É o capital um acelerador?
Aceleração das forças produtivas como fuga e antagonismo
DOI:
https://doi.org/10.26512/dasquestoes.v12i1.34931Palavras-chave:
aceleracionismo; aceleração; antagonismo; forças produtivas desejantes.Resumo
O capitalismo moderno não raro é definido por sua velocidade e aceleração em comparação a formações sociais anteriores. Contemporaneamente, ganhou certa relevância a posição teórica conhecida de maneira genérica como “aceleracionismo”, que coloca, em linhas gerais, que o capital é uma força motriz de desenvolvimento, progressão e, consequentemente, aceleração, incitando revoluções e rupturas nos modos de organização social, e, dessa maneira, não sendo um processo de desterritorialização que possa ser contido, a aceleração do capital é vista como um imperativo. Imanentemente à essa corrente, surgem, à esquerda, uma contraposição à ideia de que é o capital que deva ser acelerado, alertando ao bloqueio e restrição que o capital provoca nas forças produtivas sociais, abrindo espaço para uma reapropriação sócio-técnica e uma aceleração contrária ao desenvolvimento do capital, em direção à um pós-capitalismo. Em nossa perspectiva, por mais que essas vertentes tenham contribuições importantes ao debate sobre o desenvolvimento do capitalismo, elas perdem de vista a centralidade das forças produtivas e da produção desejante como o real vetor da aceleração. Voltando sobretudo a Deleuze e Guattari e à matriz teórica do (pós-)operaísmo, buscamos ao analisar, tanto o aceleracionismo de Nick Land quanto o aceleracionismo de Alex Williams e Nick Srnicek, tomadas por nós como os principais vetores de duas tendências aceleracionistas, os pontos frágeis em seu desenvolvimento teórico, buscando afirmar a tese de que, são as forças produtivas desejantes que aceleram a produção ativa de suas linhas de fuga em um processo de antagonismo, ao qual o capital e seus aparelhos de captura devem, “correndo atrás” em um segundo momento estrutural, capturar por um movimento aceleratório e progressivo.
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