atuou como Professora Substituta no Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas da Universidade de Brasília, ministrando disciplinas de Introdução à Linguística, Oficina de Produção de Textos, Redação Oficial, Português Instrumental, Leitura e Produção de Textos e História da Língua Portuguesa. Em 2015, atuou como professora formadora no Curso EaD África Arte-Educação: Construção de objetos pedagógicos. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Análise de Discurso Crítica, Gênero e Linguagem, Estudos Feministas, desenvolvendo estudos paralelos nas áreas de Antropologia do Imaginário e Ecolinguística.

Elza Kioko N. N. do Couto, UFG/NELIM/CNPq

Possui pós-doutorado em Linguística pela UNB, mestrado e doutorado em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atualmente, é Professora Adjunto da UFG e coordenadora líder do Grupo de Pesquisa Nelim ”“ Núcleo de Estudos de Ecolinguística e Imaginário -, cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa do Brasil do CNPq.

Referências

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Publicado

2021-12-29

Como Citar

Borges, L. A. de O. ., & Couto, E. K. N. N. do. (2021). A retórica da preservação: de como os discursos podem ser mobilizados para destruir a natureza . Ecolinguística: Revista Brasileira De Ecologia E Linguagem (ECO-REBEL), 7(3), 05–22. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/erbel/article/view/41383

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